quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Foi assim que se sucedeu:
...eu tinha a pachorra de ir numa churrascaria e pedir uma porção de coração de frango.
Adorava costela com limão rosa.
Comida temperada...bacon, salame e todo o resto.
A mudança veio aos poucos...com a consciência.
Quando eu era criança via minha vó de Timburi, matava galinhas.
Ela cortava o pescoço e tinha um gato amarelo que ficava esperando o sangue escorrer para ele lamber.
Algumas vezes a galinha escapava e saia correndo com o pescoço dependurado.
As outras galinhas ficavam assustadas.
Eu vi matar porco...e ele gritar.
E, eu comia.
Cresci e continuei comendo.
Um dia fui expor numa feira na vila Madalena em SP, minha localização era na frente dum açougue.
Me lembro do cheiro...
A carne crua cheira morte.
Mas...continuei comendo.
Um dia fui numa churrascaria do Rio Grande do Sul com meu marido...
O garçom, falava:
-''Galeto, senhora?''
Eu: ...sim, mas pensava no frango.
Passava o cupim, eu traçava.
Mas pensava no cupim do boi que eu via no pasto.
Comi...enchi o bucho.
Com a pança lotada fui ao banheiro pra passar uma água na boca.
...pra tirar a gordura da carne.
Vomitei...tudo.
Nunca mais na vida comi carne.
Meu marido pagou o rodízio que eu deixei na privada.
Fui dormir com fome.
Algo aconteceu.
Meu corpo rejeitou aquilo.
Eu entendi o que era energia.
A carne vem com todo medo, dor que o animal sente neste processo.
Eu não era mais refém do sabor.
Me libertei porque senti que eu não tinha afinidade com o processo todo que envolve um churrasco.
Isso muda tudo na vida.
Entendi o significado da palavra CONSCIÊNCIA.
...esse caminho não tem volta.
Comida é energia.
Minha vit B12, vai bem, obrigada.
Meu hemograma tá bom, obrigada.
Não tomo nenhum remédio.
Infelizmente de vez em quando como um pedaço de peixe.
Tenho vergonha de mim nessas horas.
Mas...respeito meu processo.
Não sou melhor do que ninguém.
Estou descobrindo eu mesma o tempo todo.
Tenho interesse em me auto observar...
E vejo em mim a hipocrisia.
Tenho asma...sei o que é falta de ar.
Penso no peixe...mas como de vez em quando.
Sei do meu tamanho...ainda engatinho.
Sei que ter consciência, dói.
Estou no caminho.....sei onde quero chegar.
Viviane Mendes.

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