sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Aguentei firme até as duas da tarde.
Olhei para o dedo, pensei:
Quebrou.
Uma dor de mancar e ver estrelas.
Mal conseguia apoiar no chão. 
Hoje ao acordar, meio cambaleante dei de topo com o dedão do pé numa quina.

Fiz drama até a página 30.

Tentei levar a vida.
Num deu.
Daí pra diante aquela novela, né?
Putz, pagar a Unimed. 
Marcar consulta.
Raio X.
..e aquele sentimento de coitadismo que a gente sente ao ir dirigindo o carro com vontade de chorar de dor.

Não chorei.
Num quebrou.
Perguntei 3 vezes pro médico:
Não quebrou MESMO???
O ortopedista disse que não. 

Numa dessa, eu achei que meu problema era ir na manicure para desencravar o cantinho da unha do pé direito.
Cêvê, né?
A unha do pé esquerdo tomou conta do meu dia inteiro.
Uma batida num canto.
Tipo, acidente doméstico. 
Nada grave.
Mas dolorido, doído,  ído, ído...

Em clínica de ortopedista prá pensar na vida, é juntar o véio com a muleta. 
Eu olhava pras senhorinhas frágeis com vestido florido empurrando o andador e o filho meio sem paciência. 
Reparei num casal, que pela conversa com a secretária pude imaginar que o caso era grave.
Reparei na mulher que meio acima do peso marcou a cirurgia, e tava com a unha do pé pintada de esmalte cintilante.
Tinha uma senhora com gesso num braço e gesso na outra mão. 
Será que caiu?
Olha, eu sei que eu me vi em todo mundo que tava ali.
A gente envelhece,  fato.
Acidentes acontecem.
A dor deprime.
Osso quebrado é limitante.
A gente tem que se cuidar.
Usar sapato anti derrapante.
Cuidar do peso para não sobrecarregar as articulações. 

Olha, eu estou bem.
Dói?
...dói.
Esqueci do tal cantinho da unha do pé direito.
Tive vontade de perguntar as dores dos outros.
Pensei na minha velhice vendo as senhoras com os braço flácidos empurrando o andador.
A solidariedade bateu.

Só num concordo com esmalte cintilante.
...coisa minha.
Meu dedo, acho que passou desapercebido. 
Parecia um cadáver em decomposição. 
Inchado.
Meio roxo.
E verde.
Verde nos cantos, verde parecendo bolor na pele.
Um horror. 
Num vou postar foto porque vocês num merecem ver isso.
Eu taquei um finalzinho duma tintura de arnica super concentrada que eu tinha aqui.
Esverdeou o dedo.
A mulher do esmalte cintilante, deve estar falando para alguém:
"... dedo do pé dela tava podre, como pode alguém demorar tanto para ir ao médico!!!"

Pois é a gente é desse jeito.
O dedo verde repara no dedo cintilante. 
Vida que segue.
Vivi Ame. ..Viviane Mendes

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