quinta-feira, 9 de julho de 2020

Qual é a ameaça contida no silêncio?Quero morrer bem diferente de quando nasci.Todo os dias eu morro para os inúmeros livros que li.Minhas células morrem.Já morri no meu pai e na minha mãe.Já morri em alguns amigos.já morri em hábitos e costumes.Acreditem, já morri até na minha relação com o dinheiro.Morri para a faculdade que eu fiz, me chegam correspondências com a introdução:''Ilma Senhora Doutora''Ilma, abreviatura de Ilustríssima.Nem ilustríssima nem senhora e muito menos doutora.Morri por engano quando quis bater no peito e gritar que estava viva, e assim achei que podia.Eu morri quando disse ''nunca mais''.Só não morro mais, porque '' o sempre'' eu já matei.Deus seja louvado!Eu, no meu silêncio, encontro essas respostas.Quando eu morrer quero estar bem viva.Morrendo para rituais, morrendo para diagnósticos, morrendo para tudo que deve morrer.Eu, tenho esperança, de quando chegar minha hora, que não me reste mais nada para matar.Eu, não quero ver ameaça no morrer.Só a promessa de nascer.Não sei quem sou.Mas, se aqui estou, deve ser para descobrir.Ungir a existência para me digerir.Vivi Ame, Viviane Mendes

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