terça-feira, 13 de agosto de 2019

Quase meia noite. ...meu plano era levar um presente para meu irmão que fez aniversário dia 9. A visita que nos meus planos era um copo de água e meia hora se transformaram em 2 garrafas de vinho. E uma infância desarquivada. Reviramos o baú das lembranças. E das histórias que minha avó Dona Inês contava. Lembramos do imenso casarão e do medo de assombração. A casa foi construída por um padre na década de 30. O padre desencarnado deve estar por lá, até hoje Eu num durmo naquela casa nem morta. Casa linda. Lindíssima. Piso hidráulico e uma escada caracol de madeira. Cinematográfica. Mas a gente escutava barulho dos morcegos descendo a escada. Tinha janelas imensas...e ventos uivantes. Tinha poço. Tinha pescoço de galinha na sopa. Tinha uma vida que ia da pamonha para o medo de subir a escada sozinha. A memória é uma clausura. Nos prende pela saudade. Lembramos que minha avó contava que um dia pegou uma cobra coral na mão achando que era a fita colorida que tinha caído do cabelo dela. Minha cunhada, nessa altura e assombrada com as histórias estava com o olho arregalado e solta: - Nossa! ...sua vó era roots, heinnnn. Pronto. Voltei para o presente. O passado é uma janela igual desse enorme casarão. Janela alta e grande. Do banheiro eu via o Paranapanema. Do quarto eu via uma casa de esquina abandonada e cheia de fantasma. Hoje da janela do presente eu vejo um passado que deve ficar bem amarrado como o saquinho de pamonha que minha avó fazia. A vida no passado é inexistente. ...como os fantasmas que existiam na minha mente. A vida é para frente. Mas minha avó era roots.

Nenhum comentário:

Postar um comentário