segunda-feira, 25 de maio de 2020
Carta de despedida:Um terreirão, ou melhor acho que eram dois ou três na fazenda.Uma montoeira sem fim de grãos de café secando ao sol.No final do dia os empregados da fazenda rastelavam tudo e cobriam com uma lona, eu ajudava...adorava.A lona fica presa com uns pneus velhos para o vento não levar...E tinha uma tuia, pensa numa tuia bonita...eu ficava me imaginando ''morando'' lá dentro. Uma casa excêntrica, com uma vista para as montanhas. Tinha tantos e tantos milhares de pé de café, perdiam de vista.Eu andava em cima do caminhão de bóia fria...com os braços abertos para receber o vento, no ''estilo Titanic'' .Devia ter uns 13 anos, e esse era meu registro de felicidade e liberdade.Eu conseguia ver a maravilha do rio Paranapanema ''abraçando'' a fazenda.Era tanta água, tanto céu, tanto verde e tanta montanha!Minha avó torrava os grãos de café...o cheiro, ahhh meu Deus, quanta saudade.Parece que estou vendo o torrador preto manual e minha avó girando a manivela para não queimar os grãos.Nunca imaginei que o que era comum, ia se tornar um nunca mais.Essa é minha carta de despedida.Acho que a memória é uma invenção de Deus para gente revisitar alguns lugares do passado.Porém, cabe a nós não fazer da memória uma clausura.Afinal, a vida segue...e agente tem que se apressar e seguir junto.Muito respeitosamente me despeço dos meus antepassados.Vou colher meus sonhos longe daqui.Viviane Mendes
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