quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Eu tenho uma cadeira vagabunda que custou 45 reais.Tem aqueles fios de plástico tudo enrolado. O fio partiu, eu emendei.Botei um travesseiro no assento, ajeitei uma almofadinha nas costas....e virou meu trono.Eu sento e não consigo levantar....super confortável. O principal, é que tem uma posição estratégica. Eu vejo quem passa na calçada. E quem passa não me vê. Parece que eu fico de tocaia.Fiz uma arte perto do portão com um grande escorrido de tinta pela calçada.Um convite a instigar da onde aquilo escorreu.E aqui, feito uma majestade, com o quintal já varrido, os bichos já alimentados e os whats respondidos, degusto meu elixir matutino, conhecido como café. ...escutando os comentários dos transeuntes.Passa os mano, e falam:- Olha a brisa da mina.....cara....lacrou.Passa os senhores distintos, desviam para não pisar.Passou agora uns moradores de rua...Uns três...Ficaram olhando...e mandaram:- Fala sério, essa domina!E outro, continuou:- Tá consagrada!!!!!Pausa.Fui pegar outro café. Voltei e na cadeira sentei.Passou uma senhora com a netinha.A criança queria olhar.De certo nunca viu tinta colorida na calçada. Mas a senhora apertou o passo, puxou a menina pelo braço. A arte, assim como a poesia, é um encontro.Vivi Ame, Viviane Mendes .

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