quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

...tinha uma empregada chamada Maria.Ela morava com a gente.Denoitão, na cama, eu fingia que dormia.Ficava agarrada num crucifixo enferrujado, pedindo para minha mãe não morrer na estrada.Minha mãe dava aula em Itapuí e Duartina.Eu, com 5 anos já sabia que as pessoas morriam de acidente na estrada.Essa realidade sempre me acompanhou.Sei que as experiências na vida da gente marcam nossas vidas...a morte do meu pai, inaugurou essa descoberta:MEDO DA MORTE.Depois disso a vida seguiu.Hoje, todo dia na atual pandemia, esse sentimento é inaugurado na vida de alguém. Minha mãe não morreu de acidente.Morreu de câncer. Pronto.Outra inauguração digna de cortar a fita vermelha com pompa e circunstância. Juntou o medo do acidente com medo doente.Rimou.Bem...muita gente, quase todo mundo ao meu redor não tinha a mínima noção de como o sangue corria no meu corpo.Eu era diferente.Tanto choque de realidade que meu sangue sangrava e eu nem sabia a diferença entre sangue e lágrimas guardadas.Virou uma água salgada dentro de mim.Enfim...Agora, nesse caos, eu sinto que todo mundo é igual a mim.Não vou fingir.Sinto um certo conforto.Encontrei minha turma:A humanidade.Quem ainda não sabe que idioma eu estou falando, desconhece esse precioso pertencimento que nos une chamado dor.Quem não se protege e desdenha da situação, logo logo vai cortar a fita vermelha...E a esses, muito prazer.Seja bem vindo ao clube.Agora, se vire nessa festa!Vivi Ame, Viviane Mendes

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