sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Ontem de noite, não consegui estacionar o carro na minha garagem.Depois de dar 5 voltas pela Alameda Otávio Pinheiro Brizola, o Zé, um guarda noturno, gritou meu nome e sugeriu que eu entrasse no estacionamento da Clínica Imunológica.Fiquei com vergonha do dono da clinica chegar, ver meu carro e pensar que sou espaçosa. Agradeci.O Zé disse:-"Que isso Viviane? Todo mundo aqui te conhece!"Fui tentar novamente. Pra quem deu 5 voltas, dar 6, que mal tem, né?No quarteirão de baixo, parei na clinica de um médico oftalmologista amigo meu.Expliquei meu caso.Mas....também achei abuso.Resolvi dar outra volta.Quem dá 6, dá 7Encontrei uma vaga espremida perto da entrada do Aero.Hoje, se resume num bar.Manobrei numa baliza cinematográfica. Tinha um homem olhando.Me chamou de menina, eu não conseguia ver direito.Tenho muita dificuldade no escuro.Disse que estava com fome.Não era dinheiro...Chamei ele para ir até minha casa.Ele foi me acompanhando pela rua.Pedi para ele me esperar, expliquei que não tinha ido ao supermercado. Mas...que eu tinha pão. Dei um generoso pedaço. ( farinha italiana, centeio francês e castanhas)Pensei em silêncio...esse pão sustenta.Esse homem me abençoou de um jeito que me tocou muito profundamente. Ele falou sobre minha humildade e pediu para que Deus abra todas as portas para mim.Senti tanta sinceridade e gratidão nesse homem.Me fez bem.A bênção me tocou.Sabe...Não sou escrava de aprovação em rede social.Sou artista, advogada e gente.Trato de gente para gente.Sei que ostento um certo ar que "estou podendo".Mas, eu considero o outro o tempo todo.Acreditem, eu penso "puxa...o cara vai ter que pagar para tirar o carro guinchado , e se ele precisa do carro para trabalhar?"Penso respeitando o cliente que tá no bar ao lado estacionado no meu direito de ir e vir.Entretanto, o mundo está ao contrário. É dane-se pra todo lado.Eu não tenho medo de parecer ridícula.O que eu tenho medo, muito medo, é da soberba.A soberba, causa ranço. E ranço é maldição. Eu quero bênção espontânea e desinteressada.Quero ouvir o guarda me chamar pelo meu nome e preocupado tentar me ajudar e dizer para eu não me preocupar que todo mundo sabe quem eu sou e como eu sou.Isso não tem preço. O resto, o resto...bem, o tempo dirá. Vivi Ame...Viviane Mendes .

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Detesto quem conversa comigo como se eu fosse uma consumidora.

Gosto do carteiro que me chama de Viviane. 
Gosto do lixeiro que me chama de querida, e me dá bom dia.
Gosto dos caixas do banco que já decoraram meu CPF.
Gosto das caixas do supermercado que me chamam de Vivi.

Não ando na moda.
Nunca andei.
A moda não me atrai.
Modismo parece ser atual, mas é obsoleto por ser momento.
Momento passa.
Um monte de gente repetindo um comportamento por modinha me causa aversão.
Passageiro, efêmero,  cansativo.
Enjoativo.
Moda, sem real conexão com a questão,  me soa vazio.
Isso serve para tudo.
A tendência, outra palavra utilizada para moda, me soa estranho.
Como se pudéssemos prever um padrão temporário que visa lucro.

Detesto isso.

Faz a gente se sentir uma mercadoria.
A gente recebe ordens de onde sentar, quanto consumir, o que vestir, onde ir e na real, isso é desumanizante.
Andar na moda, é comodo para muita gente.
Causa uma sensação de pertencimento.
No fundo a gente busca isso.
Entretanto, esse comportamento é extremamente volátil. 
Não abastece.
Logo aparece outra vitrine mais atraente.
E assim seguimos, insatisfeitos, lutando para se encaixar no padrão. 
Eu, quero conforto.
Só isso.
Onde eu estiver  quero conforto.
Com quem eu conversar, quero conforto.
Detesto ter que escolher palavras para impressionar ou me defender.

O conforto me hidrata.
A moda, me subtrai, ela é árida.
A moda escolhe onde, como e porquê chover.
...tudo premeditado.
O conforto é simples, simplório, não existe ezibideza.
( tava louca para falar essa palavra)
Bolo bom, num precisa de muito glacê.
Manga bufante, laço gigante num faz milagre.

Querer ser não é o mesmo que ser.
Viver para lucrar, não é o mesmo que ganhar.
Algoritmo elevado de curtidas, não significa sucesso.

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 21 de agosto de 2021

Aquelas mães que jogaram seus filhos....

Será que aquelas mães que entregaram seus filhos para os soldados colocaram algum bilhete com informações?

Que cena!
De emudecer.

Fico pensando nos soldados com aquelas crianças...
Chorando pela falta da mãe. 
O desespero das mães. 
Os soldados tentando acudir.
Mamadeira?
Troca de fraldas?
Sensação de abandono?

Fico pensando...do que o amor é capaz.

Jogar o filho sobre a cerca de arame farpado...e sobreviver a isso?
Essas crianças afegãs vão crescer e nunca saber o nome de suas mães, sem bilhetinho escondido na fralda, não filhos da mãe. 

São crianças paridas pela barbárie. 

Nessa chance de pular a cerca de arame farpado, vão viver longe...
Eu torço para que alguém conte para elas o nível desmedido de amor de suas mães. 

Não tem como mensurar o que essas mães estavam sentindo.

Penso ser AMOR.
Amor instinto.
Amor desapego.
Amor sobrevivência 
Amor confiança 
Amor entrega.

Esse amor vai além de qualquer fronteira, transpassa arame farpado, dispensa passaporte.
Esse tipo de amor, me emudece.

O amor que é leal com o AMOR, é eterno e sobreviverá a nossa penúria existencial.

Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 17 de agosto de 2021

A palavra é maturidade.

Sem isso, ficaremos aqui refém de nossas picuinhas.

Maturidade para ir até a esquina, sem esquecer que estamos numa pandemia.

A tal maturidade...que nos faz cooperar com a evolução de todos os seres.

Sem maturidade, somos crianças querendo causar.
Já repararam como criança gosta de chamar a atenção?
Ou com uma gracinha, ou com birra.
O fato é que as redes sociais se transformaram num palco.
Aqui mostramos nossos brinquedos novos pro coleguinha.
Disfarçado ou não, queremos atenção. 

A maturidade...
Acho que precisamos nos comportar como se fossemos nossos pais.
Puxar o cabresto de nossa língua. 
Pensar
Ponderar 
Avaliar risco
Principalmente, respeitar. 

A maturidade é cara.
A gente vive imersa numa ignorância e acha que paga de #prontofalei 
Muita hora nessa calma que a gente não tem.

A volta do mundo é grande.

A pandemia é um despertador sobre o coletivo.

"Ahhh...meu corpo, minhas regras.
A boca é minha eu falo o que eu quero.
O face é meu, num gostou cai fora."
Uma pesquisada rasa no Google nos torna aptos a proferir sentenças e julgamentos. 

O autoritarismo infantil dá as regras.
Percebem?

A pessoa tem alguma consciência de sua responsabilidade, separa o lixo reciclável, abre a boca sem discernimento, taca o lixo na nossa cara.

Acreditem, dentro de nós, tem um chorume tóxico.

Sem maturidade, não sairemos dessa pandemia e nem de nós mesmos.

Nossa maturidade emocional é cambaleante.

Vivi Ame...Viviane Mendes

domingo, 15 de agosto de 2021

Ontem foi dia duma cirurgia espiritual numa vira lata minha.
Feito a distância, horário marcado:
21 horas
Eu deveria rezar 3 Pai Nosso.

No meio disso tudo, me vi.

O meu sagrado feminino não cabe no meu útero,  nem na lua, muito menos na vela acesa.
Meu sagrado feminino está na água que botei pra ferver para fazer o macarrão. 

Está na televisão que eu liguei e na sensação que eu tive ao ouvir o Bonner dando notícia do Haiti. 

Meu sagrado feminino está no gole gordo que eu dei no copo de cerveja do marido e no murmurar baixinho ...ôôô cerveja boa!!!

Rezei olhando para o fogão. 
Cuidando do macarrão. 
Desculpa a rima forçada...mas com gratidão!

Meu sagrado feminino, fala pela minha boca.
Meu sagrado, em todo e qualquer ato.

...o marido, perguntou baixinho:
-Que horas que a Santa vem?

Respondi:
- Ela não vem.

ELA ESTÁ. 

Meu sagrado feminino, não depende de grupos, de rituais, meu sagrado feminino não se manifesta na sensualidade, nem na santidade.

Meu sagrado feminino é um sacramento.
Está presente em todo comportamento. 

Da cirurgia espiritual, até o meio comprimido escondido no meio duma bola de patê da wiskas.

Todo e qualquer ato eu trato como uma semente.
E planto.
Planto como diz a oração:
"Seja feita vossa vontade, assim na terra como no céu"

Vivi Ame...Viviane Mendes

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Tiraram o tapume da frente da obra.
Um hotel está sendo construído aqui na frente de casa.

Bom quando muda a paisagem...gosto de amplitude.
O tapume, pelo menos era preto.
Detesto tapume claro.
Agora eu olho e vejo...
Putz, não sei falar em metros.
Sou muito ruim de medida.
Vou tentar...
De comprimento, é quase meio quarteirão. 
De largura, acho que é do tamanho de um ônibus. 
Uma faixa de terra.
Tá na terra.
Terra vermelha....revirada.
A terra, com cor de terra, sabe?
Acho bonito, gosto de olhar.

O problema é que virei fiscal do vento.
Reparo no som do vento até de madrugada. 
Imagino a cena da terra sendo carregada pelo vento e vindo aqui.
Tem dia que vem.
Tem dia que não vem.

Gosto de tudo limpinho, arrumado, decorado e na medida do possível,  organizado.
Como se eu fosse receber visita de gente rica.
Que fosse reparar na grandiosidade da minha simplicidade.

Gente rica, repara.
Repara na casa aberta.

Me perguntam:
 - Você num tem medo?... TUDO ABERTO!?!??

Hoje, só tenho medo do vento.
...mas gosto de olhar a terra.

Vivi Ame...Viviane Mendes

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Parecia um dia comum.
Perdi a dignidade,  mas passo bem.

... lembrei que o marido pediu pra deixar bike no jeito.
Cedinho, liguei a vap.
Daí pra frente, perdi a noção do bom, do mau e do justo.
Foi um combo de ignorância, fissura e tesão .
Comecei pelos tapetes.
Fui para parede.
Afinal minha casa é piquininha.
Lavar as paredes, num custa, né?
Noraqueuvi tava tirando o pó das folhinhas do pé de limão. 
Para aproveitar garrei na mão do sapólio e fui pras janela.
Meu sapato de camurça ficou encharcado de andar e fazer barulho...parecia que tinha alguém se afogando dentro dele.
Mas...catei a tesoura.
Fui podar as plantas.
Né???
A gente num mede consequências. 
Entrou um espinho na mão. 
Que que é um peido quando a gente tá cagado?
Resolvi pintar uma cadeira.
Numa dessa, tirei a bota.
Véio tem medo de friagem  nozpé
Numa dessa como num pegar o cortador de unha, e num dar aquele trato ignorante no pé???
Como?
Me responda.
A gente tem que aproveitar que as cutículas tão mais mole que nenê em banho morno.
Segui, descalça sem noção se era deizora da manhã ou duas da tarde.
Pensei no feijão preto que tava pronto e na farinha de milho crocante que comprei ontem.
Sabia que tinha uma Heineken no jeito...
Mas...
E o aspirador de pó?
Quem chega onde cheguei precisa subir o Everest.
Fui.
E o fogão ligado...
Respirei. 
Comi segurando no cabo da panela.
De colher.
Matei a Heineken. 
Ainda sobrou força. 
Vou me matar com o aspirador de pó. 
...e passar cera na casa.
Sou dessas que num larga o osso pela metade.
Oremos.
Tenho muita vontade.
Pouca vergonha. 
Nenhum juízo. 
Que que é uma pinta pruma galinha de angola?
Lembrei que tenho bom bril.
Só paro na ora que acabar com o pacote.
Vivi Ame...Viviane Mendes 

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domingo, 8 de agosto de 2021

Adoro homens.
Homem.

Dia dos pais, é um bom dia para falar de homem.
Veja bem, detesto moleque e odeio velho babão. 
Homens, tão falhos como as mulheres.
Homens que lutam para escapar do primitivismo de ostentar um pedaço de carne como o homem das cavernas.
Bobinhos, ostentam o carro.
A fazenda, o avião...outro dia um octogenário me disse que morava numa casa de 600 metros quadrados.
Sim, é verdade.
Eu, nem sei se isso é muito ou se é pouco.
Mas...
O tamanho da idiotice eu medi pela língua,  embora ele estivesse de máscara. 

Gosto de homem vulnerável. 
Homem que geme.
Acho tão poderoso homem que geme... e que chora?
Nossa!!!
Adoro.

Homens carregam um passado onde foram egoístas e cruéis com as mulheres.
Esses homens que eu adoro são os que tem consciência disso.
E se esforçam para se transfigurar em sua masculinidade.
Eu adoro homens.
Homem silencioso, seguro e certeiro.
Homens que sabem conversar ouvindo.
Homem que ouve, é um tesouro.
Eu sei...

A perfeição não é desse mundo.

Ninguém nasce pai.
Mas todo pai, foi um filho.
Com seus erros e acertos.

Ser pai, é usar camisinha quando não se é homem suficiente. 
A responsabilidade paterna começa aí. 
Ser pai, é um caminho sem volta.
Homens são pais de seus atos.

Ter um filho, não é  ejacular numa camisinha e jogar no lixo.
Um filho precisa de presença,  precisa de comida, de estudo, de saúde e de amor.

E você,  mulher, se é casada, namorada, amasiada com um homem que tem um filho com outra, seja a mulher.
Mulher!
Eu estou falando Mulher.
Menina mimada, ciumenta é um imã para moleque.
O texto é sobre homi, taokei?

Esse papo aqui é pra gente graduada.
O encontro do sêmen com o útero cria uma vida.
Uma vida.
Igual a minha, a sua, do seu marido, do seu pai.
Uma vida.
Um filho é coisa pra gente grande.
...um filho, é irreversível. 

Num tá podendo?
Camisinha.
Olha o nome:
Preservativo.

Te preserva de ser o que você não está preparado para ser.
Um pai.

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 7 de agosto de 2021

Dia dos pais vai ser no domingo,  né?
Dia 8/8
Esse dia para mim sempre foi uma janela fechada.

Nunca me prendi ao dia, a ausência me fez economizar no presente.
Vezinquando lembro de alguma coisa.
Hoje me lembrei que aqui em Bauru, na rua Batista de Carvalho, perto do Edifício Comercial. 
Olha só....ninguém me contou, eu lembro e nem tinha 3 anos de idade.
Bem...ele fez eu pisar por cima do sapato preto dele para andar.
Eu ia andando junto feito aquelas bonecas que dançam amarradas no palhaço. 
Nunca esqueci.
Foi uma única vez.
Percebem?
Não é a repetição. 
Repetir é algoritmo. 
A experiência de um sentimento são instantes.
Sempre estive atenta a instantes.
Tudo depende da eternidade de um instante.
Eu sempre soube sobre o tempo.
O tempo que arrasta as almas pobres até a cova.
Almas pobres, aquelas que nada aprendem.
Apenas acumulam.
Acumulam matéria e perpetuam hábitos caducos.

...e o tempo que revela os instantes.

Um amigo do meu pai me contou que ele dizia que a gente deveria nascer velho e morrer jovem.
Eu, nasci velha.
Sei que é estranho...mas essa velhice que me isolou na infância,  hoje me rejuvenesce a todo instante.

Minha vida foi um muro, uma parede instagramavel.
Eu faço pose no meu passado e tiro fotografias nos instantes que ninguém testemunhou.

Dou de presente ao meu pai, minha idade de senhora com pés pequenos se equilibrando por cima do sapato preto lustroso e escorregadio.
Assim é  até hoje.
Embora eu use salto alto, sinto a vida me segurando como ele me segurava, neste dia na rua Batista de Carvalho.

Acho que isso é fé. 
Mantenho a janela dos instantes sempre aberta.
Estou dezenvelhecendo.

Vivi Ame...Viviane Mendes