segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Vamos combinar...
Nem só de poesia vive o homem.

Eu preciso assistir o cheiro da panela de feijão. 
O alho e as folhas de louro, gemendo dentro da panela.
O aroma vai invadindo a sala.

Eu fico em silêncio, assistindo o espetáculo.

Daí chove.
Sabe uma chuva educada?
Daquelas em que os pingos caem reto.
Feito chuveiro.
Tem chuva que sabe chover.
Num faz drama, só chove.

A panela de pressão é dramática. 
Grita e geme alto.
Um escândalo de acordar os vizinhos. 

Mas, eu preciso de algo mais que um poema.

Enchi uma caneca com caldo bem quente de feijão. 
Fui na janela olhar a chuva.

Bebi até a chuva me penetrar...
e os poros exalar o aroma da panela.

Fiz molho de pimenta, só para quebrar o clima.
Aprecio a realidade nua e crua.
A vida é ardida.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Desabafando....antes do Natal em 3, 2, 1Tem gente que gosta de comer mosca.Gosto não se discute. ...quando mané põe ozpé na política, eu vou de fasto.Eu olho e num vejo gente.Vejo um político. O pior é que eles num percebem.Eu gosto de gente!No banco, no supermercado, em tudo quanté lugar que eu vou, me chamam de Vivi.Sabem um pouco da minha vida.Perguntam se a costela ainda tá doendo. Faxineira, segurança, a moça da loja, o moço do correio, a gente conversa de um tudo.Os pedintes me encontram na rua.Pedem ração pros cachorros. Eu dou.Ontem um falou:- Você sempre bonita e cuidando dos outros, né?Eu acreditei.A carapuça me serviu e eu vesti mesmo, com orgulho. Hoje fui pegar a segunda via duma conta, encontrei outro.Falei:- Viu...aquele dia que a gente conversou cê falou que era segunda feira eu te disse que era quarta feira. ...então, eu errei.Era terça-feira. Ele:-Tô meio perdido. Eu:- Também tô. Rimos juntos.Sabe...pensando aqui.Eu gosto de gente que se comporta feito gente.Mas........Tem um tipo meio robotizado que num gosto!Ué?Não suporto!!!Tipo, eu perceber que a pessoa quer me vender algo.Quando percebe que não vou comprar, se despluga da conversa.Daí eu vejo que o interesse era só na possível cliente.Sabe...sem humanidade nenhuma.E tem os que se resumem ao cargo.Douto, puliça, fessor, que se comporta o tempo todinho como se estivesse no exercício da profissão. Putz...eu gosto de gente.Profissional eu procuro quando preciso.Eu gosto de gente....de preferência gente que sente.A vida é troca.Troca afetiva.Troca de favor.Troca emocional. Como dizem, os espiritualizados:Valor de troca...tantos reais.Num acho feio falar de dinheiro.Às vezes a gente doa nosso tempo, ouvido, nosso talento, e outro acredita que isso num custa dinheiro. CUSTA SIM SENHOR!!!A gente num pode é comer mosca.Retribuir é importante.☝☝☝Demonstra que você também tem algo a oferecer.Isso é elegância de alma.Mas tem gente que come mosca...Fome de mosquito.É isso.Vivi Ame...Viviane Mendes

Desabafando....antes do Natal em 3, 2, 1

Tem gente que gosta de comer mosca.
Gosto não se discute. 

...quando mané põe ozpé na política, eu vou de fasto.
Eu olho e num vejo gente.
Vejo um político. 
O pior é que eles num percebem.

Eu gosto de gente!

No banco, no supermercado,  em tudo quanté lugar que eu vou, me chamam de Vivi.
Sabem um pouco da minha vida.
Perguntam se a costela ainda tá doendo. 
Faxineira, segurança,  a moça da loja, o moço do correio, a gente conversa de um tudo.
Os pedintes me encontram na rua.
Pedem ração pros cachorros. 
Eu dou.
Ontem um falou:
- Você sempre bonita e cuidando dos outros, né?
Eu acreditei.
A carapuça me serviu e eu vesti mesmo, com orgulho. 

Hoje fui pegar a segunda via duma conta, encontrei outro.
Falei:
- Viu...aquele dia que a gente conversou cê falou que era segunda feira eu te disse que era quarta feira. 
...então,  eu errei.
Era terça-feira. 
Ele:
-Tô meio perdido. 
Eu:
- Também tô. 
Rimos juntos.

Sabe...pensando aqui.
Eu gosto de gente que se comporta feito gente.
Mas........
Tem um tipo meio robotizado que num gosto!
Ué?
Não suporto!!!
Tipo, eu perceber que a pessoa quer me vender algo.
Quando percebe que não vou comprar, se despluga da conversa.
Daí eu vejo que o interesse era só na possível cliente.
Sabe...sem humanidade nenhuma.
E tem os que se resumem ao cargo.
Douto, puliça, fessor, que se comporta o tempo todinho como se estivesse no exercício da profissão. 
Putz...eu gosto de gente.
Profissional eu procuro quando preciso.
Eu gosto de gente.
...de preferência gente que sente.

A vida é troca.
Troca afetiva.
Troca de favor.
Troca emocional. 

Como dizem, os espiritualizados:
Valor de troca...tantos reais.

Num acho feio falar de dinheiro.
Às vezes a gente doa nosso tempo, ouvido, nosso talento, e outro acredita que isso num custa dinheiro. 
CUSTA SIM SENHOR!!!
A gente num pode é comer mosca.
Retribuir é importante.
☝☝☝
Demonstra que você também tem algo a oferecer.
Isso é elegância de alma.

Mas tem gente que come mosca...
Fome de mosquito.
É isso.
Vivi Ame...Viviane Mendes
Fui comprar um shampoo.
Algo que custasse mais que 50 reais e menos de 150 reais.
...um shampoo, gente.
Pra lavar o cabelo!
A vendedora começou assim:
- Essa é nossa linha home care....
Eu paralizei. 
😶😶😶
Linha "home care".
Bem, engatei a segunda marcha e fui perguntar dum creme para o rosto.
Um hidratante.
A moça perguntou sobre minha rotina de skin care.
Gente...
Paralizei, parte 2
😶😶😶
Daí veio a pergunta:
- O que você espera do produto?
Eu:
Milagre!

Entre um sorriso e outro e uma aula rápida sobre peso molecular de ácido hialuronico, consegui voltar pra casa com uma sacolinha e gastei menos de 200 reais.
Buenas....
A 3 dose da "faizer", foi só mostrar o CPF.
Carteira de vacinação na mão.

Acho que o mundo numa velocidade estonteante.
Eu mesma acho que meu espelho tá distorcendo imagem.
Tem dia que eu me olho, me vejo linda.
Maravilhosa. 
Tem dia que eu acho mesmo.

Tem noite que eu só vejo meu pescoço e pregas.
Eu nunca reparei em pescoço. 
Daí o rosto também combina com o pescoço e eu acho que estou horrível. 
A moça  da loja falou para passar o creme no pescoço. 
Até então, minha rotina de skin care era escovar o dente, limpar o ouvido, e passar o produto que tava na mão. 
Num confessei isso pra moça por vergonha e pavor do "tom professoral"
Já pensou?
Se eu falo sobre  PH de sabonete.
Tônico facial.
Área dos olhos.
Preenchimento labial.
Olha....
É um poço sem fim.
Igualzinho a vaidade humana.

No meio duma conversa, meu povo, o vocabulário tem que ornar com a hora do dia.
Conversa de boteco, citando Platão já caiu em desuso.

Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

O Zé morreu.
...hoje um moço moreno que limpa o vidro do carro, se aproximou numa esquina.
Eu disse que não tinha dinheiro.
Ele perguntou se o gato que morreu na frente da minha casa, se era meu.

Estacionei o carro.

Falei que o meu tinha sumido.
Ele:
Branco e cinza?
Eu:
...é.

Sinto paz.
Com a morte, não se discute.
Agora eu sei o que aconteceu. 

Sabe, a vida tem seu tempo.
E suas respostas que chegam com o tempo.
Ninguém nunca vai saber o tanto que esse gato significava para mim.
O meu amor por ele era uma coisa que não existe palavra para definir.
Era um sentimento sem nome.
Não dava pra falar da Viviane,  sem falar do Zé. 
Nem eu consigo...e olha que eu sou generosa com o alfabeto.

Eu sinto que nasce uma nova Viviane hoje, sem o Zé. 
Eu ainda não sei lidar comigo.

O Zé morreu.
Mas, meu sentir continua atento e grato, pela espiritualidade usar um moço que pede dinheiro no sinal para acalmar meu coração. 
As respostas chegam.
Sempre.
Ando com o vidro do carro aberto.
...e o coração também.

Hoje, dia 21/12/21, é um bonito dia para se nascer!
...e deixar ir o que precisa ir.
Em todos os sentidos!

Vivi Ame...Viviane Mendes

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Tomara que a pessoa que tem que ler isso, leia:

Eu acho tão lindo gente que num perde a chance de retribuir gentilezas e favores.

E eu gosto de me sentir linda!

Então queria agradecer a pessoa que deixou um monte de botão no meu portão. 
Não tinha nenhum bilhete.

Acho que num é fazer algo por um like.
Ou vários likes.
A gente faz as coisas entre a gente e lá em cima.
E sem saber onde é  o "lá em cima."
Eu chamo de Deus, ou o altar do coração. 
No final, é essa a lei.

Eu gosto de batalhas.
Sofá serve para descanso.
A vida é um emaranhado de desencontros, desentendimentos e injustiças.

Gosto de luta limpa.

Acho o cumprir a palavra algo divino. 
A vida pode ser bem leve, se a gente não atropelar os detalhes.
E é nos detalhes que ela se desenvolve. 

Repare em como te tratam.
Mas, sobretudo  repare no que te motiva.
Existe uma balança onde o dar e o receber pesa no coração. 
Ninguém vai saber.
Tampouco reparar.
Só a coragem da consciência, vai aferir essa balança. 
E com lupa, nós vamos equalizar as dívidas e os créditos. 
Assim, nos detalhes.
Mas....
O MEU detalhe, é diferente do SEU detalhe.

Agradeço todos os botões que você me deu.
Uso no meu trabalho, é só um detalhe.
Mas, eles também servem para abotoar meus pensamentos. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Queria tanto um rivotril.
Lexotan, sertralina.
Qualquer faixa preta que me desse um abraço. 
Maconha, cocaína... qualquer coisa que me pegasse pela mão e dissesse:
- Confia, vem comigo!
Feito camisa de força que nos leva ao exílio de nossas dores.

Mas não. 
Escolhi o caminho sem anestesia.
Sei lá...será que tem algum mérito?
Ou é burrice junto com arrogância?
Vai ver eu ainda vou tropeçar na barra da saia que insisto em desfilar.

Ascendi uma vela rosa.
De joelhos rezei, uma reza difícil.

 Pai Nosso, seja feita a sua vontade.

...quase que eu não falo essa parte.

Queria minha vontade.
Muito luxo, né?
Pedi.
Para todo amor que existe em meu ser banhar meu gato.
Um gato.
Filho do cio.
A mãe, se chamava Diaba, arisca.
Ela amava o Sonso.
O Sonso eu peguei fácil,  mandei castrar.
( O Sondinho era fácil de lidar)
O gato Catatau, comeu a Diaba no telhado.
Engravidou. 
Sexo sem amor.
E com o Sonso assistindo...
 A Diaba abandonou os filhotes.

ASSUMI O CASO.
Uma ninhada.
Ele era meu filho.
O único que segurava a mamadeira com as patas.

Nunca saiu.
Desde 2008, dorme comigo.
Eu dei mamadeira.

Procuro ele por todo lado.
Sinto sua ausência. 
Na música do poeta, naquela mesa tá faltando ele, e a saudade tá doendo em mim, virou realidade. 

Abri um tinto pra combinar com o roxo da perna.
Vesti meu pijama rosa para combinar com a vela.
Chove por dentro para combinar com o dia.

Meu gato amarelo está do lado, para iluminar meu breu.
Até o Negão desceu do telhado e veio se sentar a mesa.
O Neguinho, me observa de cima do guarda roupa, feito anjo da guarda.
A Lizinha e o Linguine, brincam, tentam me distrair.
...são inocentes.
O Jorge, me olha feito monge budista me cobrando a compreensão da impermanência. 
O Puma, mia chorando, afinal chantagem sempre funciona. 
O Patrick, frio, calculista come e vai embora, me agradece com os olhos.

E eu...

Me acostumo com todas presenças. 
Apesar da ausência.
Ausência que me faz pertencer a humanidade.
E sentir uma dor universal.
A dor de não saber o que aconteceu. 
A gente sorri.
Leva a vida.
...com o coração do tamanho duma ervilha.

Maldita hora que eu fui me apaixonar!
Não creio que tive escolha.
Foi  destino.
Me apaixonei pela palavra lucidez.
Pago o preço com juros e correção monetária. 
Parcelas infinitas.

Engulo o vinho seco junto com o choro.
Na garganta em chamas, as labaredas, sem extintor de incêndio, queimam.
E vão reduzindo a cinzas meu apego.
Até que eu entenda,  e aprenda que com o amor, não se discute.

Apenas aceitar sua totalidade.
...já é uma boa nota nessa escola.

 Catatau,  o pai, um dia, sem mais nem porquê,  sumiu numa noite de luar.
A mãe,  a Diaba, desapareceu da noite para o dia.
Ele, meu filho, Zé, teria o mesmo destino?
Será que esse papo de genética,  ancestralidade existe no mundo dos gatos?

Minha alma está lutando...para não ficar roxa por dentro.
Tem sentimentos que são uma batida tão forte que nos imobiliza.
Tem hora que me falta ar.
Angústia é um sentimento roxo.
Nos asfixia. 
Alguns sentimentos são coloridos.
Angústia,  posso afirmar, é roxo muito intenso.

Vivi Ame...Viviane Mendes
...tadinha.
Diria meu avô ao me ver assim.
Meu avô era a única pessoa que me pegava no colo e me chamava de coitadinha.
Eu gostava.
Aproveitava e chorava.
Ele me chamava de tadinha até meu choro se esgotar.
Engraçado, nem mãe e nem avó faziam dessa forma.
As mulheres corriam, socorriam e sorriam na medida do possível. 
Meu avô era quieto, sereno e guardava no cofre alguns documentos,  e uma miséria de joias. 
A gente era parceiro.
Eu era criança e ele fez eu decorar o segredo do cofre.
Tinha um cofre embutido na parede.
Pensa bem...casa com cofre.

Não tinha tesouro.
Só mistério.

Meu avô, na simplicidade dele, foi alfaiate, entrou como mirím no banco e chegou a diretor do banco Mercantil. 
Homem honesto.
Péssimo negociante.
...assim eu escutava.

Hoje, eu fico rebobinando a fita, e chego a conclusão que ele era realmente honesto.
Ao me ver chorar, ele era o único que percebia minha necessidade de desaguar.
E qualquer tombinho, ralada no joelho ou galo na cabeça era a nossa chance.
Eu chorava choro de anteontem.

Foi bom.
A barreira rompia.

Mas...como diziam, era péssimo negociante.
Só eu era favorecida na negociação. 
Ele , como sempre, se anulava.
Não tirava vantagem alguma.
O choro dele, era interno.

Meu avô teve doença de Parkinson. 
Foi firme, apesar do corpo todo tremer.
Um dia ele caiu e quebrou o fêmur. 
Morreu no hospital. 

Eu cai dum caixote de 40 cm de altura.
Pisei no canto errado.

Deu nisso.

Mas, aqui, conversando com vocês nesse dia de chuva fina, eu me vejo em liberdade.
A coitadinha, morreu.
Junto com meu avô. 

Virei a mãe que trabalhava e a avó que socorria.
Isso porque, eu tinha a senha do cofre.
Me avô me deu colo.
E nessa proteção eu me sentia garantida na vida.
Todo desamparo sumia quando eu lembrava que entre as filhas, as netas...eu era a única que tinha aqueles números decorados na cabeça. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 11 de dezembro de 2021

Hoje é um dia que eu tô com muita vontade de falar tudo que eu penso.Não adianta uma fotografia técnica. Não adianta um português aliado a uma gramática impecável. Não adianta ostentar número de seguidores.Essas coisas não comunicam absolutamente nada.Ou se toca o coração, ou tudo se resume a técnica e talento.A arte, tem alma.A linguagem emocional não se aprende na escola.Eu sei...A tecnologia nos ajuda.Aprendi isso.Mas, a arte, em qualquer manifestação, deve comunicar.Pode ser um estudioso.Pode ser mestre.Pode ser o dito cidadão respeitado na sociedade.Pode ser celebridade.Pode até...ser sorte.Mas, se não exalar interpretação de espírito, a arte escrita, pintada, cantada, fotografada, é arte.Continua sendo arte.Mas...Só quando a alma vaza, é que a arte transborda os limites da técnica e do talento.Vivi Ame...Viviane Mendes

Hoje é um dia que eu tô com muita vontade de falar tudo que eu penso.

Não adianta uma fotografia técnica. 
Não adianta um português aliado a uma gramática impecável. 
Não adianta ostentar número de seguidores.
Essas coisas não comunicam absolutamente nada.
Ou se toca o coração, ou tudo se resume a técnica e talento.
A arte, tem alma.
A linguagem emocional não se aprende na escola.
Eu sei...
A tecnologia nos ajuda.
Aprendi isso.
Mas, a arte, em qualquer manifestação, deve comunicar.
Pode ser um estudioso.
Pode ser mestre.
Pode ser o dito cidadão respeitado na sociedade.
Pode ser celebridade.
Pode até...ser sorte.
Mas, se não exalar interpretação de espírito, a arte escrita, pintada, cantada, fotografada, é arte.
Continua sendo arte.
Mas...
Só quando a alma vaza, é que a arte transborda os limites da técnica e do talento.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Meu vô me dava umas moedas.
Eu andava um quarteirão e chegava nesse lugar.
Eu tinha 5 anos de idade.
Esse foi o primeiro bar que eu entrei na minha vida.
Eu comprava doces. 
Maria mole.
Suspiro.
...suspiro cor de rosa.
Porque quem compra suspiro branco???
...me responde?
A pessoa que compra suspiro branco, num é confiável.
Rosa é tão...tão angélico. 
O bar se reinventou.
Pintaram de cor de rosa.
Igual Deus fez com minha vida.
Hoje esse lugar se chama Mofo.
Sabe...é tanta emoção mofada que eu sinto.
Vejo meu avô, na Brasília beje, indo embora da casa da minha mãe que ficava no começo dessa rua.
Rua que era de paralelepípedo. 
Eu fiquei feliz.
Por mim, pelo lugar.
Por tudo.
Me vi.
Criança desamparada procurando afeto num doce de balcão. 
Me vi adulta.
Adulta emocionada, podendo pagar com cartão. 
Ainda bem que sobrevivemos.
Os paralelepípedos se transformaram em cristal.
Foi isso que eu senti.
Eu assisti um filme.
Vi minha vida preto e branco, se transformar em rosa.
Rosa da flor
Rosa da framboesa.
Rosa do meu meu vestido de seda.
As moedas do meu avô, eram cor de rosa.
Foi o primeiro dinheiro que eu gastei.
Nesse lugar!
Para adoçar o amargo da minha infância. 

Vivi Ame..Viviane Mendes

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Eu respiro...e o ar não enche meu pulmão.
Respiro mais profundamente.
Não enche.
Como um pneu murcho de bicicleta, tento rodar.
O esforço é gigante.
Puxo o ar com tração nas 4 rodas...é em vão.
Tem um vazamento.
A dor é um buraco,
Pingo 2 gotas de rescue sublingual.
Respiro profundamente...mas falta ar.
Escuto uma voz:
-Põe uma música...
Obedeço, mas a tortura continua.
Sei que na trilha sonora na terceira faixa vai rolar:
''Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar''
Falta ar.
Tento continuar o teatro, lavar o pano de chão no tanque, assim o choro se mistura com a torneira aberta.
Vou respirando tão profundamente, que parece que o umbigo cola com a costela.
Tudo parece igual.
Só falta ar.
A dor nos deixa como uma bexiga vazia.
Nessa sobriedade insana, me vejo numa festa.
Sóbria, sem beber nada que me desvie do alvo a ser conquistado:
Fazer o próprio sangue se transmutar num faixa preta.
Uma alquimia insana até encontrar a pedra filosofal da idade média em pleno século XXI
Preciso fazer o chumbo pesado que me atingiu como uma bala de fuzil se transformar em ouro.
A dor tem cor...
Cor de buraco de cerca.
Um vazio que só a cerca conhece.
Vivi Ame.
Você ter dinheiro e ser muito esperto.
Mas preciso lhe dizer:

- Seu negócio pode prosperar e você se orgulhar de ter vencido na vida.
Mas...
Não se sobe uma escada pulando degraus.
A gratidão não é um tapetinho que você limpa a sola do sapato.

Não pense que ser grato se resume a dar de presente um vinho que não faz falta na sua adega.
Não é pagar a conta numa rodada de bar.
E nem soltar um:
" Valeu, obrigada, hein"

Se você pensa que ser grato é isso, te digo que você está subestimando a palavra.
Esses comportamentos são mecânicos e desprovidos de significado.
Mais ou menos como limpar o pé num tapete.
NÃO TE CUSTA NADA.

A pessoa grata no coração tem uma antena ligada o tempo todo.
Porque o sentimento de ser grato a alguém não prescreve.
E com esse sentimento real e latejante dentro do peito e antena na cabeça,  você nunca perde a oportunidade de retribuir quando o outro necessita. 

Mas...é tudo muito sutil. 

O ingrato não percebe.
Tudo se resume ao que não vai fazer falta para ele.
O tempo, o dinheiro, a atenção,  ele só dá se não for lhe fazer falta alguma.

A pessoa realmente grata age de maneira diametralmente oposta.
A pessoa grata se sente obrigada. 
E isso não é uma cruz.
Isso é uma libertação. 

A gente sente um prazer estranho.
Seguir com fidelidade,  o coração. 
Cada degrau da escada, se pisa devagar e com cuidado.
O ingrato, limpa o pé no tapetinho e sobe a escada.

Ele, o ingrato, não vai entender...
Seu único entendimento, são os planetas que orbitam o seu umbigo. 

A gente repara.
Eu reparo!
Não é o vinho caro.

É a necessidade do outro.
...e isso não tem preço.

Apesar de você ser rico e esperto, você não percebe a mosca na sopa.
E perde.
Perde a preciosa chance de retribuir a existência.
Acho tão pobre seu sucesso.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Abri o potinho de cereja, comi um tanto que num contei. 
Fui comendo, comendo...feito pipoca.
Acabei com tudo.
Eu tinha esse desejo desde criança.
Matar um vidrinho de cereja ao marrasquino sem pensar em nada.
Como se não houvesse amanhã. 
Fiz isso hoje.
Dei um gole no caldinho.
Guardei o resto para temperar o gin.

Sei lá, sabe.
Queria falar tanta coisa que eu sinto.
Coisas que eu acho que algumas pessoas devem sentir igual.
Mas...nem sempre a gente consegue ordenar a palavra  em cojuminância com o pensamento. 
Sou muito certinha tentando ser certa, correta e assertiva.
Me cobro mais que as lojas que eu devo alguma prestação e esqueço de pagar.
Daí recebo lembrete no celular. 

Eu me perco nos dias.
Me perco nas datas.
Me perco no tempo.

Tem hora que eu acho que a gente é tudo tão diferente. 
Tem hora que eu acho que a gente é tão tudo igual.

Tão vendo como nem sempre a gente escreve bonito?
Tem dia que as palavras são uma feiura de dar dó. 

Sabe, sei lá...
Parece prosa de beudo.

Mas eu acho a gente tão ferido.
Tão carente. 
Tanta necessidade de aprovação!
A auto estima frágil feito viciado que sai da internação. 
Um vacilo e a gente cai no poço profundo da criança ferida.
Uma exaustão sem fim.
Parece que a gente nunca vai ficar bem resolvido.

Só unzioto que tá sempre com o tanque cheio.
O colageno em dia.
O cabelo hidratado.
O armário organizado. 
E os e-mails lidos e respondidos.
E vai para a praia, pra montanha e pra floresta.
A gente, sente orgulho em dominar a pia, o fogão e o tanque.
...se juntar com a vassoura e der tempo de por o lixo na rua antes do lixeiro passar, o sentimento é de vencer a São Silvestre.
Até o tal do super cofee comprei hoje.
Como se fosse um anabolizante proibido para chegar plena num lugar que nem eu mesma sei.

Eu sinto uma gastura.
Quero acudir o hoje.
Embalar o passado.
Um passado amarrotado.
É isso.
Consegui alguma poesia torta para me fazer entender. 

Acho que a Viviane do futuro, vai continuar se cobrando, não tenho ilusões sobre a minha mão pesada que me bate feito palmatória. 

Pelo menos, num estou com o estômago discutindo comigo.
Ele aceitou, com paciência e amorosidade as 23 cerejas que eu comi.
Talvez alguma lombriga me aplauda e me incentive nessas questões. 
Tava precisando.

Sabe, senti poder.
Senti prazer.
Senti no domínio do livre arbítrio. 
Na plenitude do querer é poder!
Estou em paz.
Cai no poço, perdi a dignidade mas passo bem.

Vivi Ame...Viviane Mendes Cereja da Silva Sauro.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Vou contar na força do ódio,  tá?
Quando é pra falar mal, eu falo.

Baixei o aplicativo da tal loja.
Toda hora aparece propaganda,  e hoje até 70%.
Enfiei uma saia xadrez, um casaquinho e fui saltitante ver o preço das rações. 

O moço entrou naquela vibe de:
" Entendo senhora"
Começou a falar no gerúndio. 
Eu:
FALA COMIGO COMO GENTE!
Eu não sou uma máquina e você também não. 
Me mostra algum produto nessa loja com o desconto anunciado!!!
Não tinha.
Nisso um bem te vi, sobrevoa nossas cabeças. 
...foi Deus impedindo meu surto.
O moço disse que o bem te vi tá comendo os peixe beta.
Eu:
E DAÍ?
...custa 20 reais cada beta  prejuízo para loja.
Eu:
Moço,  se liga!!!!!!
Preju pressa merda de loja é eu num comprar mais ração aqui.
Eu tenho um mooonnnte de bicho pra sustentar.
Dei uma exagerada.
Nisso o moço tentou me falar das ofertas

Eu:
Moço...olho no olho.
É muito peido pra pouca bosta!
...ele começou a rir.
O clima ficou mais ameno.
Falei:
VOCÊ SABE QUE EU ESTOU CERTA!!!
ELE:
...sei.

Daí o bem te vi vai lá e sai avoando com o peixe na boca.

Mas...eu e o moço já tavamos brother.
O assunto foi pra vinho.
Falei prele que o Pão de Açúcar tava numa promô imperdível. 
Catei um tinto seco italiano com 70% de desconto.
...e falei dum queijo caro.
Sabe aqueles queijos cheios de buraco?
Então,  minha amiga açougueira tava rodando o mercado com eles e tava com 50% de desconto. 
Nesse mercado sou amiga de todo mundo.
Inclusive da açougueira que, outro dia, estranhou eu comprar carne moída.
Expliquei que minha cachorra tava doente.
No dia seguinte ela perguntou como estava minha cachorra. 
Quando eu disse que ela morreu, ela chorou comigo.
Sou assim.

Ahhhh...tava falando com o moço, né?

Era isso queu tava contando.

Então...o moço me agradeceu e falou que vai lá comprar o vinho.
Falei que eu ia desinstalar a merda do aplicativo e recomendei:
Dexa o passarinho, hein!
Coitado desses pexe.
Fica aí nadando nesse aquário minúsculo. 
Bom morrer logo.
Morre alimentando o bem te vi.
...o moço ficou me olhando.
É isso.
Eu boto o pé pharua, a coisa vira um evento. 
Tô torcendo pro passarinho.

Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Eu não tinha dinheiro para comprar chiclete Ping pong de tutti fruti.
Um dia me deram, eu amei o sabor.
Quando me davam era um evento.
Era docinho, parecia feito por anjos para amenizar meu medo de desamparo.

Até que um dia...
Um dia uma tia pediu para eu falar uma palavra que eu não gostava
A palavra era vovó. 
Ela queria que eu chamasse minha avó de vovó. 
Eu chamava minha vó de Tatinha.
Não fazia sentido para mim, chamar minha avó de outra maneira.

Me fez a proposta:
"Fala vovó que eu te dou uma caixa inteira fechada de chiclete Ping Ping de Tutti fruti."
Eu não tive nem um segundo de dúvida.
-Não. 
..não falo.
 (deveria ter uns 3 anos.)
Neste dia defini minhas regras com o mundo.

Eu não quero banalizar as palavras.
Ficar repetindo padrão de vocabulário. 
Atitudes florescem quando existe verdade, espontaneidade e liberdade.
Mostrar muito o corpo o torna banal.
Cansa o expectador.
Ostentar muito o copo banaliza a bebida.
A propaganda de si e dos outros banaliza a credibilidade. 
Eu não quero banalizar a vida.
Cair na cilada " link da bio".
Sabe, existe uma verdade pura e inocente no desinteresse.
Quando a gente começa a usar rede social  com o único e exclusivo objetivo para obter lucros, a estrada se torna um rio.
Todo ato vira um anzol.
E, a vitória é achar que o outro mordeu a chumbada.
Detesto pescaria.
Não vejo nenhum mérito em ludibriar o peixe.

Moral da história:
Uma caixa inteira de chiclete, banaliza o mascar.

Para minha avó não era importante eu falar "vovó."
Para mim e para ela, Tatinha bastava.
Era um código de amor entre nós. 
Vovó era para as " outras" netas.
A Tia queria banalizar meu sentimento. 

Eu, sou a mesma criança. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Eu estou respirando fundo desde ontem.

Até fiz uns prints de algumas publicações...
Iria excluir o nome e postar.
Mas sinto incômodo em sujar meu espaço. 
Sabe, é como se eu estivesse convidando essas pessoas para entrarem na minha casa.
De máscara, escondendo o rosto.
E, eu não não abro a porta para qualquer um.
Tem gente que acha certo o que aconteceu.
Escrevem sobre ação e reação .
Dizem que ele não era uma boa pessoa.
Argumentam que racismo, é coisa da mídia. 
Pensei bem.
Leio os comentários...todos.
Tenho interesse no pensamento alheio.
Saber sobre a vida e sobre a complexidade humana me faz ter noção de quem de fato somos, na condição de raça humana.
Manter o prumo da mente individual diante desse tormento coletivo é um abismo.
Essas posturas encontram eco em outras pessoas e  assim, negando o racismo e desqualificando a vítima,  
seguem seu caminho sem peso na consciência. 
Pois, sempre vai ter um disposto a matar um negro.
São almas que agem no escuro.
Talvez não tenham a coragem de matar com as próprias mãos. 
Usam as palavras para validar e encorajar  assassinos covardes.
Todo crime sem chance de defesa, é covardia.

E com covardes, tudo fica inegociável. 

O que incide sobre o prisma da humanidade, é  luz e coragem.
Nosso caminho, é nosso destino.
Onde houver covardes, haverá escravidão. 
E a pior escravidão que existe é  o sentimento de superioridade.
Não tem como abolir e tirar algemas de um covarde.
Ele mesmo, não sabe de sua condição. 

Na covardia, age.
Na covardia, repousa.

Vivi Ame....Viviane Mendes

sábado, 13 de novembro de 2021

Essa é minha janela.
Fiz essa trapezista faz tempo.
Resolvi restaurar e dependurar.
Pensando aqui....a realidade realmente se impõe. 
Um acerto de contas.
Revisão de condutas, sempre. 
 Tenho meus processos....
Processos que nunca foram arquivados e que nunca irão preescrever. 
Até que eu renasça numa nova pessoa, sem carregar documento antigo que já nem me identifica mais.
Esse ajuste de débito e crédito existencial ....
Não sei se um dia iremos sanar nossos contratos. 
Me pego pensando nos sentimentos...
Na janela, minha trapezista balança em silêncio entre fitas coloridas. 
Lá fora a realidade se impõe.
Mas aqui dentro, eu sonho.
Um sonho acordado, onde a arte me acorda.
Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Nem ia falar nada.
Só vou dizer porque tem aí uma meia dúzia de sem noção que pede para eu escrever.

Passei mal de tanto trabalhar. 
Se você for me ouvir, puxa a cadeira.

Seguinte, eu me acho muito melhor no face do que no insta.
O face é tipo casa da melhor amiga.
A gente tem liberdade até pra abrir a geladeira. 
O instagram tem que tá de banho tomado, sapato de salto, unha feita.
Eu acho o face meio brega...
Acho mais verdadeiro, apesar do brega.

O insta é mais chiquetoso.
Tem coisas que para contar, dasveiz, eu num tenho nem blusinha pra orna com a paisagem.
Mas, tipo assim, explicando, é que a gente falar da vida da gente, é brega.

Chic é postar uma foto de lacrar e algumas ###
Eu sou simplona.
Não confunda com besta.

Adoro coisa boa, gente competente, comida bem feita.
Tenho paladar apurado.
...e muito, muito discernimento. 
Uma modéstia meio falsa e um pouco de coragem.

Mas... faz de conta que você é minha melhor amiga, segue o desabafo:

Ontem, ventou.
Vento, ventania aqui em Bauru.
Eu num tava em casa.
O chão que estava encerado ficou cheio de areia.
E de pensar que eu tava cheia do orgulho porque comprei uma cera importada....
Valha- me todas as entidades.
De exu a ao caboclo 7 flexas, com pomba gira da saia rodada, e todos santos do catolicismo,  mano do céu,  quequetácontecendo com Iansã?

Agora venta areia e terra da obra que tem do outro lado da rua.
Beleza.
...Mai venta toda hora!!!
Eu que ando descalça em casa, parecia casa de beira mar quando venta. 
Eu já tive medo de tanta coisa.
Nossa!

Deixa quieto meusmedo.

Mas agora estou com medo de tempestade de areia.
O tal do hotel que tão construindo aqui na frente, tá com uma faixa enoooorme de terra e areia.
A obra, deve tá com 5 pedreiro.
Leeeeenta.
Ventou, phááá....acaba com a vida da Viviane. 
Hoje eu limpei, lavei tudo.
Por onde eu passava a mão tinha terra, poeira, sujeira. 
...e a terra vai ficar lá.
Sabe Javé até  quando.

Olha...como dizem ozirmão é pra glorificar a vassoura, o pano de chão e o rodinho.
Água na torneira é benção. 

Bem, duas constatações. 
A primeira, é que eu rompi o ciclo.
Sabe aquele papo de minha avó trabalhava, minha mãe trabalhava e a gente se dá valor quando se mata de trabalhar?
ACABOU.
Eu tô é achando dezumano morrer de trabalhar.
CANSEI.
CANSEI.
CANSEI.
Acho um pensamento tóxico pensar que o trabalho agrega valor a existência. 

Será que o Universo vai me ouvir?
Sei lá...
Mas a turma da vibração "nova era" que adora rechear o bolo com essa positividade tóxica, afirma que sim.
A bem da verdade, dentro do meu sincerocidio, eu prefiro a poeira que essa gente do "mentaliza seus desejos."
Sou muito pé no chão, sabe?

A segunda constatação:
Outro dia eu comprei uma pomada que tava escrito VENENO DE COBRA.
...tava baratinho, comprei sem precisar e sem saber pra quê ela serve.
Passei nozpé e nazperna, aliviou o cansaço. 
Alívio.
Palavra linda.

Alívio. 
Será que tem gente com esse nome?
...olha, você que tá grávida de menino, que tal o moleque se chamar Alívio?
...no fim, é só disso que a gente precisa.

Alívio de conversar com uma melhor amiga.
Se você teve tempo pra ler, obrigada.
Era isso que eu tava precisando. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 6 de novembro de 2021

Os acidentes por imprudência acontecem.
Os acidentes por negligência acontecem.
Os acidentes por imperícia acontecem. 
Acontece.
Acidentes com vítimas fatais.
Acidentes com perdas e danos.
Acidentes que nos marcam com cicatrizes visíveis ou invisíveis.
Acidentes com culpa.
Acidentes sem culpa.
Pelo destino.
Ou pelo desatino.
A pé,  de carro, de avião,  de trem, de balão ou em casa.
Acidente é um segundo.
De bobeira, de distração,  de sono, de bebida ou de coragem.

Eu, sempre soube disso.

Escutava falar que meu pai morreu de acidente.
Por essas e outras, rezava para minha mãe não morrer de acidente.
Morreu de doença. 
Das fatalidades da vida, dos enganos, do poste no meio do caminho, do auto abandono, a vida pode ser um lento suicídio. 
Imperceptível.

Aos dias, cabe o cuidado.
Ao outro, cabe o respeito. 
A vida, cabe o amor.
A atenção é feita desses ingredientes. 

Acidentes, destroem uma carreira.
Determinam o destino dos filhos.
São uma sentença de dor eterna no coração dos pais.

Não vou dizer, dirija com cuidado.
Só  digo:
AME COM CUIDADO.

O resto vem daí. 
Vivi Ame...Viviane Mendes

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Aguentei firme até as duas da tarde.
Olhei para o dedo, pensei:
Quebrou.
Uma dor de mancar e ver estrelas.
Mal conseguia apoiar no chão. 
Hoje ao acordar, meio cambaleante dei de topo com o dedão do pé numa quina.

Fiz drama até a página 30.

Tentei levar a vida.
Num deu.
Daí pra diante aquela novela, né?
Putz, pagar a Unimed. 
Marcar consulta.
Raio X.
..e aquele sentimento de coitadismo que a gente sente ao ir dirigindo o carro com vontade de chorar de dor.

Não chorei.
Num quebrou.
Perguntei 3 vezes pro médico:
Não quebrou MESMO???
O ortopedista disse que não. 

Numa dessa, eu achei que meu problema era ir na manicure para desencravar o cantinho da unha do pé direito.
Cêvê, né?
A unha do pé esquerdo tomou conta do meu dia inteiro.
Uma batida num canto.
Tipo, acidente doméstico. 
Nada grave.
Mas dolorido, doído,  ído, ído...

Em clínica de ortopedista prá pensar na vida, é juntar o véio com a muleta. 
Eu olhava pras senhorinhas frágeis com vestido florido empurrando o andador e o filho meio sem paciência. 
Reparei num casal, que pela conversa com a secretária pude imaginar que o caso era grave.
Reparei na mulher que meio acima do peso marcou a cirurgia, e tava com a unha do pé pintada de esmalte cintilante.
Tinha uma senhora com gesso num braço e gesso na outra mão. 
Será que caiu?
Olha, eu sei que eu me vi em todo mundo que tava ali.
A gente envelhece,  fato.
Acidentes acontecem.
A dor deprime.
Osso quebrado é limitante.
A gente tem que se cuidar.
Usar sapato anti derrapante.
Cuidar do peso para não sobrecarregar as articulações. 

Olha, eu estou bem.
Dói?
...dói.
Esqueci do tal cantinho da unha do pé direito.
Tive vontade de perguntar as dores dos outros.
Pensei na minha velhice vendo as senhoras com os braço flácidos empurrando o andador.
A solidariedade bateu.

Só num concordo com esmalte cintilante.
...coisa minha.
Meu dedo, acho que passou desapercebido. 
Parecia um cadáver em decomposição. 
Inchado.
Meio roxo.
E verde.
Verde nos cantos, verde parecendo bolor na pele.
Um horror. 
Num vou postar foto porque vocês num merecem ver isso.
Eu taquei um finalzinho duma tintura de arnica super concentrada que eu tinha aqui.
Esverdeou o dedo.
A mulher do esmalte cintilante, deve estar falando para alguém:
"... dedo do pé dela tava podre, como pode alguém demorar tanto para ir ao médico!!!"

Pois é a gente é desse jeito.
O dedo verde repara no dedo cintilante. 
Vida que segue.
Vivi Ame. ..Viviane Mendes

sábado, 30 de outubro de 2021

Eu funciono bem.
Desde que não me mandem " beijos de luz"
Dispenso ser tratada como anjo.
Quando alguém que não tem nenhuma intimidade comigo me chama de "minha amiga", eu dou um pulinho pro lado.
Eu funciono no modo avançado. 
Tipo assim, sendo.
E não parecendo.
Nunca tive atração por competições. 
Abro mão de querer ganhar o título de aprovada na sociedade, ou pós graduada em filantropia.
Só quero verdade.
...inclusive as indigestas. 

Eu funciono cheia de imperfeições. 
E agradeço meus complexos de inferioridade. 
Eles me auxiliam a não escorregar no ego.
Aqui é terra batida.
...é céu pra conquistar todo santo dia.
Meu coração tem vaga especial.
Não é ir chegando e estacionar.
Eu mesma, preciso manobrar para descansar em mim.
Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Num dormi direito essa noite.Tonteira minha.O posto fica 2 quarteirões da minha casa.E eu, com medo do moço num vim aqui com a gasolina.Eu num sei por gasolina no carro.Tive a capacidade de ir no posto com minhas 2 cachorras, assim eu não teria como carregar o galão. Deu certo.Um golpe bem dado.O moço veio.As vira lata adoraram passeio.Decidi dar um corre no dia.Fui lá no centro da cidade arrumar a porta do carro.2 horas pra ficar pronto serviço...Fui dar meu rolê a pé. Bem...as calçadas, é tudo ruim, esburacada.Fácil de cair.Andei.Entrei numa loja de produtos para festa.Gente...isso é um universo paralelo. Deu fome.Pedi recomendação pra moça da loja.Ela:-Vai aqui do lado.VOCÊ NÃO VAI SE ARREPENDER!Fui.Restaurante simplão.Sem carne, o prato, para servir à vontade, deiz merreis.Feijão espetacular. Os legumes cozidos no ponto.Tudo limpo e muito bem organizado. Comi com gosto.Entrei numa loja que vende tranqueiras.Tocando um Zé Ramalho dus bons.O moço inteirinho tatuado que me atendeu, fino, elegante, sereno, atendimento de primeiro mundo.Reparei em tudo.Espiei o mundo com lupa.Peguei o carro e subi pra zona sul.Daí parei numa sorveteira "afamada" na cidade....pareço minha avó falando.Bem, nada demais, mas, considerando que eu tomo sorvete a cada 2 anos, achei digno de nota.E continuei, nessa toada, querendo resolver a vida num dia.Fui comprar comida vegana.Noraqueu vi tava na loja do lado comprando um cortador de unha bom.Falei pra moça bom, com ênfase. E que queria uma acetona boa.Boa, com ênfase também. Ela olhou minha unha e perguntou se eu mexia com terra.Expliquei que era tinta. Conversei com muita gente.As pessoas foram todas muito gentil.É isso, sinto vitória quando o dia funciona.Tou a fim de coisa boa por perto....dando embora coisa quebrada e sem utilidade.E gente que funciona?Olha eu encontrei um monte de ser humano útil, gentil, prestativo, bem humorado.E eu, comecei o dia querendo dar o golpe das mãos ocupadas.Cê vê, num dormi pensando que eu num sei por gasolina no carro!É. ..querido diário, preciso arrumar outro drama para perder o sono.Vivi Ame. ..Viviane Mendes

Num dormi direito essa noite.
Tonteira minha.
O posto fica 2 quarteirões da minha casa.
E eu, com medo do moço num vim aqui com a gasolina.

Eu num sei por gasolina no carro.

Tive a  capacidade de ir no posto com minhas 2 cachorras, assim eu não teria como carregar o galão. 
Deu certo.
Um golpe bem dado.
O moço veio.
As vira lata adoraram passeio.

Decidi dar um corre no dia.
Fui lá no centro da cidade arrumar a porta do carro.
2 horas pra ficar pronto serviço...
Fui dar meu rolê a pé. 
Bem...as calçadas, é tudo ruim, esburacada.
Fácil de cair.
Andei.
Entrei numa loja de produtos para festa.
Gente...isso é um universo paralelo. 
Deu fome.
Pedi recomendação pra moça da loja.
Ela:
-Vai aqui do lado.
VOCÊ NÃO VAI SE ARREPENDER!
Fui.
Restaurante simplão.
Sem carne, o prato, para servir à vontade, deiz merreis.
Feijão espetacular. 
Os legumes cozidos no ponto.
Tudo limpo e muito bem organizado. 
Comi com gosto.

Entrei numa loja que vende tranqueiras.
Tocando um Zé Ramalho dus bons.
O moço inteirinho tatuado que me atendeu, fino, elegante, sereno, atendimento de primeiro mundo.
Reparei em tudo.
Espiei o mundo com lupa.

Peguei o carro e subi pra zona sul.
Daí parei numa sorveteira "afamada" na cidade.
...pareço minha avó falando.
Bem, nada demais, mas, considerando que eu tomo sorvete a cada 2 anos, achei digno de nota.

E continuei, nessa toada, querendo resolver a vida num dia.
Fui comprar comida vegana.
Noraqueu vi tava na loja do lado comprando um cortador de unha bom.
Falei pra moça bom, com ênfase. 
E que queria uma acetona boa.
Boa, com ênfase também. 
Ela olhou minha unha e perguntou se eu mexia com terra.
Expliquei que era tinta.

 Conversei com muita gente.
As pessoas foram todas muito gentil.
É isso, sinto vitória quando o dia funciona.
Tou a fim de coisa boa por perto.
...dando embora coisa quebrada e sem utilidade.
E gente que funciona?
Olha eu encontrei um monte de ser humano útil,  gentil, prestativo, bem humorado.
E eu, comecei o dia querendo dar o golpe das mãos ocupadas.

Cê vê, num dormi pensando que eu num sei por gasolina no carro!

É. ..querido diário, preciso arrumar outro drama para perder o sono.
Vivi Ame. ..Viviane Mendes

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Quase chorei de nervoso. 
Na verdade chorei uma lágrima,  com vergonha. 
Eu tava na cozinha picando abóbora cabotian.
Dura.
Essa abóbora, é dura!!!!
Minhas facas, tudo sem corte.
Minha rinite atacada.
Uma mão na faca, a outra coçando o nariz.
O gato mimado no chão, miando para eu adivinhar qual sabor de sachê ele queria. 
Junto com isso, descascando alho com minha faca ruim pracaralho.
Eis que tive a brilhante idéia:
Pegar o resto da pipoca que sobrou de ontem e dar pras rolinhas e pombinhas do telhado.
Mas....como sou uma pessoa maravilhosa,  resolvi diminuir o tamanho da pipoca para ficar mais confortável para o bico delas.
Peguei o mixer para bater pipoca.
Conclusão:
Nevou na cozinha inteira.
Tipo bolinha de isopor.
Meu....que nervo!!!
Voaram pra cima da geladeira.
No chão. 
Na louça que eu tinha acabado de lavar.
Pasmem, descobri todas teias de aranha da cozinha....a pipoca ficou grudada na teia.
Se alguém quiser brincar de nevar na cozinha, a dica tá dada.
Chama as crianças, e seja feliz!
E sabe de uma coisa?
Eu continuei...lavei pra tirar o sal, arrumei tudo certinho, botei no telhado, e....e....NINGUÉM  comeu.
Elas num gostam de pipoca.
Vivi Ame, Viviane Mendes

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Que cor era a calcinha?

Calcinhas Kely
Não deforma.
A loja se situava na rua Joaquim da Silva Martha, 
16 -48, aqui na cidade de Bauru.

ABRI O SAQUINHO.
Dentro dele, muito bem dobrado e arrumadinho todos os telegramas recebidos no casamento.
Dentro de uma embalagem de guardar calcinha.
Coincidência?
Ou memórias calientes da tal calcinha?
Eu faria igual minha mãe. 
...ia guardar o saquinho.

Achei o bilhete da Air France.
Foi sozinha. 
Antes de eu nascer.
O plano era morar em Paris.
Veio aqui pra acertar umas coisas.
Conheceu meu pai, engravidou.
Guardou tudo que lembrava a viagem, e que se Deus quisesse, um dia ia voltar.

Deus não quis. 

Como uma relíquia guardou a carta de um Cônsul avisando que a frasqueira perdida no aeroporto foi encontrada.
Na lista consta o diploma da Sorbonne.
A carta é de 1970.

Fico aqui pensando...
Na família do meu pai e da minha mãe. 
A minha família paterna era exibida.
Tudo tonto.
Meu avô tinha melhorado de vida.
Presidente do Rotary.
Diretor do banco Mercantil.
Meus tios e tias tudo deslumbrado. 

Meu pai não. 
Ele era diferente.

Eu escutava a família de Bauru, tirando sarro da família de Timburi. 
Falavam que no dia do casamento tinha um penico no banheiro.
Aqueles penico de Ágata.
...e tinha mesmo.
Eu lembro dele.
Diziam que eles, caipiras, não tinha modos.
Assim, tipo, modo de gente metida.
Num tinham mesmo.
Eram tudo uns caiporas.
Trabalho duro.
Fazendeiro mas com serviço de roça. 
Cidade muito pequena.

Minha mãe era diferente. 

Foi estudar na França. 
Ainda bem que eles se encontraram. 

Ele era diferente. 
Ela era diferente.
Eu nasci de um encontro de iguais.

A cor da calcinha eu nunca vou saber.
Talvez ela usou no dia que engravidou. 
Os telegramas guardados desejando felicidades aos nubentes, ficaram intactos, guardados dentro de  saquinho de plástico de calcinha.

Li todos.
As palavras custavam caro no telegrama.

Pensando aqui, foi um casamento feliz.
Um enlace matrimonial abençoado. 
Curto.
Intenso.
Trágico pela morte prematura do meu pai.
...e pela vida que minha teve que engolir.

Sou fruto disso.
Uma fruta que não nasceu em árvore genealógica. 
Nasci, quem sabe, no momento que ela tirou essa calcinha.
Sou o resultado de um encontro. 
E encontro de alma é celebração. 

Hoje revirei esse passado, serenamente. 
Por volta das 16 horas, chuva fina lá fora.
Acho que eles, Ciro e Elenice, que se casaram no dia 25 de julho na resistência da noiva,  
Rua da Paz, 364 com penico no banheiro tão aqui do meu lado, rindo.

Sobrevivi.
Vivi Ame...Viviane Mendes

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

ALERTA:
Conteúdo adulto, quase pornográfico.

Vai vendo...conhecem o batom do beijo?

Fui no shopping comprar um gloss.

...tava com receio de escrever esse texto e parecer fútil num dia tão triste como hoje.
Famílias desabrigadas, alagamento, muito sofrimento.
Sei que sou privilegiada.
Aqui tem uma ou outra goteira.
Vou dormir como uma rainha na minha cama.
Mas, minha alma sente a dor de toda gente.

Enfim, satisfação dada, vamos ao gloss:

Uma amiga me disse, ''a gente que é morena, lava o cabelo, bota um vestido decotado, passa um gloss....e phááá.''
Corpão, cabelão, bocão !!!
Fica um tesão.
FUI COMPRAR O TAL DO GLOSS.
Num dia de chuva como hoje, no shopping, só quem nasceu princesa.
Não é meu caso.
TAVA NA FISSURA DO GLOSS.
...nunca usei isso.
Gosto de batom efeito mate.
Entrei em todas as lojas, eis o resultado:
Me ofereceram o transparente, o com glitter, o colorido e com ácido hialurônico.
Experimentei tudo que eu tinha direito e mais um pouco.
Com glitter parecia que eu tinha comido bolo de pobre, cheeeeio de glacê melecado.
O colorido, me senti donzela demais, quase uma virgem com lábios de mel.
O com ácido hialurônico, queridinho das vendedoras, promete aumentar a boca e diminuir os risquinhos dos lábios, o problema é o pinicamento.
O mundo para e você só sente a boca, seu corpo se resume na boca, como se uma abelha tivesse ferroado seus lábios.
Cara, num dou conta!
A moça disse que passa, mais isso num é pra mim.
Enfim, entrei na ''Quem disse Berenice?''
O nome me atrai, minha mãe se chamava Elenice.
Eis que eu conheci o batom do beijo.
EXPERIMENTEI.

Gente, eu NUUUNCA vi algo parecido.

Você passa o batom e sente um tipo de álcool  que faz ele secar na boca IMEDIATAMENTE.
Daí passa, um tipo de gloss fixador.
FHUDEU!!!!!

Ele fixa na boca feito praga de mãe.
A moça me deu lencinho umedecido, nem a pau juvenal.

Me deu demaquilante bifásico.
NADA.
Bateu desespero.
Falei ''moçadocéu''
E ela:
Esse produto é muito bom!

-EU QUERO TIRAR!!!!

Peguei algodão e esfreguei a boca como se eu estivesse polindo um corcel 73.
Juro, fiquei impressionada.
A moça dizia:
-...é bom pra beijar, num sai.
Eu:
-BEIJAR????
Minha filha, issaqui dá pra dar banho de língua no Tony Ramos, da cabeça aos pés.
Dá pra chupar caroço de manga.
Dá pra comer milho na espiga.
Dá pra dar..........a noite inteira, e sabosta num sai da boca!

Olha, eu esfreguei tanto, mais tanto minha boca.
Tipo quiném lavadeira esfregando pandichão de madame.

Minha boca tá inchada feito o efeito do ácido hialurônico.
Quase esfolada!

No fim, comprei um gloss de 20 real.
....só porque ele era gostosinho  na boca.

Macio.

A gente envelhece e só quer conforto.

Tá dado o recado.
Vivi Ame

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Não faço questão de ter a palavra final.
Que Deus me livre desse mal.

Ser aquele que retruca todo e qualquer sentir alheio.
Parece o Diabo dando seus pitacos.
Tenho pavor de me enveredar pelo caminho da reação. 
Meu mundo, meus olhos, meu sentir e meu agir.
Tudo meu.

Isso termina com ponto final.

Daí entra o outro voando pela janela.
Com todo agir, não age.
Apenas reage.
Retruca.
Quer ter a última palavra?

Eu, dou, facilmente.
Que a última palavra lhe acompanhe até o túmulo. 

O que me interessa é o meio.
Nele eu me movo, em vida.

O fígado intoxica a razão. 

Quer a última palavra?
Dou de graça no portão. 
Não me custa.
Não empobrece meu coração. 

Peque e faça sua última palavra ser seu mantra, seu pódio, seu cargo, seu samba ou seu leito.
Se cubra com ela, feito coberta.

Daí vem a vida com sua ventania.
O resto, não é segredo para ninguém. 

O mundo gira.

Achamos tão seguro a palavra final, que sentamos nela, feito criança na roda gigante.

O mundo tem uma velocidade estonteante.

Eu, tomo cuidado, com uma fatia de laranja e duas pedrinhas de gelo.

Vivi Ame...Viviane Mendes 

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sábado, 25 de setembro de 2021

Tenho medo de ficar uma pessoa feia!

Deus me livre de ter a feiúra de achar que tenho que dar o troco.
Acho feio, a falta de humildade, a falta de interpretação. e a falta de compreensão.
O Vingativo mimizento, é feio.
O covarde, o indiferente e o falso, são feios.
Muito feio tapa com ''luva de pelica'', me soa soberbo.
E eu acho a soberba feia.
Também não quero ser dona da última palavra, me soa arrogante.
E eu acho a arrogância feia.
Acho feio tentar impressionar alguém.
Acho feio, não mudar de ideia, não ter flexão mental e dramas.
Acho muito feio dramas... disfarçados ou não.
Nessa vida, quero correr risco de me sentir vulnerável, para observar como me comporto.
Quero dedos apontados, para testar a minha capacidade de pedir perdão.
Quero me sentir rejeitada para ter a noção exata do tamanho do meu ego.
Quero sentir todo desconforto de existir...
Ser heroína em minhas derrotas e vitórias.
Na totalidade, me conhecer.
Na vastidão, me contemplar.
No silêncio, me esvaziar.
Na busca, me encontrar.
E...se eu puder me amar, agradecer.
 Cuidando com carinho da minha energia para que ela seja bela como minhas obras.
Tenho coragem para me olhar no espelho.
Tenho vontade, muita vontade de não ser feia.
E, paradoxalmente, o que torna uma pessoa feia, é a vaidade ensimesmada que insiste em vestir um vestido de festa apenas para si mesmo.
Esgota, exaure e definha.
Vivi Ame, Viviane Mendes

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Dona Inês, lá de Timburi. 
Era minha avó mãe da minha mãe. 

O coração enferrujado era dela, uma forma de bolo.

Um dia minha mãe me trouxe.

Tava lá, jogada no enorme quintal da minha vó Inês. 
Herança desprezada pelo resto da família. 
...sem valor, né?
Antes da minha avó se casar ela fazia bolos para casamento.
Na roça,  no sítio, era massa de pão de ló em assadeira retangular com recheio de doce de abóbora. 
Doce de cidra?
...acho que não. 

Era o ganache da época. 

Mas casamento, pede pompa e circunstâncias...eis o coração em que crescia o bolo.
 Decorava as duas massas de pandeló
Gostoso falar assim juntando a palavra.

O coração virou um quadro na minha cozinha.
Eu tinha dois bonecos feito de pano, um casal de velhinhos, acomodei eles sentados como se o coração fosse um banco de praça. 
Achei tão assim....
" e foram felizes para sempre!"

A réstia de cebola, botei do lado.
Cebolas em toda sua totalidade.
Raiz e folhas.
Formam uma trança, me lembram do emaranhado da vida.

Do lado o pote de pó de café.

Do resto, vou bem, obrigada.
Minha mãe me deu o coração. 
Por ele vou fazer bolos.

Assim, misturando qualquer ingrediente, e assando na forma.

Uma forma, é justa.
Dali nada escapa.
Justamente, o que preciso.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Vida pobre.Tem gente que não desenvolveu hábito.Não sabe conviver com cachorro e não quer proximidade com gato. O filho vive pedindo um animal....a mãe faz a surda.O marido gosta de quintal cimentado....porcelanato ainda é o melhor?Alguns vasos pintados, e a planta recomendada pelo paisagista.Na ansiedade, imagina que o cão vai estragar a planta.Os filhos, sonham poder brincar no quintal de bolinha com o cachorro.Ganham um celular novo.Que vida pobre!A sala está arrumadinha.Um cachorro solta pelo.Já pensou se ele rasgar a almofada que custou 150 reais?Problema grave, almofada é vida.O cão vai querer experimentar o que você está comendo.Que transtorno!Aquela comida processada e descongelada no microndas, a vida deve ser facilitada nos mínimos detalhes.O filho vai aprender idiomas, vai na terapeuta, vai para Disney.Podendo pagar, tudo vale a pena.É que animal num é pra alma pequena.Casa sem bicho, é chata até para as paredes....apesar da decoração toda programada.Tendências e estilos alinhados com o bolso e a personalidade do morador, nunca vão ter um gato tomando sol na janela.Ou um cão deitado na soleira da porta.Uma casa pobre de convivência entre espécies. ...nem a planta tem afinidade vibracional com o dono.Lembra, ela foi escolhida apenas para compor o projeto.Vivi Ame...Viviane Mendes

Vida pobre.

Tem gente que não desenvolveu hábito.
Não sabe conviver com cachorro e não quer proximidade com gato. 
O filho vive pedindo um animal.
...a mãe faz a surda.

O marido gosta de quintal cimentado.
...porcelanato ainda é o melhor?
Alguns vasos pintados, e a planta recomendada pelo paisagista.
Na ansiedade, imagina que o cão vai estragar a planta.
Os filhos, sonham poder brincar no quintal de bolinha com o cachorro.
Ganham um celular novo.

Que vida pobre!

A sala está arrumadinha.
Um cachorro solta pelo.
Já pensou se ele rasgar a almofada que custou 150 reais?
Problema grave, almofada é vida.
O cão  vai querer experimentar o que você está comendo.
Que transtorno!
Aquela comida processada e descongelada no microndas, a vida deve ser facilitada nos mínimos detalhes.
O filho vai aprender idiomas, vai na terapeuta, vai para Disney.
Podendo pagar, tudo vale a pena.

É que animal num é pra alma pequena.

Casa sem bicho, é chata até para as paredes.

...apesar da decoração toda programada.
Tendências e estilos alinhados com o bolso e a personalidade do morador, nunca vão ter um gato tomando sol na janela.
Ou um cão deitado na soleira da porta.

Uma casa pobre de convivência entre espécies. 
...nem a planta tem afinidade vibracional com o dono.
Lembra, ela foi escolhida apenas para compor o projeto.

Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Coisa minha, liga não.

Num gosto de deixar ponta solta.
Comigo tem que ser bem alinhavado.
O ciclo, começo,  meio e fim é muito importante.
Dá paz na gente concluir as coisas.

Aliás acho que, isso poderia ser uma definição do viver.
Ir fazendo a costura dos dias, com um bom arremate no verso do tecido.
...e com o verbo em dia.
Falar o que tem que ser dito.
Fazer o que tem que ser feito.

Entre uma coisa e outra  um café. 
Ou uma cachaça. 
Um punhado de amendoim.

Eu ando meio exigente com os tecidos. 
Num suporto pano sintético,  sem caimento.
Desses, dou embora.
E num compro nunca mais.
Estou tão seda pura.
Algodão egípcio. 
Mas para ir pra cama, aceito um liganet , aquele tecido geladinho.  
Mas não qualquer um.
Depende da cor e do modelo.

Junto da pele, o tecido tem que me trazer prazer.
Junto do corpo, quero conforto.
Junto da alma, quero meu coração, nu e em paz.

Já me é difícil enfiar a linha na agulha.
Meter os pés pelas mãos é tombo certo.
O que me resta, é andar na linha.
...parecendo moça direita.
Com simpatia pela esquerda.

Moça direita é tão chata.
Tão sonsa.
Tão previsível. 
Quer agradar a família,  Deus e a Pátria.

Pensando bem, nem na linha vou andar.

Quero agradar só meu coração. 
Tá de bom tamanho.
Acho justo.

Vivi Ame...Viviane Mendes
Coisa minha, liga não.

Num gosto de deixar ponta solta.
Comigo tem que ser bem alinhavado.
O ciclo, começo,  meio e fim é muito importante.
Dá paz na gente concluir as coisas.

Aliás acho que, isso poderia ser uma definição do viver.
Ir fazendo a costura dos dias, com um bom arremate no verso do tecido.
...e com o verbo em dia.
Falar o que tem que ser dito.
Fazer o que tem que ser feito.

Entre uma coisa e outra  um café. 
Ou uma cachaça. 
Um punhado de amendoim.

Eu ando meio exigente com os tecidos. 
Num suporto pano sintético,  sem caimento.
Desses, dou embora.
E num compro nunca mais.
Estou tão seda pura.
Algodão egípcio. 
Mas para ir pra cama, aceito um liganet , aquele tecido geladinho.  
Mas não qualquer um.
Depende da cor e do modelo.

Junto da pele, o tecido tem que me trazer prazer.
Junto do corpo, quero conforto.
Junto da alma, quero meu coração, nu e em paz.

Já me é difícil enfiar a linha na agulha.
Meter os pés pelas mãos é tombo certo.
O que me resta, é andar na linha.
...parecendo moça direita.
Com simpatia pela esquerda.

Moça direita é tão chata.
Tão sonsa.
Tão previsível. 
Quer agradar a família,  Deus e a Pátria.

Pensando bem, nem na linha vou andar.

Quero agradar só meu coração. 
Tá de bom tamanho.
Acho justo.

Vivi Ame...Viviane Mendes

domingo, 19 de setembro de 2021

... chegava aqui sem avisar.Algumas vezes eu estava no banheiro. - direito meu, já que tenho banheiro em casa....sempre trazia umas coisas para eu consertar.Eu gosto de arrumar coisa quebrada....também me trazia uns presentinhos.Não que ela tivesse comprado especialmente para mim, eram coisas que ela não queria.( tinha uma outra que, com um salário gordo, me trazia, muito raramente, um vinho barato)Acho falta de educação minha dizer vinho ruim.Mas, vocês entenderam, né?Eu, sempre oferecia, no mínimo, um chileno.Coisa minha. Ahhh....me lembrei de outra, uma fofa, chegava depois das 22 horas, com fome e ávida para desabafar.Eu, num nego comida, nem ouvido.No meu portão de 1 metro e alguns centimetros, se chega fácil, antes do bar, se estacionava mais fácil ainda.Ôôô...passado glorioso. Eu, disposta, café e ouvidos na mesa.Eu era quase um oásis, sabe?Algumas vezes a pessoa dava sorte, eu tava arrumadinha, cabelo lavado e mão limpa.Até que um dia...Um dia...Eu pedi para avisar quando vinha.Marcar um horário. Sei lá...Me achei no direito de não ter que desligar o aspirador de pó. Não interromper o quadro.Não parar o banho dos cachorros.Assim...tipo:Almoçar até limpar o prato.Sair do banheiro até limpar a bunda.Poder usar o papel higiênico. Luxo.Nada de mais.O básico mesmo.Essas coisas que a gente gosta de concluir, na santa paz do Senhor.Ouvi que estava sendo EXIGENTE demais.Assim disse a pessoa que mora num condomínio com portaria e empregada na cozinha.⚠️⚠️⚠️Quem tá numa caixa confortável desconsidera a educação. Educação que nos faz iguais.Minha vida mudou quando eu quis igualdade.As pessoas não entenderam.Como assimmm???É isso... as pessoas não entendem.Eu permitia.Parei porquê?Educação.Só isso e, a partir disso, igualdade.As pessoas pararam de me achar legal.Vivi Ame...Viviane Mendes

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

A bem da verdade, nem eu tenho saco para poemas.Eu mesma não teria saco para me ler.Saco define.Paciência e saco são diferentes.....Quem está no poder, tem uma arma chamada caneta.Um tiro, uma assinatura...interfere na vida de muita gente.Não precisa ter porte de arma de fogo....nem de arma branca.Geralmente é em azul que se assina.Ninguém assina em vermelho.Nem em preto.Justo o azul, uma cor tão permissiva. A liberdade é azul Bic.Com uma assinatura em azul num papel branco, uma granada explode.A liberdade de poder assinar estando no poder.Os motivos vão de vaidade, picuinha, vingança, interesses, poder.E a gente, assiste todo dia canetadas acontecer.Eu tenho medo de caneta.... ela assina.Ela valida o pensamento de uma cabeça. Não importa as cabeças que rolam.Caneta é a guilhotina moderna.Foi o tempo em que eu tinha medo da terceira guerra mundial.Estou ficando moderninha...mas me conservo romântica. Ainda acredito que uma caneta azul pode prender meus cabelos.E seduzir por pura poesia.Apesar de nem eu ter saco para poemas.O árido não é um lugar....são sentimentos.Vivi Ame...Viviane Mendes

Agradeço as mais de 400 curtidas e inúmeros comentários e mensagens de apoio de vocês. Foi uma cachorra vira lata que morreu.Fiquei comovida porquê vocês aqui já perceberam que os animais são minha família. A Xulica era um ente querido.O dia amanheceu cinza.A filha, que perdeu a mãe deitou ao meu lado.Percebi ela estranha, o rabo muito pra baixo, no meio das pernas, e o olhar cinza combinando com o dia.Ela tinha percebido que a sua mãe não voltaria para casa.Peguei ela nos braços, ela se aninhou, assim, no meu colo.Ficamos em silêncio. ...por muito tempo.Senti a tristeza e que ela tinha compreensão dos fatos. O café esfriou na xícara. Ficamos olhando para o nada.Faltava alguém no cenário. Guardei a vasilha de ração que ainda estava no chão. Varri os pelos cinza que ainda estavam pela casa.Senti o peso do dia seguinte.Teve nenhum latido.Foi um dia cinza.Saí para comprar flores....muitas flores coloridas para enfeitar a casa.Vivi Ame...Viviane Mendes

Minha cachorra morreu.

Lentamente, a veterinária aplicou aquele líquido branco na veia.
A pedido meu.
Ela foi indo sem resistir, no meu colo.
A respiração que estava ofegante cessou.
Meu coração descompassado também. 

O tumor que estava quieto, acordou.
Juntou água no tórax.
A respiração ficou curta.
Minhas noites longas e intermináveis. 
Um gemido profundo e silencioso, sinalizava dor.
Em mim, angústia. 
Ela sem comer.
Eu também. 

Ela não se aproximou de mim,
me olhava de longe.

Confiante que eu teria a solução. 
Da mesma maneira que ela me olhava no ponto de ônibus que tem aqui na rua.
De longe, humilde, grávida. 
Eu resgatei.
Se passaram 10 anos.
Agora eu devolvi.
Devolvi para a existência. 
A mesma que trouxe ela até meu portão. 

Ela era a que mais latia.
Implicava com os gatos.
Comia melão gelado num pratinho de porcelana branca.
Domingo ela não comeu.
Já estava com dor. 

A parte que me cabe, é essa, cortar a fatia de melão e dividir para as outras duas que estão aqui, vivas.

Meu coração?
Não sei dele.
Sinceramente...só a existência que sabe.
Eu, tinha que ser fiel ao olhar.
O olhar que de longe me pedia ajuda. 
Que me cobrava solução. 

 Xulica.
Sobrou a filha que tem o mesmo nome.
A gente foi feliz.
Tivermos um fim de semana muito feliz.
Eu olhei para ela.
Ela era tão agradecida.
...o tempo todo.

Acho que ela me agradece agora.
Pela coragem de obedecer a única lei suprema.
Amor.
Amor sem apego.

Vivi Ame...Viviane Mendes 
Amei uma cachorra que viveu comigo.
Xulica.
A existência existe além da morte.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Minha cachorra morreu.

Lentamente, a veterinária aplicou aquele líquido branco na veia.
A pedido meu.
Ela foi indo sem resistir, no meu colo.
A respiração que estava ofegante cessou.
Meu coração descompassado também. 

O tumor que estava quieto, acordou.
Juntou água no tórax.
A respiração ficou curta.
Minhas noites longas e intermináveis. 
Um gemido profundo e silencioso, sinalizava dor.
Em mim, angústia. 
Ela sem comer.
Eu também. 

Ela não se aproximou de mim,
me olhava de longe.

Confiante que eu teria a solução. 
Da mesma maneira que ela me olhava no ponto de ônibus que tem aqui na rua.
De longe, humilde, grávida. 
Eu resgatei.
Se passaram 10 anos.
Agora eu devolvi.
Devolvi para a existência. 
A mesma que trouxe ela até meu portão. 

Ela era a que mais latia.
Implicava com os gatos.
Comia melão gelado num pratinho de porcelana branca.
Domingo ela não comeu.
Já estava com dor. 

A parte que me cabe, é essa, cortar a fatia de melão e dividir para as outras duas que estão aqui, vivas.

Meu coração?
Não sei dele.
Sinceramente...só a existência que sabe.
Eu, tinha que ser fiel ao olhar.
O olhar que de longe me pedia ajuda. 
Que me cobrava solução. 

 Xulica.
Sobrou a filha que tem o mesmo nome.
A gente foi feliz.
Tivermos um fim de semana muito feliz.
Eu olhei para ela.
Ela era tão agradecida.
...o tempo todo.

Acho que ela me agradece agora.
Pela coragem de obedecer a única lei suprema.
Amor.
Amor sem apego.

Vivi Ame...Viviane Mendes 
Amei uma cachorra que viveu comigo.
Xulica.
A existência existe além da morte.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

44 árvores cortadas.

Nasci aqui em Bauru.
Sempre morei numa região perto de um lugar chamado Praça Portugal.

Praça com muitas árvores.
Ontem eu vi elas no chão. 
Nem liguei.
Eu também estava no chão. 

Não tem nenhuma razão que impeça. 
Estou vendo o mundo prosperar.
Em nome do progresso, eles dizem.

O velho vai ficando sem utilidade.
A renovação se impõe. 
As decisões mudam de tempos em tempos nas mãos dos governantes.
Poucos se importam.

Eu mesma, estava tão dentro de mim, indo ao banco naquela região. 
Minha senha era número 44
...igual ao número de árvores condenadas a morrer. 

Eu e as árvores estamos morrendo.
Me sinto com a raíz exposta.

O progresso não está preocupado com sombra, qualidade de ar e ...olhar amoroso.

Todo dia eu morro um pouco junto com o mundo.
Todo dia sou lembrada que devo soltar das mãos do apego.

A modernidade exige que tenhamos engajamento. 
Todo dia produzir um conteúdo atrativo nas redes sociais.
Negociar com o poder, com a matéria é uma lei que não consegui obedecer com muita competência. 

Já chorei por muitas árvores na minha vida.
Ontem, veja só, nem liguei.

Vi motosserra, raíz de tudo quanto é tamanho secando ao sol, fora da terra.
Parecia que tinha estourado uma bomba.
Galhos cortados aos montes.

Sabe no que reparei?

Nas fitas plásticas preta e amarelo que contornava a Praça impedindo  acesso.

Na verdade, é meu único jeito de sobreviver, é não acessar essa realidade.

Eu estou tão árvore...
Vendo chegar homens armados com motoserra.
Botas pretas.
Andar pesado e mãos fortes.
Trator bufando.
Eu acho que todo trator é mal humorado.
Trator quando chega, não negocia.

Em nome do progresso, em nome Deus, em nome do poder, em nome de interesses vão revirar a terra.

Eu, minhoca ou cobra cega, vou tentar escapar do corte de uma enxada. 
Elas têm lâmina afiada.
Vão me cortar ao meio e nem vão sentir remorso.

Eu, alma, vou voar da copa das árvores quando elas tombarem.
Árvores altas que o pintor Vicent Van Gogh retratou tão bem.
Vou tentar, num pulo só chegar ao céu. 
Aquele céu espiralado.
Onde o sol e as estrelas podem me servir de leito.

Talvez algum anjo queira ouvir minha poesia.

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 4 de setembro de 2021

#simplesassim 
 A Vida é implacável. 
Tenho muito medo da vida.
Ela não perdoa desaforos.
Sinto um respeito imenso pela lei de retorno.
Sem a manutenção constante que lapide nosso falar,  agir e pensar, vem a vida.
Vem feito um caminhão desgovernado e faz essa lapidação. 
Tenho medo de caminhão. 
Procuro não insultar a existência. 
Cada vez mais me recolho no acostamento.
Porque a vida, sempre nos coloca no lugar adequado para aprender.
Um dia iremos precisar cuidar.
...e ser cuidado.
Não tem como escapar dessa ironia do destino.
Cuidar da própria vida, é cuidar de TODA a vida.
E vida, é via de mão dupla.
Quando você está indo. 
...tem alguém vindo.

Vivi Ame...Viviane Mendes
⚠️⛔
.... te faço um PIX. 
Eu:
Pode me pagar de outro jeito?

O novo normal, está muito além da pandemia. 
O novo normal está do meu lado.

Se é que você me entende...

Está no desconforto que sinto quando o telefone fixo toca e quase nunca é agradável, o telemarketing é normal, necessário e gera empregos. 
Lidar com o novo, exige maleabilidade nas tripas.
Há de se ter um fígado sem fel.
...e um intestino com a macrobiota em dia.

O novo, nem sempre é bonito.
Indigesto, eu tenho certeza que é. 

Os avós que moram longe dos netos devem sentir o estranhamento de uma chamada por vídeo. 
Aquela coisa que vai do quentinho no coração e junta com a falta da realidade.
A realidade é constantemente interpretada.

Um marcador de realidade é o termômetro. 
Esse é o problema.
O ponteiro do meu, é diferente do meu vizinho.

Na política, na cultura, na saúde,  na educação, e no sucesso.
O sucesso?
Como se mede o sucesso?

A pergunta que me faço diariamente, é:
-Viviane, você está satisfeita?
...essa pergunta me desaloja.
E...numa resposta sincera, desembaçada e livre de testemunhas, me adapto ao novo.
Ou não. 

O telefone fixo está quebrado.
Um novo custa baratinho.
Penso em comprar.
Desisto.
Acho que seria bom.
Será?
Será mesmo?

O que eu queria é encurtar a distância entre os termômetros. 

Se é que você me entende...

Sabe...
Não tenho problema em dizer que não faço pix.
A gente sempre pagou nossas contas.
O que veio para facilitar, é novidade, sempre.
Entretanto, é moda.
As pessoas me olham como desatualizada.

Insisto em manter o uso das máscaras. 
A variante delta, já é o novo normal.
Está do meu lado esquerdo e direito.

Se é que você me entende...

Num precisa me fazer pix.
Me faz um favor.
Favor, nunca cai de moda.

Estou interessada no quentinho do coração. 

O resto, é saia balonê e manga bufante.
Aliás vocês perceberam que a moda da manga bufante voltou???
Ou já passou?
Estou por fora?
Num venha me dizer que a saia balonê é tendência  primavera/ verão. 

Pelamorrrr!!!!
Isso num vou suportarrrrr.

Tudo bem, primavera, é tempo de brotar.
Mas....
Nem sempre vale a pena botar a cara pra fora da terra.

...se é que você me entende.

O novo normal, é isso.
Ter discernimento entre a flor e a semente.

Vivi Ame. ..Viviane Mendes

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Sou como todo mundo.
Algumas vezes penso para levantar da cama.
Questiono todos os porquês da minha vida.
Mesmo estando tudo bem, um desconforto se instala.
Não seria o mundo minha morada?
Mas, cá estou.
Diante de inexorável constatação, o mistério não mais me importa.
Sei exatamente ao lado de quem quero e devo estar.
Não sei determinar o momento exato em que eu perdi o interesse em tentar provar e convencer as pessoas.
Talvez seja quando aprendi a me respeitar e a me amar.
Antes disso, era difícil.
Toda convivência é uma preciosa oportunidade.
Meus argumentos desceram pela ladeira.
E eu nem me importei.
Percebi que eu não era eles.
E nem vivia para eles.
Soltei.
Sobrou uma dança na alma.
Eu escuto um som, e ele é só meu.
Esse é o mais belo quadro que já pintei:
Derrotei as ilusões dos apegos.
Minhas doutrinas não são impostas e meus dogmas são mutáveis. 
Eu mesma não sou.
Apenas estou.
Não se trata de indiferença..
Faz tempo que, abastecida de mim, sigo na minha trilha e permito encontrar quem vem pela estrada.
Existem encruzilhadas...os desvios necessário permitem encontros.
Essa é a elegância do caminho.
Estamos aqui para evoluir.
...em caminhos separados.
Andar junto muitas vezes não permite o mais belo dessa vida:
O desconforto em existir.
Vivi Ame...Viviane Mendes
Alguém assim?

Tem a mulher selvagem, guerreira que ...
" corre com lobos "
Eu, sou sedentária.
Fico sentada com um gato no colo e uma xícara de café na mão. 

Tem a mulher que se cura de dentro pra fora e de fora pra dentro.
Eu tomo um torsilax, e vida que segue.

Tem mulher que conquistou uma vibração tão alta que já se sente imune ao vírus. 
Eu, num tenho nem blusinha para vestir numa vibe dessa.
Das vacinas, qualquer uma.
Por mim, experimento todas...
Terceira dose?...Quem vamos?????
Sabe,  para ter uma opinião formada no assunto.
Qual cai bem com gin, qual combina com chá, e um cebion goela abaixo.

Tem mulher poderosa, deusa de sua beleza.
Emponderada no rimel, no batom e no útero. 
Eu, fico meio preocupada se tem uma salsinha grudada no meu dente.
...um pedacinho de ricota escondido no dente do lado.
Vivo nessa insegurança tonta.
Sou meio barata, finjo de morta para escapar.

Tem mulher que leu "O segredo".
Pensou, realizou!

Eu, fia...num sei nem pensar direito.
Falo demais, me culpo.
Falo de menos, me culpo.

Tem a mulher que viaja sozinha, faz compra on line e num vive sem GPS.
Eu, tenho medo de me perder dentro da cidade onde moro, e me apavoro com máquina de café com mais de 2 botões. 

Sigo assim, tentando a vida, entre o conforto e o desconforto das minhas escolhas.
No meio disso eu nem luto.
Tenho preguiça. 

Vou andando com formigas.
Trabalhando, vezinquando encontro uma distração pelo caminho.

Todo dia a gente "tem que" alguma coisa.
Daí um dia vida acaba.
Eu num me acostumo com essa "dinâmica"
A gente tem que ficar se atualizando todo minuto, as regras, o sistema, a velocidade...

Trocar a senha, decorar a senha, num confundir a senha, não ser óbvio na senha.
Muita coisa, né?

Vivi Ame...Viviane Mendes

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Setembro, mês de consciência da reciprocidade. 
Flores, são sementes que foram plantadas.
#FicaADicaPraTodos 
O mundo é um dar e receber incessante. 
Tem alguma coisa errada quando você faz algo por alguém e, esse alguém tendo oportunidade,  não retribui.
Sinto uma estranheza quando é só:
 " venha a nós o vosso reino"
E, ao vosso reino, niente.
Tem coisa que é muito natural para quem é generoso.

Eu comecei a reparar.

Quem se importa, não te deixa no vácuo. 

Sabe o que é vácuo?
É visualizar uma mensagem e não responder.
É falar que vai dar uma resposta e não dar.
É agir sem considerar sua existência, seus momentos, seus altos e baixos.
Vácuo é sem ar.
Tipo:
Se morrer, morreu,  tô nem aí. 
Dane-se o que você vai pensar.
Existe um egoísmo  e uma desconsideração explícita. 
Tem gente que só quer falar com você se for no tempo dela.
O horário dela é mais valioso que o seu.
O que ela tem pra te dizer, é o que importa.
A rede social dela, óbvio, segue o mesmo padrão comportamental.

Esse reparar, é muito dolorido.
Cai uma ficha que dispara um gatilho...e a gente nunca mais é a mesma pessoa.
A reciprocidade é  uma prática. 
A falta dela mata relacionamentos. 

Não acho que o outro tem que estar disponível.
Todos nós somos falhos e ocupados

Esqueceu um dia, dois dias, uma semana???
Passou um mês e nada?
Se liga.

Você não é importante na vida daquela pessoa.

A ausência de expectativas é uma faca perigosa. 
A gente se machuca.
Mas consegue sobreviver. 

Não temos a importância que achamos que temos na vida de algumas pessoas.
Um dia seremos só um retrato, ou um perfil desativado.
Teremos uma legião de admiradores saudosistas que hoje nos desconsideram em gênero,  número e grau.
Onde é feito apenas a sua vontade, não cabe a terra e nem o céu. 
As flores de setembro são flores porque no vácuo a semente não brota.
Vivi Ame...Viviane Mendes

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Ontem de noite, não consegui estacionar o carro na minha garagem.Depois de dar 5 voltas pela Alameda Otávio Pinheiro Brizola, o Zé, um guarda noturno, gritou meu nome e sugeriu que eu entrasse no estacionamento da Clínica Imunológica.Fiquei com vergonha do dono da clinica chegar, ver meu carro e pensar que sou espaçosa. Agradeci.O Zé disse:-"Que isso Viviane? Todo mundo aqui te conhece!"Fui tentar novamente. Pra quem deu 5 voltas, dar 6, que mal tem, né?No quarteirão de baixo, parei na clinica de um médico oftalmologista amigo meu.Expliquei meu caso.Mas....também achei abuso.Resolvi dar outra volta.Quem dá 6, dá 7Encontrei uma vaga espremida perto da entrada do Aero.Hoje, se resume num bar.Manobrei numa baliza cinematográfica. Tinha um homem olhando.Me chamou de menina, eu não conseguia ver direito.Tenho muita dificuldade no escuro.Disse que estava com fome.Não era dinheiro...Chamei ele para ir até minha casa.Ele foi me acompanhando pela rua.Pedi para ele me esperar, expliquei que não tinha ido ao supermercado. Mas...que eu tinha pão. Dei um generoso pedaço. ( farinha italiana, centeio francês e castanhas)Pensei em silêncio...esse pão sustenta.Esse homem me abençoou de um jeito que me tocou muito profundamente. Ele falou sobre minha humildade e pediu para que Deus abra todas as portas para mim.Senti tanta sinceridade e gratidão nesse homem.Me fez bem.A bênção me tocou.Sabe...Não sou escrava de aprovação em rede social.Sou artista, advogada e gente.Trato de gente para gente.Sei que ostento um certo ar que "estou podendo".Mas, eu considero o outro o tempo todo.Acreditem, eu penso "puxa...o cara vai ter que pagar para tirar o carro guinchado , e se ele precisa do carro para trabalhar?"Penso respeitando o cliente que tá no bar ao lado estacionado no meu direito de ir e vir.Entretanto, o mundo está ao contrário. É dane-se pra todo lado.Eu não tenho medo de parecer ridícula.O que eu tenho medo, muito medo, é da soberba.A soberba, causa ranço. E ranço é maldição. Eu quero bênção espontânea e desinteressada.Quero ouvir o guarda me chamar pelo meu nome e preocupado tentar me ajudar e dizer para eu não me preocupar que todo mundo sabe quem eu sou e como eu sou.Isso não tem preço. O resto, o resto...bem, o tempo dirá. Vivi Ame...Viviane Mendes .

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Detesto quem conversa comigo como se eu fosse uma consumidora.

Gosto do carteiro que me chama de Viviane. 
Gosto do lixeiro que me chama de querida, e me dá bom dia.
Gosto dos caixas do banco que já decoraram meu CPF.
Gosto das caixas do supermercado que me chamam de Vivi.

Não ando na moda.
Nunca andei.
A moda não me atrai.
Modismo parece ser atual, mas é obsoleto por ser momento.
Momento passa.
Um monte de gente repetindo um comportamento por modinha me causa aversão.
Passageiro, efêmero,  cansativo.
Enjoativo.
Moda, sem real conexão com a questão,  me soa vazio.
Isso serve para tudo.
A tendência, outra palavra utilizada para moda, me soa estranho.
Como se pudéssemos prever um padrão temporário que visa lucro.

Detesto isso.

Faz a gente se sentir uma mercadoria.
A gente recebe ordens de onde sentar, quanto consumir, o que vestir, onde ir e na real, isso é desumanizante.
Andar na moda, é comodo para muita gente.
Causa uma sensação de pertencimento.
No fundo a gente busca isso.
Entretanto, esse comportamento é extremamente volátil. 
Não abastece.
Logo aparece outra vitrine mais atraente.
E assim seguimos, insatisfeitos, lutando para se encaixar no padrão. 
Eu, quero conforto.
Só isso.
Onde eu estiver  quero conforto.
Com quem eu conversar, quero conforto.
Detesto ter que escolher palavras para impressionar ou me defender.

O conforto me hidrata.
A moda, me subtrai, ela é árida.
A moda escolhe onde, como e porquê chover.
...tudo premeditado.
O conforto é simples, simplório, não existe ezibideza.
( tava louca para falar essa palavra)
Bolo bom, num precisa de muito glacê.
Manga bufante, laço gigante num faz milagre.

Querer ser não é o mesmo que ser.
Viver para lucrar, não é o mesmo que ganhar.
Algoritmo elevado de curtidas, não significa sucesso.

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 21 de agosto de 2021

Aquelas mães que jogaram seus filhos....

Será que aquelas mães que entregaram seus filhos para os soldados colocaram algum bilhete com informações?

Que cena!
De emudecer.

Fico pensando nos soldados com aquelas crianças...
Chorando pela falta da mãe. 
O desespero das mães. 
Os soldados tentando acudir.
Mamadeira?
Troca de fraldas?
Sensação de abandono?

Fico pensando...do que o amor é capaz.

Jogar o filho sobre a cerca de arame farpado...e sobreviver a isso?
Essas crianças afegãs vão crescer e nunca saber o nome de suas mães, sem bilhetinho escondido na fralda, não filhos da mãe. 

São crianças paridas pela barbárie. 

Nessa chance de pular a cerca de arame farpado, vão viver longe...
Eu torço para que alguém conte para elas o nível desmedido de amor de suas mães. 

Não tem como mensurar o que essas mães estavam sentindo.

Penso ser AMOR.
Amor instinto.
Amor desapego.
Amor sobrevivência 
Amor confiança 
Amor entrega.

Esse amor vai além de qualquer fronteira, transpassa arame farpado, dispensa passaporte.
Esse tipo de amor, me emudece.

O amor que é leal com o AMOR, é eterno e sobreviverá a nossa penúria existencial.

Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 17 de agosto de 2021

A palavra é maturidade.

Sem isso, ficaremos aqui refém de nossas picuinhas.

Maturidade para ir até a esquina, sem esquecer que estamos numa pandemia.

A tal maturidade...que nos faz cooperar com a evolução de todos os seres.

Sem maturidade, somos crianças querendo causar.
Já repararam como criança gosta de chamar a atenção?
Ou com uma gracinha, ou com birra.
O fato é que as redes sociais se transformaram num palco.
Aqui mostramos nossos brinquedos novos pro coleguinha.
Disfarçado ou não, queremos atenção. 

A maturidade...
Acho que precisamos nos comportar como se fossemos nossos pais.
Puxar o cabresto de nossa língua. 
Pensar
Ponderar 
Avaliar risco
Principalmente, respeitar. 

A maturidade é cara.
A gente vive imersa numa ignorância e acha que paga de #prontofalei 
Muita hora nessa calma que a gente não tem.

A volta do mundo é grande.

A pandemia é um despertador sobre o coletivo.

"Ahhh...meu corpo, minhas regras.
A boca é minha eu falo o que eu quero.
O face é meu, num gostou cai fora."
Uma pesquisada rasa no Google nos torna aptos a proferir sentenças e julgamentos. 

O autoritarismo infantil dá as regras.
Percebem?

A pessoa tem alguma consciência de sua responsabilidade, separa o lixo reciclável, abre a boca sem discernimento, taca o lixo na nossa cara.

Acreditem, dentro de nós, tem um chorume tóxico.

Sem maturidade, não sairemos dessa pandemia e nem de nós mesmos.

Nossa maturidade emocional é cambaleante.

Vivi Ame...Viviane Mendes

domingo, 15 de agosto de 2021

Ontem foi dia duma cirurgia espiritual numa vira lata minha.
Feito a distância, horário marcado:
21 horas
Eu deveria rezar 3 Pai Nosso.

No meio disso tudo, me vi.

O meu sagrado feminino não cabe no meu útero,  nem na lua, muito menos na vela acesa.
Meu sagrado feminino está na água que botei pra ferver para fazer o macarrão. 

Está na televisão que eu liguei e na sensação que eu tive ao ouvir o Bonner dando notícia do Haiti. 

Meu sagrado feminino está no gole gordo que eu dei no copo de cerveja do marido e no murmurar baixinho ...ôôô cerveja boa!!!

Rezei olhando para o fogão. 
Cuidando do macarrão. 
Desculpa a rima forçada...mas com gratidão!

Meu sagrado feminino, fala pela minha boca.
Meu sagrado, em todo e qualquer ato.

...o marido, perguntou baixinho:
-Que horas que a Santa vem?

Respondi:
- Ela não vem.

ELA ESTÁ. 

Meu sagrado feminino, não depende de grupos, de rituais, meu sagrado feminino não se manifesta na sensualidade, nem na santidade.

Meu sagrado feminino é um sacramento.
Está presente em todo comportamento. 

Da cirurgia espiritual, até o meio comprimido escondido no meio duma bola de patê da wiskas.

Todo e qualquer ato eu trato como uma semente.
E planto.
Planto como diz a oração:
"Seja feita vossa vontade, assim na terra como no céu"

Vivi Ame...Viviane Mendes

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Tiraram o tapume da frente da obra.
Um hotel está sendo construído aqui na frente de casa.

Bom quando muda a paisagem...gosto de amplitude.
O tapume, pelo menos era preto.
Detesto tapume claro.
Agora eu olho e vejo...
Putz, não sei falar em metros.
Sou muito ruim de medida.
Vou tentar...
De comprimento, é quase meio quarteirão. 
De largura, acho que é do tamanho de um ônibus. 
Uma faixa de terra.
Tá na terra.
Terra vermelha....revirada.
A terra, com cor de terra, sabe?
Acho bonito, gosto de olhar.

O problema é que virei fiscal do vento.
Reparo no som do vento até de madrugada. 
Imagino a cena da terra sendo carregada pelo vento e vindo aqui.
Tem dia que vem.
Tem dia que não vem.

Gosto de tudo limpinho, arrumado, decorado e na medida do possível,  organizado.
Como se eu fosse receber visita de gente rica.
Que fosse reparar na grandiosidade da minha simplicidade.

Gente rica, repara.
Repara na casa aberta.

Me perguntam:
 - Você num tem medo?... TUDO ABERTO!?!??

Hoje, só tenho medo do vento.
...mas gosto de olhar a terra.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Parecia um dia comum.
Perdi a dignidade,  mas passo bem.

... lembrei que o marido pediu pra deixar bike no jeito.
Cedinho, liguei a vap.
Daí pra frente, perdi a noção do bom, do mau e do justo.
Foi um combo de ignorância, fissura e tesão .
Comecei pelos tapetes.
Fui para parede.
Afinal minha casa é piquininha.
Lavar as paredes, num custa, né?
Noraqueuvi tava tirando o pó das folhinhas do pé de limão. 
Para aproveitar garrei na mão do sapólio e fui pras janela.
Meu sapato de camurça ficou encharcado de andar e fazer barulho...parecia que tinha alguém se afogando dentro dele.
Mas...catei a tesoura.
Fui podar as plantas.
Né???
A gente num mede consequências. 
Entrou um espinho na mão. 
Que que é um peido quando a gente tá cagado?
Resolvi pintar uma cadeira.
Numa dessa, tirei a bota.
Véio tem medo de friagem  nozpé
Numa dessa como num pegar o cortador de unha, e num dar aquele trato ignorante no pé???
Como?
Me responda.
A gente tem que aproveitar que as cutículas tão mais mole que nenê em banho morno.
Segui, descalça sem noção se era deizora da manhã ou duas da tarde.
Pensei no feijão preto que tava pronto e na farinha de milho crocante que comprei ontem.
Sabia que tinha uma Heineken no jeito...
Mas...
E o aspirador de pó?
Quem chega onde cheguei precisa subir o Everest.
Fui.
E o fogão ligado...
Respirei. 
Comi segurando no cabo da panela.
De colher.
Matei a Heineken. 
Ainda sobrou força. 
Vou me matar com o aspirador de pó. 
...e passar cera na casa.
Sou dessas que num larga o osso pela metade.
Oremos.
Tenho muita vontade.
Pouca vergonha. 
Nenhum juízo. 
Que que é uma pinta pruma galinha de angola?
Lembrei que tenho bom bril.
Só paro na ora que acabar com o pacote.
Vivi Ame...Viviane Mendes 

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domingo, 8 de agosto de 2021

Adoro homens.
Homem.

Dia dos pais, é um bom dia para falar de homem.
Veja bem, detesto moleque e odeio velho babão. 
Homens, tão falhos como as mulheres.
Homens que lutam para escapar do primitivismo de ostentar um pedaço de carne como o homem das cavernas.
Bobinhos, ostentam o carro.
A fazenda, o avião...outro dia um octogenário me disse que morava numa casa de 600 metros quadrados.
Sim, é verdade.
Eu, nem sei se isso é muito ou se é pouco.
Mas...
O tamanho da idiotice eu medi pela língua,  embora ele estivesse de máscara. 

Gosto de homem vulnerável. 
Homem que geme.
Acho tão poderoso homem que geme... e que chora?
Nossa!!!
Adoro.

Homens carregam um passado onde foram egoístas e cruéis com as mulheres.
Esses homens que eu adoro são os que tem consciência disso.
E se esforçam para se transfigurar em sua masculinidade.
Eu adoro homens.
Homem silencioso, seguro e certeiro.
Homens que sabem conversar ouvindo.
Homem que ouve, é um tesouro.
Eu sei...

A perfeição não é desse mundo.

Ninguém nasce pai.
Mas todo pai, foi um filho.
Com seus erros e acertos.

Ser pai, é usar camisinha quando não se é homem suficiente. 
A responsabilidade paterna começa aí. 
Ser pai, é um caminho sem volta.
Homens são pais de seus atos.

Ter um filho, não é  ejacular numa camisinha e jogar no lixo.
Um filho precisa de presença,  precisa de comida, de estudo, de saúde e de amor.

E você,  mulher, se é casada, namorada, amasiada com um homem que tem um filho com outra, seja a mulher.
Mulher!
Eu estou falando Mulher.
Menina mimada, ciumenta é um imã para moleque.
O texto é sobre homi, taokei?

Esse papo aqui é pra gente graduada.
O encontro do sêmen com o útero cria uma vida.
Uma vida.
Igual a minha, a sua, do seu marido, do seu pai.
Uma vida.
Um filho é coisa pra gente grande.
...um filho, é irreversível. 

Num tá podendo?
Camisinha.
Olha o nome:
Preservativo.

Te preserva de ser o que você não está preparado para ser.
Um pai.

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 7 de agosto de 2021

Dia dos pais vai ser no domingo,  né?
Dia 8/8
Esse dia para mim sempre foi uma janela fechada.

Nunca me prendi ao dia, a ausência me fez economizar no presente.
Vezinquando lembro de alguma coisa.
Hoje me lembrei que aqui em Bauru, na rua Batista de Carvalho, perto do Edifício Comercial. 
Olha só....ninguém me contou, eu lembro e nem tinha 3 anos de idade.
Bem...ele fez eu pisar por cima do sapato preto dele para andar.
Eu ia andando junto feito aquelas bonecas que dançam amarradas no palhaço. 
Nunca esqueci.
Foi uma única vez.
Percebem?
Não é a repetição. 
Repetir é algoritmo. 
A experiência de um sentimento são instantes.
Sempre estive atenta a instantes.
Tudo depende da eternidade de um instante.
Eu sempre soube sobre o tempo.
O tempo que arrasta as almas pobres até a cova.
Almas pobres, aquelas que nada aprendem.
Apenas acumulam.
Acumulam matéria e perpetuam hábitos caducos.

...e o tempo que revela os instantes.

Um amigo do meu pai me contou que ele dizia que a gente deveria nascer velho e morrer jovem.
Eu, nasci velha.
Sei que é estranho...mas essa velhice que me isolou na infância,  hoje me rejuvenesce a todo instante.

Minha vida foi um muro, uma parede instagramavel.
Eu faço pose no meu passado e tiro fotografias nos instantes que ninguém testemunhou.

Dou de presente ao meu pai, minha idade de senhora com pés pequenos se equilibrando por cima do sapato preto lustroso e escorregadio.
Assim é  até hoje.
Embora eu use salto alto, sinto a vida me segurando como ele me segurava, neste dia na rua Batista de Carvalho.

Acho que isso é fé. 
Mantenho a janela dos instantes sempre aberta.
Estou dezenvelhecendo.

Vivi Ame...Viviane Mendes