terça-feira, 23 de novembro de 2021

Eu não tinha dinheiro para comprar chiclete Ping pong de tutti fruti.
Um dia me deram, eu amei o sabor.
Quando me davam era um evento.
Era docinho, parecia feito por anjos para amenizar meu medo de desamparo.

Até que um dia...
Um dia uma tia pediu para eu falar uma palavra que eu não gostava
A palavra era vovó. 
Ela queria que eu chamasse minha avó de vovó. 
Eu chamava minha vó de Tatinha.
Não fazia sentido para mim, chamar minha avó de outra maneira.

Me fez a proposta:
"Fala vovó que eu te dou uma caixa inteira fechada de chiclete Ping Ping de Tutti fruti."
Eu não tive nem um segundo de dúvida.
-Não. 
..não falo.
 (deveria ter uns 3 anos.)
Neste dia defini minhas regras com o mundo.

Eu não quero banalizar as palavras.
Ficar repetindo padrão de vocabulário. 
Atitudes florescem quando existe verdade, espontaneidade e liberdade.
Mostrar muito o corpo o torna banal.
Cansa o expectador.
Ostentar muito o copo banaliza a bebida.
A propaganda de si e dos outros banaliza a credibilidade. 
Eu não quero banalizar a vida.
Cair na cilada " link da bio".
Sabe, existe uma verdade pura e inocente no desinteresse.
Quando a gente começa a usar rede social  com o único e exclusivo objetivo para obter lucros, a estrada se torna um rio.
Todo ato vira um anzol.
E, a vitória é achar que o outro mordeu a chumbada.
Detesto pescaria.
Não vejo nenhum mérito em ludibriar o peixe.

Moral da história:
Uma caixa inteira de chiclete, banaliza o mascar.

Para minha avó não era importante eu falar "vovó."
Para mim e para ela, Tatinha bastava.
Era um código de amor entre nós. 
Vovó era para as " outras" netas.
A Tia queria banalizar meu sentimento. 

Eu, sou a mesma criança. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

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