domingo, 28 de junho de 2020

O amor é a resposta....sempre.Aconteceu numa sexta-feira.Eu tava na rua e tava com fome.Não como qualquer coisa, fui fria e calculista...passei no mercadinho Tobaro para pegar um queijo branco e comer com meu pão feito de trigo sarraceno. Sim...isto é um luxo.Daí pra diante...até eu conseguir comer foi uma epopeia.Estacionei o carro no aeroclube.Esqueci que eu estava com um saco de ração de 20 quilos no carro e várias sacolas de supermercado.Estava começando a chover...Dei uma olhada ao redor...nenhum homi disponível.Resolvi encarar, segurei o saco de ração, e percebi que tinha que equilibrar, pois ao colocar no carro ele rasgou.E...as sacolinhas de mercado...e a força,...e a chuva e a fome, e a gratidão por poder chegar em casa com alimento com tanta gente passando fome.Viro a esquina, cambaleando...percebo um cachorro perdido do outro lado da avenida, olhando para mim, aliás como sou paquerada por cães errantes!E meu ''louquinho de estimação no portão''.Meus cachorros fazendo um troupé...aquela latição sem fim e que irrita até budista praticante.Bem...vamos ao '' louquinho''.Se trata de um freguêis assíduo, beudinho...beudinho.Aperta minha campainha, um dia sim, e o outro também.Muito educado, adepto do por favor e obrigado.( coisa que é escassa em muita gente)E eu nesse ''grau'' que descrevi.Um olho na chuva, um olho no cachorro perdido, um buraco no estômago, com a trilha sonora da latição.Tentando entender o que ''meu'' beudinho falava.Com muita insistência e dedicação consegui entender que ele queria que eu cozinhasse macarrão pra ele.Tive um surto na calçada.Tipo: ''Eu não aguento mais você!!! Toda hora no meu portão. Eu sou boa, mais num sou paiaça, rapaiz...prestenção! Cê tá me tirando...Ele disse: ( Com voz de beudo) ...é que não tá fácil não. Eu emendei :Ahhh num tá fácil...e tá pior pra mim que tô veno tudo e num tou beuda que nem vc. Ele riu...e concordou.Ele me pede para por o celular dele para carregar....e se tocar atender e falar para ligar depois.Ele pede para lavar a roupa dele.Ele aperta a campainha de noite para eu ascender o cigarro dele.Eu faço tudo.Só não acendi o cigarro.Achei que precisava me impor.Falei que não ia cozinhar macarrão coisa nenhuma, que tinha banana e iogurte, se ele queria...ele aceitou.E...chovendo...e eu vendo o cachorro do outro lado da rua.Os nervo atacado...o ''louquinho'' me viu brava, irritada e xiliquenta.Pediu desculpas, disse que queria que eu falasse com carinho com ele...que assim não ''adiantava''.Fiquei com o coração partido e com a cara no chão.Ele foi embora...foi a última vez que eu o vi.Ainda no vuco vuco, catei ração e fui atrás do perdido que me olhava...chegava perto jogando ração e o bicho corria.Entreguei para Deus.Entrei em casa.Meus gato tudo miando com fome.Meus cachorro querendo atenção.Minha fome...foi pras cucuias.Abri um vinho.Queria ter digitado isso no dia...mas não deu.De tudo, de tudo...só ficou uma coisa na minha cabeça:Aconteça o que for, fale com carinho.Esse dia eu perdi.Eu perdi a paciência.Perdi o cachorro perdido.Perdi meu ''louquinho de estimação''Perdi a fome.Perdi a chance de ser gentil.Perdi.Me arrependo...pois o ''limite'' nos limita.E......o carinho conforta.E...o amor é a resposta.Viviane Mendes

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