quinta-feira, 30 de maio de 2019
Então...sim é uma caveira. Sobre a morte: Em dia de enterro...até que a morte nos reúna. Queria estar aí. Te consolar, ouvir as histórias, chorar junto... Ver os seus parentes chegando. Queria estar aí para reparar na roupa das pessoas... Tomar o café da sua mãe. Prosear com ozotro. Eu ia arrumar a cozinha, para adiantar sua vida, faria bolinho de chuva, faria até um bolo. Tem hora, nessas horas que a fome bate. Queria reparar na turma...quem é gordo, quem é magro, sempre tem um cafona, um chato, um espiritualizado. E se o defunto não estivesse em ordem, eu ajeitaria o batom, as flores, se a boca estivesse entreaberta, eu retocaria...com super-bonder, ajeitaria se a peruca estivesse torta. Da minha mãe estava, eu não ''ajeitei''. Queria fazer uma oração no pé do ouvido do defunto. Ia contar que a morte não existe... Mas...estou aqui. Presa dentro de casa, em comunhão com a chuva. No auge do meu egoísmo...tenho a pachorra de escrever... A dor te consome...e eu sou consumida pela poesia. No meu destempero, queria te ajudar, rezo para o tempo passar. Pinto um quadro ... E digo para você que tudo vai passar. E vai chegar um dia de alegria. Quem sabe num dia frio e chuvoso como este, você vai estar tomando um vinho tinto. Celebração é ir além da fronteira de nosso cotidiano. Um tributo a vida. A liturgia...do amor e da arte. Palavras de uma artista que conhece detalhadamente a dor da perda. Creia...ela passa. Obs. Na hora de abrir o túmulo eu nem ia ligar para as baratas...eu não sou de mixarias...eu ia olhar para o céu a procura dos anjos. Viviane Mendes
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