quinta-feira, 8 de outubro de 2020
....escrevi ontem.Dona Eugênia, era o nome da minha vó.Cortava o alho fino como um papel.Ela que me ensinou escolher as laranjas mais doces no supermercado.Falava:-Vivi, escolhe as mais enferrujadinhas...Minha vó passava paninho com álcool na mesa...O prato era duralex cor de caramelo.Um prato de comida, apenas.Pode matar a fome.Mas...pode driblar a saudade.A saudade, não se mata, ela é viva.Apenas adormecida.Hoje, lembrei da minha avó.Do tempo que ela cuidava de mim.Ela cozinhava um talharim alho e óleo.Era imbatível.Fiz o mais parecido que eu pude.Jantei e encurtei o fio sem fim da saudade.Num dado momento, o tabuleiro inverteu e o jogo mudou.Fui eu que cuidei e cozinhei para ela.Um prato de comida, apenas.O tempero, a panela e a cozinha.E a memória acorda como se não houvesse tempo.As memórias afetivas nos perseguem.Algumas pessoas que eu convivi dizem sentir saudade de mim.Mas, era apenas um prato de comida que eu servia na minha cozinha pequena.Eu não fui servida.Servi, inúmeras vezes e sem preguiça.Foi isso que deixou saudade em algumas pessoas.Eu, agradeço minha vó, das minhas lembranças, sei de cor e salteado todo cardápio daquela cozinha de azulejo verde claro.E principalmente, como é gostoso ser cuidado por alguém que, na panela põe mais do que comida.Um prato apenas, é um agasalho na vida.Eu, teci minha própria manta.Mas a Dona Eugênia me deu a linha.Vivi Ame.....Viviane Mendes
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