terça-feira, 3 de setembro de 2019

Preciso de um banho: ... queria fazer valer um pacto entre a Viviane que escreve e a Viviane que delira. A que delira, é a que te descreve a vontade da que escreve. Queria tomar um banho. Banho de rio. Como se eu fosse um bicho. ...se esquecendo que eu moro dentro de mim. Sem sabão, sem proteção, e principalmente sem ilusão. Preciso de um banho. Para sentir a pele limpa da alma esfolada. Onde somente os animais pudessem me ver como sou. Entregue, ingênua e desprotegida. Queria beber o suco das frutas recém colhidas na floresta. ... para matar a sede de sempre e que nunca teve nada. Preciso sentir a cachoeira penteando meus cabelos molhados como se rezasse um rosário sagrado. Talvez, a cachoeira me vendo com os olhos serenos, tivesse vontade...de puxar meu cabelo do lado e... apenas verter um óleo na minha nuca e observar ele descer pela coluna. Descendo como água que escorre das montanhas, sem nenhum obstáculo. Descendo na pele morena, um caminho dourado, como o por do sol que se reflete no lago. Minha tribo foi extinta. O óleo sagrado das árvores não mais existe. Sou apenas saudade. Do ar puro que eu respirava. Das lutas que eu enfrentava. Dos pactos de sangue que eu fazia com as plantas de poder. Sinto falta do mistério das cavernas que me convidavam a entrar...apenas com uma poça de água de chuva na entrada, como se fosse um tapete. Entrar no desconhecido mundo do amor. Onde o óleo é ungido, apenas pelo destino. Especialmente preparado para as almas que não recusam a dor. Da minha tribo, só sobrou o sinal de fumaça, que agora transformo em palavras para me comunicar. Vivi Ame...Viviane Mendes

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