sábado, 23 de maio de 2020

Da licença, eu preciso falar:...me lembro do azulejo verde claro da cozinha.Azulejo antigo, medindo 15x15 cmA pia era de inox.Minha avó tinha orgulho em ostentar pia de inox.Ela tinha a coluna torta e ficava na pia, cortava o alho todo fatiadinho.Me lembro de todas as panelas dela, milimetricamente arrumadas dentro do armário com fundo de toalha xadrez de verde e branco com chochê marrom dando acabamento.Tinha uma gaveta só para guardar tampas.O fogão era marrom.A geladeira, era vermelha.Dizem que foi meu pai que escolheu a cor.Eu, sentada na enorme mesa de fórmica marfim, falei para minha vó:- Adorei essa comida!...silêncio.Repeti a frase mais alto:-ADOREI ESSA COMIDA!...ela falou baixinho:-Eu ouvi...Virou para mim enxugando as lágrimas e completou:- ...eu tava sem coragem de fazer, era a comida preferida de seu pai.Foi assim que eu fui apresentada ao pimentão vermelho recheado.Vai ser meu jantar hoje, recheado com carne de soja, bem temperado com cebola, alho e salsinha, como minha avó Tatinha fazia.Traduzindo:Emponderamento culinário de cura do passado, no eterno agora, promovendo o pragmatismo ilusório de ressignificações futuras nessa utopia desgovernada, a qual levamos tudo tão a sério para um dia acabar em nada.Vivi Ame.......................Viviane Mendes

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