quinta-feira, 9 de julho de 2020
Aconteceu numa tarde de pandemia:Dentro da caixa preta, encontrei vozes gravadas.Ouvi.Minha avó me dizia que estou ficando igual a ela, abaixando para catar qualquer cisco que tenha caído no chão.Minha mãe dizendo: o corpo é seu e você faz o que quiser e evite o auto elogio.Escutei meu pai...que nunca ouvi pela morte prematura, mas me deixou recomendações por escrito.-Não perca posse de si mesma.Dei ouvido até para a tinta amarela que teimou em entrar no quadro.Dentro da caixa preta, escutei o que meu bom senso recomendava para o almoço.Mudei de ideia porque não sou meu bom senso.Ouvi um gemido, era meu joelho pedindo para alongar.Escutei a voz do mundo, era muito barulho, nada eu identificava como seguro.Ouvi um tambor, era meu coração.Resolvi criar uma musica.Afinal, tantas vozes...O problema é que muitas estão desafinadas.Arrisquei lacrar a caixa preta.Fui para o jardim, catei um ramo de arruda prendi no cabelo e pedi para ela cuidar de mim.O alecrim me olhou de atravessado como se fosse me recomendar juízo.Abri meu coração para ele, pedi perdão pela situação.Não quero vozes que ficaram guardadas na memória e que da minha vida de agora, nada sabem.Quero som que sopra em silêncio...Como se eu estivesse nascido ontem.Quero ser como a rosa.Esbanjando minha vulnerabilidade sem medo.As rosas crescem com as podas.Tive medo, e Senhor Deus... Gracias por me livrar de ser uma bela flor de plástico enfeitando a casa e confundindo as visitas.Aqui onde essa bota pisa, é chão de terra batida.Se tudo me é sagrado, onde mora o meu pecado?Vivi Ame, Viviane Mendes
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