quinta-feira, 11 de junho de 2020

...escutei a filha comentar com alguém que ele estava com falta de ar.Estavam ao meu lado.Me ofereci para ajudar, pela localização estratégica da minha casa, tenho remédio para asma, e...uma garagem, caso precisassem estacionar o carro.Num evento do tamanho que foi a festa no Aeroclube de Bauru, minha humilde garagem, tava valendo ouro.A filha me disse que era emoção....ele estava emocionado com os aviões rasgando o céu em acrobacias e fumaça.Nesse ponto da conversa, falando de emoção, eu já comecei achar o céu desinteressante.Eu confio em quem se emociona.A filha me contou que o nome dele é Mauro Napolitano.Para eu guardar o nome, pensei no sorvete napolitano que minha avó comprava para ser sobremesa aos domingos.Ele tem 88 anos.Veja bem, 88, é quase 90.Ele trabalhou no Aero com 18 anos e é apaixonado pela aviação.Eu, que moro aqui há quase 20 anos, já carrego uma certa nostalgia no olhar quando me lembro das árvores que já não existem mais, para dar espaço para o progresso.Num é assim que se diz?O mundo anda para frente.Mas, fiquei olhando para o céu azul dos olhos dele.Metida que sou, fiquei tentando adivinhar seus pensamentos.De lá para cá, tanta coisa mudou.O comportamento das pessoas, as roupas, a música, os celulares apontados para o céu.E eu, tentando captar o tanto de céu que tinha nesse olhar.Céu por céu, num azul de fim de tarde de outono, eu fico com a emoção, pelas folhas secas que o vento leva da vida da gente.Viviane Mendes

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