quarta-feira, 8 de maio de 2019

Meus filhos são uns desnaturados. Hoje, 8 de maio, além de ser dia das mães, é dia do artista plástico. Talvez eu acabe velha, sozinha, num asilo. Tirei da minha boca para dar para eles...quantas vezes não deixei que eles percebessem meu choro travado na garganta... Quantas vezes chupei a angústia lentamente...como quem chupa uma bala soft, grande e dura de derreter. Chupei para não morrer engasgada por ela. Eu precisava viver para criar a cria que me foi destinada. Para meus filhos, dei o meu melhor. Transmiti meu entusiasmo, assim quem sabe eles se tornam ''pessoas'' melhores do que eu. Criei, dei tinta, lantejoula... alimentei com botões, amamentei com meus sonhos. O meu pior guardei para mim. Meus filhos estão por aí ...esparramados nesse mundão de meu Deus. E eu , continuo aqui, parindo ARTE. Sou um bicho que se reproduz e produz. Minhas obras nem sequer se lembram de mim. Para elas não existe '' dia das mães'' Eu, sou apenas um ''enfeite'' nesse mundo. Bonitinha e ordinária. Uma lunática desprendida do sistema capitalista...pensam alguns. Vivo de luz...pensam outros. Sou filha das estrelas, minha mãe de criação é o planeta terra. Eu vivo como minha mãe me ensinou... Vai, acredita, você consegue!!! Sou uma refém do meu talento. Apenas isso...escolhi um cativeiro chamado ARTE. Deveria gritar e chantagear como algumas mães, no melhor estilo: ''Vocês só vão me dar valor quando eu morrer!!!'' Se eu empinasse o nariz e me trancafiasse numa galeria? Como fazem alguns pais matriculando o filho num colégio interno. Só o que é restrito tem valor? Sou mundana...sou da rua com a soberania da lua. Minha mãe me ensinou duas coisas: Liberdade e responsabilidade Eu crio meus ''filhos'' como minha mãe me criou. Para o mundo...onde minha presença se torna desnecessária... pois eles tem meu DNA. Como pode a beleza ficar presa que nem santa no altar? Viviane Mendes

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