Abri o potinho de cereja, comi um tanto que num contei.
Fui comendo, comendo...feito pipoca.
Acabei com tudo.
Eu tinha esse desejo desde criança.
Matar um vidrinho de cereja ao marrasquino sem pensar em nada.
Como se não houvesse amanhã.
Fiz isso hoje.
Dei um gole no caldinho.
Guardei o resto para temperar o gin.
Sei lá, sabe.
Queria falar tanta coisa que eu sinto.
Coisas que eu acho que algumas pessoas devem sentir igual.
Mas...nem sempre a gente consegue ordenar a palavra em cojuminância com o pensamento.
Sou muito certinha tentando ser certa, correta e assertiva.
Me cobro mais que as lojas que eu devo alguma prestação e esqueço de pagar.
Daí recebo lembrete no celular.
Eu me perco nos dias.
Me perco nas datas.
Me perco no tempo.
Tem hora que eu acho que a gente é tudo tão diferente.
Tem hora que eu acho que a gente é tão tudo igual.
Tão vendo como nem sempre a gente escreve bonito?
Tem dia que as palavras são uma feiura de dar dó.
Sabe, sei lá...
Parece prosa de beudo.
Mas eu acho a gente tão ferido.
Tão carente.
Tanta necessidade de aprovação!
A auto estima frágil feito viciado que sai da internação.
Um vacilo e a gente cai no poço profundo da criança ferida.
Uma exaustão sem fim.
Parece que a gente nunca vai ficar bem resolvido.
Só unzioto que tá sempre com o tanque cheio.
O colageno em dia.
O cabelo hidratado.
O armário organizado.
E os e-mails lidos e respondidos.
E vai para a praia, pra montanha e pra floresta.
A gente, sente orgulho em dominar a pia, o fogão e o tanque.
...se juntar com a vassoura e der tempo de por o lixo na rua antes do lixeiro passar, o sentimento é de vencer a São Silvestre.
Até o tal do super cofee comprei hoje.
Como se fosse um anabolizante proibido para chegar plena num lugar que nem eu mesma sei.
Eu sinto uma gastura.
Quero acudir o hoje.
Embalar o passado.
Um passado amarrotado.
É isso.
Consegui alguma poesia torta para me fazer entender.
Acho que a Viviane do futuro, vai continuar se cobrando, não tenho ilusões sobre a minha mão pesada que me bate feito palmatória.
Pelo menos, num estou com o estômago discutindo comigo.
Ele aceitou, com paciência e amorosidade as 23 cerejas que eu comi.
Talvez alguma lombriga me aplauda e me incentive nessas questões.
Tava precisando.
Sabe, senti poder.
Senti prazer.
Senti no domínio do livre arbítrio.
Na plenitude do querer é poder!
Estou em paz.
Cai no poço, perdi a dignidade mas passo bem.
Vivi Ame...Viviane Mendes Cereja da Silva Sauro.
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