terça-feira, 23 de junho de 2020
Aqui na rua onde eu moro passa muita gente caminhando, correndo e pedalando...poucos usam máscaras. Passeiam em grupos.Conversam como se as gotículas invisíveis não existissem. Aqui no meu portão eu vejo uma fatia do mundo.Sou a única moradora do quarteirão. ...o resto é comércio.Sento na soleira da porta para tomar o café. Só observo o que rua me mostra.Tem meus pedintes de sempre que sabem que aqui tem gente e que não nego comida, nunca.Mas hoje, eu vi um casal idoso atravessando a rua, os dois de máscaras e um se apoiando no outro.A cena era tão comovente.Sabe minha gente...Quem já sofreu perdas severas na vida, fica mais atento aos buracos na rua.Quem tem como preocupação a perda de colágeno ainda não envelheceu.Tudo cai.Despenca.Só não pode cair aquele que nos oferece o ombro, a mão e o coração.Eu vi tanto cuidado nesse atravessar a rua...Fiquei pensando nos remédios que eles tomam.Se ainda dirigem...Será que tem filhos?Se comem de marmita, se vão ao supermercado e se o geriatra dos dois é o mesmo.Será que ele teve amantes?Não sei se foram felizes ou se são boas pessoas.Não sei nada.Única coisa que eu vi é que eles tinham um ao outro para atravessar a rua no meio de uma pandemia....se for ver, só isso importa.Vivi Ame, Viviane Mendes
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