segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Vamos combinar...
Nem só de poesia vive o homem.

Eu preciso assistir o cheiro da panela de feijão. 
O alho e as folhas de louro, gemendo dentro da panela.
O aroma vai invadindo a sala.

Eu fico em silêncio, assistindo o espetáculo.

Daí chove.
Sabe uma chuva educada?
Daquelas em que os pingos caem reto.
Feito chuveiro.
Tem chuva que sabe chover.
Num faz drama, só chove.

A panela de pressão é dramática. 
Grita e geme alto.
Um escândalo de acordar os vizinhos. 

Mas, eu preciso de algo mais que um poema.

Enchi uma caneca com caldo bem quente de feijão. 
Fui na janela olhar a chuva.

Bebi até a chuva me penetrar...
e os poros exalar o aroma da panela.

Fiz molho de pimenta, só para quebrar o clima.
Aprecio a realidade nua e crua.
A vida é ardida.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Desabafando....antes do Natal em 3, 2, 1Tem gente que gosta de comer mosca.Gosto não se discute. ...quando mané põe ozpé na política, eu vou de fasto.Eu olho e num vejo gente.Vejo um político. O pior é que eles num percebem.Eu gosto de gente!No banco, no supermercado, em tudo quanté lugar que eu vou, me chamam de Vivi.Sabem um pouco da minha vida.Perguntam se a costela ainda tá doendo. Faxineira, segurança, a moça da loja, o moço do correio, a gente conversa de um tudo.Os pedintes me encontram na rua.Pedem ração pros cachorros. Eu dou.Ontem um falou:- Você sempre bonita e cuidando dos outros, né?Eu acreditei.A carapuça me serviu e eu vesti mesmo, com orgulho. Hoje fui pegar a segunda via duma conta, encontrei outro.Falei:- Viu...aquele dia que a gente conversou cê falou que era segunda feira eu te disse que era quarta feira. ...então, eu errei.Era terça-feira. Ele:-Tô meio perdido. Eu:- Também tô. Rimos juntos.Sabe...pensando aqui.Eu gosto de gente que se comporta feito gente.Mas........Tem um tipo meio robotizado que num gosto!Ué?Não suporto!!!Tipo, eu perceber que a pessoa quer me vender algo.Quando percebe que não vou comprar, se despluga da conversa.Daí eu vejo que o interesse era só na possível cliente.Sabe...sem humanidade nenhuma.E tem os que se resumem ao cargo.Douto, puliça, fessor, que se comporta o tempo todinho como se estivesse no exercício da profissão. Putz...eu gosto de gente.Profissional eu procuro quando preciso.Eu gosto de gente....de preferência gente que sente.A vida é troca.Troca afetiva.Troca de favor.Troca emocional. Como dizem, os espiritualizados:Valor de troca...tantos reais.Num acho feio falar de dinheiro.Às vezes a gente doa nosso tempo, ouvido, nosso talento, e outro acredita que isso num custa dinheiro. CUSTA SIM SENHOR!!!A gente num pode é comer mosca.Retribuir é importante.☝☝☝Demonstra que você também tem algo a oferecer.Isso é elegância de alma.Mas tem gente que come mosca...Fome de mosquito.É isso.Vivi Ame...Viviane Mendes

Desabafando....antes do Natal em 3, 2, 1

Tem gente que gosta de comer mosca.
Gosto não se discute. 

...quando mané põe ozpé na política, eu vou de fasto.
Eu olho e num vejo gente.
Vejo um político. 
O pior é que eles num percebem.

Eu gosto de gente!

No banco, no supermercado,  em tudo quanté lugar que eu vou, me chamam de Vivi.
Sabem um pouco da minha vida.
Perguntam se a costela ainda tá doendo. 
Faxineira, segurança,  a moça da loja, o moço do correio, a gente conversa de um tudo.
Os pedintes me encontram na rua.
Pedem ração pros cachorros. 
Eu dou.
Ontem um falou:
- Você sempre bonita e cuidando dos outros, né?
Eu acreditei.
A carapuça me serviu e eu vesti mesmo, com orgulho. 

Hoje fui pegar a segunda via duma conta, encontrei outro.
Falei:
- Viu...aquele dia que a gente conversou cê falou que era segunda feira eu te disse que era quarta feira. 
...então,  eu errei.
Era terça-feira. 
Ele:
-Tô meio perdido. 
Eu:
- Também tô. 
Rimos juntos.

Sabe...pensando aqui.
Eu gosto de gente que se comporta feito gente.
Mas........
Tem um tipo meio robotizado que num gosto!
Ué?
Não suporto!!!
Tipo, eu perceber que a pessoa quer me vender algo.
Quando percebe que não vou comprar, se despluga da conversa.
Daí eu vejo que o interesse era só na possível cliente.
Sabe...sem humanidade nenhuma.
E tem os que se resumem ao cargo.
Douto, puliça, fessor, que se comporta o tempo todinho como se estivesse no exercício da profissão. 
Putz...eu gosto de gente.
Profissional eu procuro quando preciso.
Eu gosto de gente.
...de preferência gente que sente.

A vida é troca.
Troca afetiva.
Troca de favor.
Troca emocional. 

Como dizem, os espiritualizados:
Valor de troca...tantos reais.

Num acho feio falar de dinheiro.
Às vezes a gente doa nosso tempo, ouvido, nosso talento, e outro acredita que isso num custa dinheiro. 
CUSTA SIM SENHOR!!!
A gente num pode é comer mosca.
Retribuir é importante.
☝☝☝
Demonstra que você também tem algo a oferecer.
Isso é elegância de alma.

Mas tem gente que come mosca...
Fome de mosquito.
É isso.
Vivi Ame...Viviane Mendes
Fui comprar um shampoo.
Algo que custasse mais que 50 reais e menos de 150 reais.
...um shampoo, gente.
Pra lavar o cabelo!
A vendedora começou assim:
- Essa é nossa linha home care....
Eu paralizei. 
😶😶😶
Linha "home care".
Bem, engatei a segunda marcha e fui perguntar dum creme para o rosto.
Um hidratante.
A moça perguntou sobre minha rotina de skin care.
Gente...
Paralizei, parte 2
😶😶😶
Daí veio a pergunta:
- O que você espera do produto?
Eu:
Milagre!

Entre um sorriso e outro e uma aula rápida sobre peso molecular de ácido hialuronico, consegui voltar pra casa com uma sacolinha e gastei menos de 200 reais.
Buenas....
A 3 dose da "faizer", foi só mostrar o CPF.
Carteira de vacinação na mão.

Acho que o mundo numa velocidade estonteante.
Eu mesma acho que meu espelho tá distorcendo imagem.
Tem dia que eu me olho, me vejo linda.
Maravilhosa. 
Tem dia que eu acho mesmo.

Tem noite que eu só vejo meu pescoço e pregas.
Eu nunca reparei em pescoço. 
Daí o rosto também combina com o pescoço e eu acho que estou horrível. 
A moça  da loja falou para passar o creme no pescoço. 
Até então, minha rotina de skin care era escovar o dente, limpar o ouvido, e passar o produto que tava na mão. 
Num confessei isso pra moça por vergonha e pavor do "tom professoral"
Já pensou?
Se eu falo sobre  PH de sabonete.
Tônico facial.
Área dos olhos.
Preenchimento labial.
Olha....
É um poço sem fim.
Igualzinho a vaidade humana.

No meio duma conversa, meu povo, o vocabulário tem que ornar com a hora do dia.
Conversa de boteco, citando Platão já caiu em desuso.

Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

O Zé morreu.
...hoje um moço moreno que limpa o vidro do carro, se aproximou numa esquina.
Eu disse que não tinha dinheiro.
Ele perguntou se o gato que morreu na frente da minha casa, se era meu.

Estacionei o carro.

Falei que o meu tinha sumido.
Ele:
Branco e cinza?
Eu:
...é.

Sinto paz.
Com a morte, não se discute.
Agora eu sei o que aconteceu. 

Sabe, a vida tem seu tempo.
E suas respostas que chegam com o tempo.
Ninguém nunca vai saber o tanto que esse gato significava para mim.
O meu amor por ele era uma coisa que não existe palavra para definir.
Era um sentimento sem nome.
Não dava pra falar da Viviane,  sem falar do Zé. 
Nem eu consigo...e olha que eu sou generosa com o alfabeto.

Eu sinto que nasce uma nova Viviane hoje, sem o Zé. 
Eu ainda não sei lidar comigo.

O Zé morreu.
Mas, meu sentir continua atento e grato, pela espiritualidade usar um moço que pede dinheiro no sinal para acalmar meu coração. 
As respostas chegam.
Sempre.
Ando com o vidro do carro aberto.
...e o coração também.

Hoje, dia 21/12/21, é um bonito dia para se nascer!
...e deixar ir o que precisa ir.
Em todos os sentidos!

Vivi Ame...Viviane Mendes

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Tomara que a pessoa que tem que ler isso, leia:

Eu acho tão lindo gente que num perde a chance de retribuir gentilezas e favores.

E eu gosto de me sentir linda!

Então queria agradecer a pessoa que deixou um monte de botão no meu portão. 
Não tinha nenhum bilhete.

Acho que num é fazer algo por um like.
Ou vários likes.
A gente faz as coisas entre a gente e lá em cima.
E sem saber onde é  o "lá em cima."
Eu chamo de Deus, ou o altar do coração. 
No final, é essa a lei.

Eu gosto de batalhas.
Sofá serve para descanso.
A vida é um emaranhado de desencontros, desentendimentos e injustiças.

Gosto de luta limpa.

Acho o cumprir a palavra algo divino. 
A vida pode ser bem leve, se a gente não atropelar os detalhes.
E é nos detalhes que ela se desenvolve. 

Repare em como te tratam.
Mas, sobretudo  repare no que te motiva.
Existe uma balança onde o dar e o receber pesa no coração. 
Ninguém vai saber.
Tampouco reparar.
Só a coragem da consciência, vai aferir essa balança. 
E com lupa, nós vamos equalizar as dívidas e os créditos. 
Assim, nos detalhes.
Mas....
O MEU detalhe, é diferente do SEU detalhe.

Agradeço todos os botões que você me deu.
Uso no meu trabalho, é só um detalhe.
Mas, eles também servem para abotoar meus pensamentos. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Queria tanto um rivotril.
Lexotan, sertralina.
Qualquer faixa preta que me desse um abraço. 
Maconha, cocaína... qualquer coisa que me pegasse pela mão e dissesse:
- Confia, vem comigo!
Feito camisa de força que nos leva ao exílio de nossas dores.

Mas não. 
Escolhi o caminho sem anestesia.
Sei lá...será que tem algum mérito?
Ou é burrice junto com arrogância?
Vai ver eu ainda vou tropeçar na barra da saia que insisto em desfilar.

Ascendi uma vela rosa.
De joelhos rezei, uma reza difícil.

 Pai Nosso, seja feita a sua vontade.

...quase que eu não falo essa parte.

Queria minha vontade.
Muito luxo, né?
Pedi.
Para todo amor que existe em meu ser banhar meu gato.
Um gato.
Filho do cio.
A mãe, se chamava Diaba, arisca.
Ela amava o Sonso.
O Sonso eu peguei fácil,  mandei castrar.
( O Sondinho era fácil de lidar)
O gato Catatau, comeu a Diaba no telhado.
Engravidou. 
Sexo sem amor.
E com o Sonso assistindo...
 A Diaba abandonou os filhotes.

ASSUMI O CASO.
Uma ninhada.
Ele era meu filho.
O único que segurava a mamadeira com as patas.

Nunca saiu.
Desde 2008, dorme comigo.
Eu dei mamadeira.

Procuro ele por todo lado.
Sinto sua ausência. 
Na música do poeta, naquela mesa tá faltando ele, e a saudade tá doendo em mim, virou realidade. 

Abri um tinto pra combinar com o roxo da perna.
Vesti meu pijama rosa para combinar com a vela.
Chove por dentro para combinar com o dia.

Meu gato amarelo está do lado, para iluminar meu breu.
Até o Negão desceu do telhado e veio se sentar a mesa.
O Neguinho, me observa de cima do guarda roupa, feito anjo da guarda.
A Lizinha e o Linguine, brincam, tentam me distrair.
...são inocentes.
O Jorge, me olha feito monge budista me cobrando a compreensão da impermanência. 
O Puma, mia chorando, afinal chantagem sempre funciona. 
O Patrick, frio, calculista come e vai embora, me agradece com os olhos.

E eu...

Me acostumo com todas presenças. 
Apesar da ausência.
Ausência que me faz pertencer a humanidade.
E sentir uma dor universal.
A dor de não saber o que aconteceu. 
A gente sorri.
Leva a vida.
...com o coração do tamanho duma ervilha.

Maldita hora que eu fui me apaixonar!
Não creio que tive escolha.
Foi  destino.
Me apaixonei pela palavra lucidez.
Pago o preço com juros e correção monetária. 
Parcelas infinitas.

Engulo o vinho seco junto com o choro.
Na garganta em chamas, as labaredas, sem extintor de incêndio, queimam.
E vão reduzindo a cinzas meu apego.
Até que eu entenda,  e aprenda que com o amor, não se discute.

Apenas aceitar sua totalidade.
...já é uma boa nota nessa escola.

 Catatau,  o pai, um dia, sem mais nem porquê,  sumiu numa noite de luar.
A mãe,  a Diaba, desapareceu da noite para o dia.
Ele, meu filho, Zé, teria o mesmo destino?
Será que esse papo de genética,  ancestralidade existe no mundo dos gatos?

Minha alma está lutando...para não ficar roxa por dentro.
Tem sentimentos que são uma batida tão forte que nos imobiliza.
Tem hora que me falta ar.
Angústia é um sentimento roxo.
Nos asfixia. 
Alguns sentimentos são coloridos.
Angústia,  posso afirmar, é roxo muito intenso.

Vivi Ame...Viviane Mendes
...tadinha.
Diria meu avô ao me ver assim.
Meu avô era a única pessoa que me pegava no colo e me chamava de coitadinha.
Eu gostava.
Aproveitava e chorava.
Ele me chamava de tadinha até meu choro se esgotar.
Engraçado, nem mãe e nem avó faziam dessa forma.
As mulheres corriam, socorriam e sorriam na medida do possível. 
Meu avô era quieto, sereno e guardava no cofre alguns documentos,  e uma miséria de joias. 
A gente era parceiro.
Eu era criança e ele fez eu decorar o segredo do cofre.
Tinha um cofre embutido na parede.
Pensa bem...casa com cofre.

Não tinha tesouro.
Só mistério.

Meu avô, na simplicidade dele, foi alfaiate, entrou como mirím no banco e chegou a diretor do banco Mercantil. 
Homem honesto.
Péssimo negociante.
...assim eu escutava.

Hoje, eu fico rebobinando a fita, e chego a conclusão que ele era realmente honesto.
Ao me ver chorar, ele era o único que percebia minha necessidade de desaguar.
E qualquer tombinho, ralada no joelho ou galo na cabeça era a nossa chance.
Eu chorava choro de anteontem.

Foi bom.
A barreira rompia.

Mas...como diziam, era péssimo negociante.
Só eu era favorecida na negociação. 
Ele , como sempre, se anulava.
Não tirava vantagem alguma.
O choro dele, era interno.

Meu avô teve doença de Parkinson. 
Foi firme, apesar do corpo todo tremer.
Um dia ele caiu e quebrou o fêmur. 
Morreu no hospital. 

Eu cai dum caixote de 40 cm de altura.
Pisei no canto errado.

Deu nisso.

Mas, aqui, conversando com vocês nesse dia de chuva fina, eu me vejo em liberdade.
A coitadinha, morreu.
Junto com meu avô. 

Virei a mãe que trabalhava e a avó que socorria.
Isso porque, eu tinha a senha do cofre.
Me avô me deu colo.
E nessa proteção eu me sentia garantida na vida.
Todo desamparo sumia quando eu lembrava que entre as filhas, as netas...eu era a única que tinha aqueles números decorados na cabeça. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 11 de dezembro de 2021

Hoje é um dia que eu tô com muita vontade de falar tudo que eu penso.Não adianta uma fotografia técnica. Não adianta um português aliado a uma gramática impecável. Não adianta ostentar número de seguidores.Essas coisas não comunicam absolutamente nada.Ou se toca o coração, ou tudo se resume a técnica e talento.A arte, tem alma.A linguagem emocional não se aprende na escola.Eu sei...A tecnologia nos ajuda.Aprendi isso.Mas, a arte, em qualquer manifestação, deve comunicar.Pode ser um estudioso.Pode ser mestre.Pode ser o dito cidadão respeitado na sociedade.Pode ser celebridade.Pode até...ser sorte.Mas, se não exalar interpretação de espírito, a arte escrita, pintada, cantada, fotografada, é arte.Continua sendo arte.Mas...Só quando a alma vaza, é que a arte transborda os limites da técnica e do talento.Vivi Ame...Viviane Mendes

Hoje é um dia que eu tô com muita vontade de falar tudo que eu penso.

Não adianta uma fotografia técnica. 
Não adianta um português aliado a uma gramática impecável. 
Não adianta ostentar número de seguidores.
Essas coisas não comunicam absolutamente nada.
Ou se toca o coração, ou tudo se resume a técnica e talento.
A arte, tem alma.
A linguagem emocional não se aprende na escola.
Eu sei...
A tecnologia nos ajuda.
Aprendi isso.
Mas, a arte, em qualquer manifestação, deve comunicar.
Pode ser um estudioso.
Pode ser mestre.
Pode ser o dito cidadão respeitado na sociedade.
Pode ser celebridade.
Pode até...ser sorte.
Mas, se não exalar interpretação de espírito, a arte escrita, pintada, cantada, fotografada, é arte.
Continua sendo arte.
Mas...
Só quando a alma vaza, é que a arte transborda os limites da técnica e do talento.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Meu vô me dava umas moedas.
Eu andava um quarteirão e chegava nesse lugar.
Eu tinha 5 anos de idade.
Esse foi o primeiro bar que eu entrei na minha vida.
Eu comprava doces. 
Maria mole.
Suspiro.
...suspiro cor de rosa.
Porque quem compra suspiro branco???
...me responde?
A pessoa que compra suspiro branco, num é confiável.
Rosa é tão...tão angélico. 
O bar se reinventou.
Pintaram de cor de rosa.
Igual Deus fez com minha vida.
Hoje esse lugar se chama Mofo.
Sabe...é tanta emoção mofada que eu sinto.
Vejo meu avô, na Brasília beje, indo embora da casa da minha mãe que ficava no começo dessa rua.
Rua que era de paralelepípedo. 
Eu fiquei feliz.
Por mim, pelo lugar.
Por tudo.
Me vi.
Criança desamparada procurando afeto num doce de balcão. 
Me vi adulta.
Adulta emocionada, podendo pagar com cartão. 
Ainda bem que sobrevivemos.
Os paralelepípedos se transformaram em cristal.
Foi isso que eu senti.
Eu assisti um filme.
Vi minha vida preto e branco, se transformar em rosa.
Rosa da flor
Rosa da framboesa.
Rosa do meu meu vestido de seda.
As moedas do meu avô, eram cor de rosa.
Foi o primeiro dinheiro que eu gastei.
Nesse lugar!
Para adoçar o amargo da minha infância. 

Vivi Ame..Viviane Mendes

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Eu respiro...e o ar não enche meu pulmão.
Respiro mais profundamente.
Não enche.
Como um pneu murcho de bicicleta, tento rodar.
O esforço é gigante.
Puxo o ar com tração nas 4 rodas...é em vão.
Tem um vazamento.
A dor é um buraco,
Pingo 2 gotas de rescue sublingual.
Respiro profundamente...mas falta ar.
Escuto uma voz:
-Põe uma música...
Obedeço, mas a tortura continua.
Sei que na trilha sonora na terceira faixa vai rolar:
''Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar''
Falta ar.
Tento continuar o teatro, lavar o pano de chão no tanque, assim o choro se mistura com a torneira aberta.
Vou respirando tão profundamente, que parece que o umbigo cola com a costela.
Tudo parece igual.
Só falta ar.
A dor nos deixa como uma bexiga vazia.
Nessa sobriedade insana, me vejo numa festa.
Sóbria, sem beber nada que me desvie do alvo a ser conquistado:
Fazer o próprio sangue se transmutar num faixa preta.
Uma alquimia insana até encontrar a pedra filosofal da idade média em pleno século XXI
Preciso fazer o chumbo pesado que me atingiu como uma bala de fuzil se transformar em ouro.
A dor tem cor...
Cor de buraco de cerca.
Um vazio que só a cerca conhece.
Vivi Ame.
Você ter dinheiro e ser muito esperto.
Mas preciso lhe dizer:

- Seu negócio pode prosperar e você se orgulhar de ter vencido na vida.
Mas...
Não se sobe uma escada pulando degraus.
A gratidão não é um tapetinho que você limpa a sola do sapato.

Não pense que ser grato se resume a dar de presente um vinho que não faz falta na sua adega.
Não é pagar a conta numa rodada de bar.
E nem soltar um:
" Valeu, obrigada, hein"

Se você pensa que ser grato é isso, te digo que você está subestimando a palavra.
Esses comportamentos são mecânicos e desprovidos de significado.
Mais ou menos como limpar o pé num tapete.
NÃO TE CUSTA NADA.

A pessoa grata no coração tem uma antena ligada o tempo todo.
Porque o sentimento de ser grato a alguém não prescreve.
E com esse sentimento real e latejante dentro do peito e antena na cabeça,  você nunca perde a oportunidade de retribuir quando o outro necessita. 

Mas...é tudo muito sutil. 

O ingrato não percebe.
Tudo se resume ao que não vai fazer falta para ele.
O tempo, o dinheiro, a atenção,  ele só dá se não for lhe fazer falta alguma.

A pessoa realmente grata age de maneira diametralmente oposta.
A pessoa grata se sente obrigada. 
E isso não é uma cruz.
Isso é uma libertação. 

A gente sente um prazer estranho.
Seguir com fidelidade,  o coração. 
Cada degrau da escada, se pisa devagar e com cuidado.
O ingrato, limpa o pé no tapetinho e sobe a escada.

Ele, o ingrato, não vai entender...
Seu único entendimento, são os planetas que orbitam o seu umbigo. 

A gente repara.
Eu reparo!
Não é o vinho caro.

É a necessidade do outro.
...e isso não tem preço.

Apesar de você ser rico e esperto, você não percebe a mosca na sopa.
E perde.
Perde a preciosa chance de retribuir a existência.
Acho tão pobre seu sucesso.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Abri o potinho de cereja, comi um tanto que num contei. 
Fui comendo, comendo...feito pipoca.
Acabei com tudo.
Eu tinha esse desejo desde criança.
Matar um vidrinho de cereja ao marrasquino sem pensar em nada.
Como se não houvesse amanhã. 
Fiz isso hoje.
Dei um gole no caldinho.
Guardei o resto para temperar o gin.

Sei lá, sabe.
Queria falar tanta coisa que eu sinto.
Coisas que eu acho que algumas pessoas devem sentir igual.
Mas...nem sempre a gente consegue ordenar a palavra  em cojuminância com o pensamento. 
Sou muito certinha tentando ser certa, correta e assertiva.
Me cobro mais que as lojas que eu devo alguma prestação e esqueço de pagar.
Daí recebo lembrete no celular. 

Eu me perco nos dias.
Me perco nas datas.
Me perco no tempo.

Tem hora que eu acho que a gente é tudo tão diferente. 
Tem hora que eu acho que a gente é tão tudo igual.

Tão vendo como nem sempre a gente escreve bonito?
Tem dia que as palavras são uma feiura de dar dó. 

Sabe, sei lá...
Parece prosa de beudo.

Mas eu acho a gente tão ferido.
Tão carente. 
Tanta necessidade de aprovação!
A auto estima frágil feito viciado que sai da internação. 
Um vacilo e a gente cai no poço profundo da criança ferida.
Uma exaustão sem fim.
Parece que a gente nunca vai ficar bem resolvido.

Só unzioto que tá sempre com o tanque cheio.
O colageno em dia.
O cabelo hidratado.
O armário organizado. 
E os e-mails lidos e respondidos.
E vai para a praia, pra montanha e pra floresta.
A gente, sente orgulho em dominar a pia, o fogão e o tanque.
...se juntar com a vassoura e der tempo de por o lixo na rua antes do lixeiro passar, o sentimento é de vencer a São Silvestre.
Até o tal do super cofee comprei hoje.
Como se fosse um anabolizante proibido para chegar plena num lugar que nem eu mesma sei.

Eu sinto uma gastura.
Quero acudir o hoje.
Embalar o passado.
Um passado amarrotado.
É isso.
Consegui alguma poesia torta para me fazer entender. 

Acho que a Viviane do futuro, vai continuar se cobrando, não tenho ilusões sobre a minha mão pesada que me bate feito palmatória. 

Pelo menos, num estou com o estômago discutindo comigo.
Ele aceitou, com paciência e amorosidade as 23 cerejas que eu comi.
Talvez alguma lombriga me aplauda e me incentive nessas questões. 
Tava precisando.

Sabe, senti poder.
Senti prazer.
Senti no domínio do livre arbítrio. 
Na plenitude do querer é poder!
Estou em paz.
Cai no poço, perdi a dignidade mas passo bem.

Vivi Ame...Viviane Mendes Cereja da Silva Sauro.