sexta-feira, 30 de julho de 2021
DESCULPA A SINCERIDADE. (estou ficando velha)Eu choro na cama por motivo besta....e com motivos sérios dou de ombro.Não quero enganar ninguém!Tem uma meia duzia de gente que me acha iluminada...Mano, eu tou num grau mental...Dasveiz eu pego um pra Cristo, e converso dia INTEIIIRINHO QUESSA PESSOA.( converso mentalmente...conto TUDO que por uma questão de sanidade não conto por aqui)Sobre hoje:....resolvi dar um gelo naquele limpador.Fiz muita propaganda de graça.Sa semana garrei tesão na pasta de sabão que promete brilho nas coisas e no limpa alumínio.Peguei um bombril e só parei nora que cabei ca vida dele.Ficava limpando as coisas, as tampas de panela de alumínio fajuto, as taças....Duas taças.Preciso ser honesta, se aparecer o terceiro elemento, eu passo vergonha.Botava na luz da janela pra ver se estava brilhando mesmo.Taqueupariu...pensei na vida.Nas pessoas....nas razões das pessoas.Outro dia uma pessoa me convidou para comer um bolo de fubá para ''ressignificar'' a amizade.Não aceitei porque não tive vontade.Daí pensei:-Noooffa como eu sou criança.RESSIGNIFICARA palavra do momento.E eu...nada.Hoje caiu a ficha.Amizade se finda quando a gente perde a vontade de contar a vida da gente.Eu perdi o tesão de dividir o que antes eu dividia.Respirei aliviado.E pra num perder a rima brega, me aliviei do meu pecado!Vida que segue.Fui eu mesma retocar meus cabelos brancos.Enquanto esperava a tinta me fazer moça novamente, peguei um pente e dei um trato nas vira lata.Tal e coisa, ''coisa e tal''....e sem pagode, fui aproveitar o fim do dia para comprar comida.Comida para mim, inclui páprica defumada.Um moço me abordou no cruzamento da Av. Rodrigues Alves com o malabares na mão e pediu:-Dá um sorriso.Pensei:-Teu cu.Ele insistia, e o maligno se apoderava do meu corpo.Até que eu falei:-Moço, um sorriso num se pede para ninguém.Ele, no malabares até o sinal abrir, repetia minha frase e dizia:-NUNCA alguém me falou isso!!!Daí eu ri.Com todos dentes brancos e alinhados que eu tenho na minha boca.O sinal abriu, dei umas moedas e fui.Mas...os pensamentos me acompanharam...ESCUTE BEM.Tem coisas que não se pede.Não se pede para sorrir.Não se pede:- Me chupa!!!TEM COISAS que tem que rolar....Não se pede para comer um bolo de fubá quando a amizade azedou.E...se alguém não sabe disso.Taqueupariu, tem que ressignificar a existência. Vivi Ame, Viviane Mendes
sexta-feira, 23 de julho de 2021
Num gosto de nada muito arrumadinho.
Me soa artificial, feito lugar que a gente vai e nota o esforço para agradar.
Tem coisas que deveriam ser simples e eficientes.
Feito um café com um pão na chapa.
Também me irrita gente muito simpática.
Me parece louça decorada com comida fria.
Sabe gente, as coisas boas e verdadeiras, apenas são.
Num precisa de batom.
Nem o recheio do bombom é necessário, se o chocolate é bom.
Mas as pessoas são caricaturas.
Os lugares são point.
E as comidas precisam ser reinventadas para ser atrativas.
Tudo desnecessário.
No fundo, uma casinha branca com varanda é tao simples, que se torna extraordinário.
Uma sargeta quebrada, um cabelo desalinhado, um cheiro de café no bule tem charme.
E charme não tem preço.
Ninguém ensina.
O charme é.
Apenas é.
Tudo que requer esforço, maquiagem e ensaio tem beleza, mérito e valor.
Indicutível.
Mas charme, não tem receita.
O charme é justamente o contrário do arrumadinho.
A despretenciosidade é mãe do charme.
Vivi Ame...Viviane Mendes
quinta-feira, 22 de julho de 2021
Já contei de que fui uma criança doente, né?
E sobre cereja???
Bem...
Tudo que me dava era muito intenso.
Reumatismo no sangue, perigo da febre aumentar.
...poderia ser fatal.
Só de benzetacil foro deiz ano.
Affffff.....
Sinusite de operar rasgando a gengiva...enfim, uma desgraceira.
Cortizona a dar com pau!!!
MAS O TEXTO NÃO É TRISTE.
Bem...tomei remédio adoidado.
Ozmédico recomendavam:
" um copo de leite" prá num tomar com estômago vazio.
Eu ODEIO leite.
( odeio, tenho nojo, asco, repulsa)
...do presidente também.
Num posso perder a oportunidade, ceis me entendem, né?
Minha avó sabia sobre o leite.
O que ela me dava???
Cereja ao marrasquino
Amo cereja.
Precisa ser em caixa alta:
ÀMOOOO CEREJA!!!
Hoje, do nada num rompante saudosista larguei a compra no caixa do mercado e fui " colher cerejas"
Num tinha.
Tinhalá duma marca que eu através de premonição me abstive de efetuar a compra.
Aquilo num devia ter gosto igual.
E eu não tou a fim de me frustrar.
Eu quero prazer.
Também deveria ser em caixa alta, mas me soa arrogante.
Estar vivo, deveria bastar.
Queria o vidrinho igual minha avó comprava.
Significava tanto para mim.
Aquele sabor licorado...
O vidro era tão pequeno e caro.
Ela num deixava faltar.
...era tanto amor.
Eu me sentia sendo cuidada.
É isso.
Fantasiosamente faço de conta que sou minha avó.
Xapralá.
Cacei com gato mesmo.
Abri uma Heineken.
Cozinhei um brócolis com grão de bico e bora garrar no pincel.
Eu, como minha avó, tenho mania de varrer a casa todo santo dia.
Essa parte eu já fiz.
Mas...e a cereja hein???
Alguém sabe onde tem?
Obs.
E esse corretor automatico, eu escrevo hein, ele digita:
Heineken.
Vivi Ame...Viviane Mendes
domingo, 18 de julho de 2021
Aconteceu comigo:
...eu sei de uma coisa,
ou,
tenho certeza absoluta de algo envolvendo fatos, lugares e pessoas.
Eu gosto de manter uma palavra ao meu lado.
Palavra tão pequena e ao mesmo tempo gigante em significados.
Uma palavra que é generosa com o outro, pois dá a gentil oportunidade dele recuar, refletir, ou, na melhor das hipóteses, se informar sobre determinado assunto.
A palavra é SERÁ?
Ao mesmo tempo sinaliza minha arrogantada humildade.
Deláscá né?
O processo evolutivo é uma bebida agridoce.
Cê nunca sabe a hora que bateu.
A gente vai bebendo e phááá!!
Quando cê acha que sabe, cê num sabe.
Na maioria das vezes, a conta cai no meu colo.
O outro, nunca está disposto a se informar.
E eu fico na equação:
Foi melhor não esfregar a verdade.
Assim existe a chance do outro descobrir e passar a vergonha a sós.
Cá entre nós, passar vergonha a dois, num é legal.
Eu sinto um prazer meio mórbido em saber que a pessoa passou vergonha sozinha.
Fazêoquê?
Não sou a luz das estrelas e nem a letra A em meu nome.
Deixo isso pro Raul.
Ou,
Deveria ter dito a verdade e emudecido.
Depois da verdade dita, só o silêncio a sustenta no pedestal.
Tipo assim, bem emponderada no tantrismo existencial do útero sagrado.
Com a ignorância, não existe nenhuma palavra.
O ignorante tem orgulho.
Não me refiro a ignorância que todos nós temos em inúmeros fatos.
O ignorante, em questão, fala e repete em alto e vergonhoso tom, algo que ele desconhece, por necessidade de ostentar algum conhecimento.
Triste viu...
A gente fica numa saia justa.
Vivi Ame...Viviane Mendes
sexta-feira, 16 de julho de 2021
Em casa de ferreiro, o espeto não deve ser de pau.
Eis meu ❤
Achei que ficou receptivo.
Sinto prazer em olhar para ele.
Desconfio que isso é amor próprio.
A tinta vermelha escorre do coração e faz uma poça no chão.
Ele é fogo que queima e transforma.
Cheio de códigos sagrados.
Um escudo.
Uma fortaleza.
Olho e me vejo num espelho.
Foi feito com mais de um quilo de cimento.
Ficou pesado.
Não é qualquer desavisado que carrega.
A base foi um pedaço de árvore que eu peguei na rua.
Sustentou a arte.
Ele é emoldurado por conchas que ganhei.
A vida traz.
Decorei com flores, rendas, pedrarias e um cordão dourado.
O Diabo não entra.
Tem a cor azul turquesa.
Para recepcionar a sua alteza.
O verbo AMAR que tem o inquestionável poder de curar.
Vivi Ame...Viviane Mendes
quarta-feira, 14 de julho de 2021
14 de julho - 13 anos da morte da minha mãe.
...enfim chegou o grande dia.
Eu ia poder escolher meu presente de dia das crianças nas lojas americanas.
Me lembro do corredor e da prateleira da loja.
Era como se eu tivesse subido na vida, e lá estava meu troféu.
Não iam me dar qualquer coisa.
Poder escolher, é muita responsabilidade.
E minha mãe permitiu.
Meu equívoco na vida começou aqui, teve dia e lugar.
Uma criança querendo mostrar que vale a pena sua existência.
Cuspindo na infância que comeu.
Emponderada no livre arbítrio, escolhe um ferro de passar roupa.
O diabo já tinha amassado o suficiente.
A criança dotada de discernimento, viu o preço.
Dava para pagar com o valor da sua inocência.
Ele, ligado na tomada, fucionava.
A criança desligada da infância também.
Era uma dupla de futuro.
Carreguei comigo até aqui.
O que eu não sabia, é que ele, cumpriu sua função.
Passou minha vida à limpo.
Não passo minhas roupas.
E perdoo a coitada que que achava que a vida tinha que ser prática, responsável e útil.
Agora, sem roupa, escrevo poesia.
E o ferro quente que nunca me feriu, virou enfeite.
De tanto tentar alisar uma vida amassada por uma realidade pesada, ela cresceu e o ferro diminuiu.
Ninguém nunca soube da existência dele.
Não sei se ainda funciona...
Mas, eu, encontrei a tomada onde ligar meus desejos.
Regulo a temperatura das minhas vontades.
O ferro é lembrança, feito algema pesada de escravo.
A criança conquistou sua alforria.
Cavei uma cisterna com minhas mãos,
pincéis me ajudaram e as palavras que brotam do meu coração são minha companhia.
Sou potável.
Os cistos que eu cultivava feito bicho de estimação,
matei, arrancando para não virar tumor.
E, cauterizei com ferro quente.
Num largo coisa pela metade.
Subir na vida permite parar num degrau para recuperar o fôlego.
Só desço do pedestal que esse nunca foi meu lugar.
Vivi Ame...Viviane Mendes
Minha mãe morreu no dia 14 de julho, dia da Revolução francesa. Ela amava a França.
Hoje percebo que ela ter permitido essa escolha bizarra de presente de dia das crianças, foi para eu fazer uma revolução interna.
Agradeço.
terça-feira, 13 de julho de 2021
Há de se cuidar para não desmerecer a vida.
Em dias comuns, somos desatentos.
Não prestamos atenção no soldado que luta ao nosso lado, não deve estar ferido...concluímos por conveniência.
Caímos em valas que cavamos com nosso pouco caso, e pior, nem percebemos.
Nenhum evento, sem roupa especial, longe de olhares
a nossa vida corre miúda.
Ou na beira do fogão, na beira da estrada, ou, na beira do copo.
De meia e chinelo.
De pijama de algodão.
Algodão é o tecido que quanto mais velho, mais gostoso fica.
O conforto é lei que ninguém ousa discordar.
Sem palco, sem testemunha, sem cabelo arrumado e sem roteiro.
O vestido caro fica preso no armário e dependente de circunstâncias que libere seu alvará.
A vida, aquela que confundimos como existência é definida pelos batimentos cardíacos.
A existência é o merecimento de estar vivo.
Existir é evoluir em atos e palavras.
Existir é perceber sem ninguém precisar mostrar.
Existir é sentir que a dor do outro, a qual julgamos sem nenhum constrangimento, é legítima.
O outro, também existe e não é seu adversário.
Nesses tempos de luta, estar vivo, é uma glória.
Existir, é tão humano, que só pode ser divino.
Vivi Ame...Viviane Mendes
Estou fazendo 3 quadros ao mesmo tempo.
Hoje parei tudo.
Resolvi fazer massa de cimento.
Estou fazendo um coração duro como concreto.
Fui comprar mais cimento.
Tem arte que tem prioridade.
Estou fazendo um coração pra mim.
O meu anda flácido.
Quero um coração duro.
Vou pregar na parede.
E vou mostrar.
Olha lá como ele é viril.
É meu coração latejando!
Pise com cuidado...
Se ele quebrar, todos vão notar.
Dentro do peito o coração sangra, e a gente continua de pé.
Num vejo a hora de amanhecer.
Um café bem quente.
Sol.
E eu, curando as cardiopatias que permiti.
Agora é assim.
Faço minha cirurgia.
De louco, tenho um pouco.
A medicina da arte, tenho muito.
Vivi Ame...Viviane Mendes
segunda-feira, 12 de julho de 2021
A gente morre de medo de perder.
Medo do amor virar estatística.
Tantos protocolos seguidos à risca.
Mas...
A gente morre e mata em cada segundo.
Eu mesma descobri que morri para algumas pessoas quando elas começaram a me achar desinteressante.
E, também matei.
...quando percebi que produzir conteúdo, cansa.
Cansar é humano.
A gente é desinteressante.
O mundo é apelativo.
O amor é o que costura as relações.
Costurar é divino.
Pregar botão onde a conta não fecha, acho sublime.
No fundo, a gente é muito desinteressante.
Bendito os bordados coloridos que faz qualquer trapo merecer ser olhado.
O amor é o cuidado.
O amor é a linha.
Apesar dos desalinhos...
O amor é o alinhavado no verso.
Na prosa.
No cotidiano.
Do pano, do tecido e do interesse.
Nós, rotos, rasgados e carcomidos por traças ainda vivos nos costuramos um ao outro.
Costurar é divino.
Já disse isso, né?
Vivi Ame...Viviane Mendes
sexta-feira, 9 de julho de 2021
A pandemia nos roubou.
Acho que nunca estivemos tão superconectados e isolados.
A conexão, se não for interna é solidão.
Já o isolamento pode ser companhia.
Vivemos de passado.
Num presente tão insosso, o passado pode servir de alimento.
Mas é frio.
Se mantém conservado a baixas temperaturas, por isso se conserva.
Para não passar fome, sem energia e sem gás, a gente come comida gelada.
O futuro, tão frágil é comida que se prepara no dia.
Estamos a beira do fogão, sem exceção.
Ou, na iminência da fogueira.
Todos cozinhando seu alimento.
Se morre e se mata por inanição.
Somos tão criativos, né?
Vestidos de auto importância para disfarçar nossa inabilidade em relacionamentos, sentimentos e emoções.
Que paradoxo padecer no presente.
Para quem gosta de comida quente, é bom aprender a cozinhar.
Olhar para a panela ao lado.
Reparar se na pressão, a batata num vai derreter.
E...se virar pasta, aprenda a fazer purê.
Comida queimada, vai para o lixo.
A pandemia nos roubou brilhos externos.
Agora, cabe cavucar a mina com as próprias mãos para encontrar qualquer tesouro que valha a pena.
Para quem segue a vida como se nada tivesse acontecendo, esse texto não tem voz.
Aliás nenhuma voz, gemido, grito ou sussurro é capaz de tocar quem está completamente enamorado de si.
A paixão é faca cega, surda e amolada.
Vivi Ame...Viviane Mendes
quinta-feira, 8 de julho de 2021
Aconteceu numa tarde de pandemia:Dentro da caixa preta, encontrei vozes gravadas.Ouvi.Minha avó me dizia que estou ficando igual a ela, abaixando para catar qualquer cisco que tenha caído no chão.Minha mãe dizendo: o corpo é seu e você faz o que quiser e evite o auto elogio.Escutei meu pai...que nunca ouvi pela morte prematura, mas me deixou recomendações por escrito.-Não perca posse de si mesma.Dei ouvido até para a tinta amarela que teimou em entrar no quadro.Dentro da caixa preta, escutei o que meu bom senso recomendava para o almoço.Mudei de ideia porque não sou meu bom senso.Ouvi um gemido, era meu joelho pedindo para alongar.Escutei a voz do mundo, era muito barulho, nada eu identificava como seguro.Ouvi um tambor, era meu coração.Resolvi criar uma musica.Afinal, tantas vozes...O problema é que muitas estão desafinadas.Arrisquei lacrar a caixa preta.Fui para o jardim, catei um ramo de arruda prendi no cabelo e pedi para ela cuidar de mim.O alecrim me olhou de atravessado como se fosse me recomendar juízo.Abri meu coração para ele, pedi perdão pela situação.Não quero vozes que ficaram guardadas na memória e que da minha vida de agora, nada sabem.Quero som que sopra em silêncio...Como se eu estivesse nascido ontem.Quero ser como a rosa.Esbanjando minha vulnerabilidade sem medo.As rosas crescem com as podas.Tive medo, e Senhor Deus... Gracias por me livrar de ser uma bela flor de plástico enfeitando a casa e confundindo as visitas.Aqui onde essa bota pisa, é chão de terra batida.Se tudo me é sagrado, onde mora o meu pecado?Vivi Ame, Viviane Mendes
Aconteceu numa tarde de pandemia:
Dentro da caixa preta, encontrei vozes gravadas.
Ouvi.
Minha avó me dizia que estou ficando igual a ela, abaixando para catar qualquer cisco que tenha caído no chão.
Minha mãe dizendo: o corpo é seu e você faz o que quiser e evite o auto elogio.
Escutei meu pai...que nunca ouvi pela morte prematura, mas me deixou recomendações por escrito.
-Não perca posse de si mesma.
Dei ouvido até para a tinta amarela que teimou em entrar no quadro.
Dentro da caixa preta, escutei o que meu bom senso recomendava para o almoço.
Mudei de ideia porque não sou meu bom senso.
Ouvi um gemido, era meu joelho pedindo para alongar.
Escutei a voz do mundo, era muito barulho, nada eu identificava como seguro.
Ouvi um tambor, era meu coração.
Resolvi criar uma musica.
Afinal, tantas vozes...
O problema é que muitas estão desafinadas.
Arrisquei lacrar a caixa preta.
Fui para o jardim, catei um ramo de arruda prendi no cabelo e pedi para ela cuidar de mim.
O alecrim me olhou de atravessado como se fosse me recomendar juízo.
Abri meu coração para ele, pedi perdão pela situação.
Não quero vozes que ficaram guardadas na memória e que da minha vida de agora, nada sabem.
Quero som que sopra em silêncio...
Como se eu estivesse nascido ontem.
Quero ser como a rosa.
Esbanjando minha vulnerabilidade sem medo.
As rosas crescem com as podas.
Tive medo, e Senhor Deus...
Gracias por me livrar de ser uma bela flor de plástico enfeitando a casa e confundindo as visitas.
Aqui onde essa bota pisa, é chão de terra batida.
Se tudo me é sagrado, onde mora o meu pecado?
Vivi Ame, Viviane Mendes
quarta-feira, 7 de julho de 2021
Quando a gente jura que voa dependurada no avião. Não é ilusão. Nem falso juramento.... o que não tem cabimento, é viver só no chão. Um rompimento com a realidade, faz parte.Por isso, faço arte como sacramento de todo momento.A poesia manifesta como festa em qualquer dia comum.Hoje foi mais um encantado dia.Comum, como todos os meus dias.Vivi Ame...Viviane Mendes
segunda-feira, 5 de julho de 2021
Esse é meu primeiro sapato....penso que devo guardar.Tem dia que eu penso na minha vida com todos porquês juntos, separados, com acento, sem acento.Olho para os objetos, abro as gavetas, escuto um riso de nervoso e satisfação.Tem a coleção de selos.Eu colecionava selos, tenho um monte.Tenho a unha do meu gato guardada na carteira.Guardo retalhos da camisa do meu pai e a manga do vestido da minha mãe. Tenho na parede uma forma enferrujada em formato de coração que era da minha avó Inês. No banheiro um vidrinho do remédio Sinemet que era do meu avô Cirso.Coisas...que só importam pelas memórias. Nada tem valor comercial.Não sou mais a mesma...Ou sou esse relicário afetivo que guardo?Tem tanta coisa que eu poderia passar a tarde aqui imersa em lembranças. Um prato cheio para um psicanalista. Dificuldade de abrir espaço para o novo?Ou quem sabe um espetáculo para quem curte assistir constelação familiar?Eu daria um show, cobraria ingresso.Para os budistas, honrando os antepassados?Para a turma que bate tambor, joga no rio ou queima e joga sal grosso?Penso, até sonho com a carretilha velha que minha avó usava para fazer pastel.Da vida, do passado, dos parentes, sobrou isso.Fragmentos desconectados onde nada combina com nada.Um passado que nunca é lembrado numa mesa de jantar.Não por falta de mesa....é por falta de conjugação verbal.E excesso de superlativos.Todos sepultados...num túmulo, dois.Noutro túmulo três. A mãe tá num túmulo, só ela....nem sei se tem vaga. A herança ainda questionável numas pendências ...Não, não me refiro aos imóveis. Falo do torrador de café. Preto de tanta fuligem!...do tacho de cobre onde se apurava o doce de leite.E da carretilha dourada de cortar pastel.Dos dois lados da família, existem rugas, tecido amassado e papel rasgado em verdades inconvenientes. Até alguns vivos, enterrei.Sou a mais interesseira de todas as netas.O que eu quero são as lentes de aumento para o afeto.Sempre tive olhos para o que ninguém tinha olhar.Objetos que me carregam no colo, como esse par de sapatos.Ou a coleção de selos, que fazia eu sentir alguma importância enquanto eu era criança. Eu tinha selo de Budapeste. As crianças do bairro nem sabia que existia outros lugares, outras culturas.Eu sempre soube o valor das coisas que tem preço. Ninguém sabia que o dinheiro, a gente ganhava e perdia.Além do espólio frio da vida, eu tinha selo de Budapeste. Acho chic....até hoje.E lavei o sapatinho.Vivi Ame...Viviane Mendes
sexta-feira, 2 de julho de 2021
Da onde se tira o pão?Do forno interno onde ninguém tem acesso.A técnica pode não ser necessária. O talento, sempre.O espirito faz a técnica surgir...assim...tipo:Do nada.Nesse processo o que brilha é o sol interno, que cumpre a função de aquecer e iluminar.Assim, é minha arte.Sem receita.Com ingredientes que não tem dinheiro que compre.O espirito toma posse do corpo.A técnica brota pois o solo é fértil.A função do corpo, é permitir.Por isso trato do meu corpo com devoção. Nada que apodreça meu verbo....talento é expressar o que o espírito já conhece.Vivi Ame...Viviane Mendes
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