Minha cachorra morreu.
Lentamente, a veterinária aplicou aquele líquido branco na veia.
A pedido meu.
Ela foi indo sem resistir, no meu colo.
A respiração que estava ofegante cessou.
Meu coração descompassado também.
O tumor que estava quieto, acordou.
Juntou água no tórax.
A respiração ficou curta.
Minhas noites longas e intermináveis.
Um gemido profundo e silencioso, sinalizava dor.
Em mim, angústia.
Ela sem comer.
Eu também.
Ela não se aproximou de mim,
me olhava de longe.
Confiante que eu teria a solução.
Da mesma maneira que ela me olhava no ponto de ônibus que tem aqui na rua.
De longe, humilde, grávida.
Eu resgatei.
Se passaram 10 anos.
Agora eu devolvi.
Devolvi para a existência.
A mesma que trouxe ela até meu portão.
Ela era a que mais latia.
Implicava com os gatos.
Comia melão gelado num pratinho de porcelana branca.
Domingo ela não comeu.
Já estava com dor.
A parte que me cabe, é essa, cortar a fatia de melão e dividir para as outras duas que estão aqui, vivas.
Meu coração?
Não sei dele.
Sinceramente...só a existência que sabe.
Eu, tinha que ser fiel ao olhar.
O olhar que de longe me pedia ajuda.
Que me cobrava solução.
Xulica.
Sobrou a filha que tem o mesmo nome.
A gente foi feliz.
Tivermos um fim de semana muito feliz.
Eu olhei para ela.
Ela era tão agradecida.
...o tempo todo.
Acho que ela me agradece agora.
Pela coragem de obedecer a única lei suprema.
Amor.
Amor sem apego.
Vivi Ame...Viviane Mendes
Amei uma cachorra que viveu comigo.
Xulica.
A existência existe além da morte.
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