sábado, 25 de maio de 2019
Carta de despedida: Um terreirão, ou melhor acho que eram dois ou três na fazenda. Uma montoeira sem fim de grãos de café secando ao sol. No final do dia os empregados da fazenda rastelavam tudo e cobriam com uma lona, eu ajudava...adorava. A lona fica presa com uns pneus velhos para o vento não levar... E tinha uma tuia, pensa numa tuia bonita...eu ficava me imaginando ''morando'' lá dentro. Uma casa excêntrica, com uma vista para as montanhas. Tinha tantos e tantos milhares de pé de café, perdiam de vista. Eu andava em cima do caminhão de bóia fria...com os braços abertos para receber o vento, no ''estilo Titanic'' .Devia ter uns 13 anos, e esse era meu registro de felicidade e liberdade. Eu conseguia ver a maravilha do rio Paranapanema ''abraçando'' a fazenda. Era tanta água, tanto céu, tanto verde e tanta montanha! Minha avó torrava os grãos de café...o cheiro, ahhh meu Deus, quanta saudade. Parece que estou vendo o torrador preto manual e minha avó girando a manivela para não queimar os grãos. Nunca imaginei que o que era comum, ia se tornar um nunca mais. Essa é minha carta de despedida. Acho que a memória é uma invenção de Deus para gente revisitar alguns lugares do passado. Porém, cabe a nós não fazer da memória uma clausura. Afinal, a vida segue...e agente tem que se apressar e seguir junto. Muito respeitosamente me despeço dos meus antepassados. Vou colher meus sonhos longe daqui. Viviane Mendes
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