Dona Inês, lá de Timburi.
Era minha avó mãe da minha mãe.
O coração enferrujado era dela, uma forma de bolo.
Um dia minha mãe me trouxe.
Tava lá, jogada no enorme quintal da minha vó Inês.
Herança desprezada pelo resto da família.
...sem valor, né?
Antes da minha avó se casar ela fazia bolos para casamento.
Na roça, no sítio, era massa de pão de ló em assadeira retangular com recheio de doce de abóbora.
Doce de cidra?
...acho que não.
Era o ganache da época.
Mas casamento, pede pompa e circunstâncias...eis o coração em que crescia o bolo.
Decorava as duas massas de pandeló
Gostoso falar assim juntando a palavra.
O coração virou um quadro na minha cozinha.
Eu tinha dois bonecos feito de pano, um casal de velhinhos, acomodei eles sentados como se o coração fosse um banco de praça.
Achei tão assim....
" e foram felizes para sempre!"
A réstia de cebola, botei do lado.
Cebolas em toda sua totalidade.
Raiz e folhas.
Formam uma trança, me lembram do emaranhado da vida.
Do lado o pote de pó de café.
Do resto, vou bem, obrigada.
Minha mãe me deu o coração.
Por ele vou fazer bolos.
Assim, misturando qualquer ingrediente, e assando na forma.
Uma forma, é justa.
Dali nada escapa.
Justamente, o que preciso.
Vivi Ame...Viviane Mendes
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