segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Vamos combinar...
Nem só de poesia vive o homem.

Eu preciso assistir o cheiro da panela de feijão. 
O alho e as folhas de louro, gemendo dentro da panela.
O aroma vai invadindo a sala.

Eu fico em silêncio, assistindo o espetáculo.

Daí chove.
Sabe uma chuva educada?
Daquelas em que os pingos caem reto.
Feito chuveiro.
Tem chuva que sabe chover.
Num faz drama, só chove.

A panela de pressão é dramática. 
Grita e geme alto.
Um escândalo de acordar os vizinhos. 

Mas, eu preciso de algo mais que um poema.

Enchi uma caneca com caldo bem quente de feijão. 
Fui na janela olhar a chuva.

Bebi até a chuva me penetrar...
e os poros exalar o aroma da panela.

Fiz molho de pimenta, só para quebrar o clima.
Aprecio a realidade nua e crua.
A vida é ardida.

Vivi Ame...Viviane Mendes

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