sexta-feira, 7 de junho de 2019

Meus encontros com ele: Nos conhecemos faz tempo... No inicio uma certa timidez se fez presente entre nós dois, afinal a gente estava se descobrindo. O tempo foi passando e nossa atração foi aumentando. Um narcisismo misturado com uma inegável atração fatal. Algumas vezes, passei batido. Empinava o peito pequeno e murchava a barriga para que ela ficasse menor que o peito. Eu precisava da aprovação dele...desesperadamente. Me sentia pequena... Meus defeitos ficavam muito em evidência diante do olhar implacável dele. O tempo foi passando e eu fui engordando, emagrecendo e envelhecendo. Ele, me parece o mesmo de sempre. Ele já me viu muito mal vestida. Me pegou sem escovar os dentes... E...pasmem, até com tinta no cabelo! Ele já me viu sem roupa... Fiquei com aquela sensação infantil de ter apresentado nota baixa na escola. Não queria que ele tivesse reparado que num sou mais uma moça. A celulite, a flacidez se instalaram e se acomodaram. Quando desfilo toda bonita com um jeans apertado na frente dele, fico parecendo um pavão com a cauda aberta. Quero que ele me olhe... Quanta necessidade de aprovação eu ainda tenho! Mas...o tempo e a maturidade que insistem em chegar junto com as rugas e os cabelos brancos, me conferem uma certa serenidade. Vezinquando a gente se tromba. A gente se olha, e eu finjo que não dou bola. Sou péssima atriz, não disfarço o que me condiz. Falamos silenciosamente sobre qualquer coisa sem importância. Entretanto, acho que o tempo foi um bom amigo para nós dois. Tantos e tantos anos se olhando, uma coisa é certa: A gente se acha interessante. Eu percebo no meio do silêncio, do pouco tempo, das palavras a toa, uma postura mais frouxa entre nós. Sabe porquê? Quando a gente se olha, nossos olhos brilham. E esse brilho me rejuvenesce. O brilho dos olhos denuncia que fomos fieis esse tempo todo. Meu querido ESPELHO, obrigada por refletir o brilho dos meus olhos!!! Quero que saiba que eu te olhar e ainda ver o reflexo do brilho dos meus olhos, apesar de tantos precipícios e nebulosas, é o suficiente para eu declarar que nosso caso deu certo. ...é amor. Querido espelho, não me dê conselhos. Nossa conjunção adverbial não é labial. Nossas orações são subordinadas...ao olhar. Só me olhe assim, desprevenido, refletindo o amor que trago comigo. Um caso de amor secreto com a mulher imperfeita que me tornei, embora sempre eu quisesse acertar, algumas vezes, errei. Quando deslizo uma flanela macia sobre sua superfície, saiba, querido espelho, é meu jeito de fazer carinho na sua pele. Viviane Mendes

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