Diário de bordo de uma artista:
Sou apartada de datas.
Mas tenho notado que é o período de férias.
Eu sigo o dia a dia sem data, sem horário, sem férias, sem me enquadrar no sistema.
Essa liberdade custa caro...tem momentos que o ''psicológico'' grita pelo conforto do tal ''sistema''.
O enquadramento nas normas da sociedade, a sensação de alguma segurança as vezes faz eu me sentir com vontade de ser como todo mundo.
Contar os dias para a aposentadoria.
Entregar um atestado médico para o chefe.
Assumir dividas com a segurança de que o quinto dia útil do mês vai chegar.
Entretanto, ainda não sei se a arte é meu livre arbítrio ou meu destino.
Pelo sim, pelo não, vou seguindo.
Converso com , amigos próximos, percebo o distanciamento que as pessoas tem dessa ''profissão solitária'', que se chama ARTE.
Os processos, as sinapses necessárias para concluir uma obra acontecem em silêncio no rebuliço mental do artista.
Eu começo a tela...e tem momentos que parece que eu não sei fazer.
Daí, ''do nada''...as coisas aparecem na mente com uma velocidade vertiginosa.
Este quadro esta pronto dentro de mim.
Meu trabalho agora é não decepcionar ''minha patroa''.
Tem 20 anos trabalhados dessa maneira bizarra.
Sem saber fazer, sem saber onde vai dar, sem saber se vai dar.
Sem garantia nenhuma de absolutamente NADA.
Eu me pergunto:
Será que isso é fé?
Será destino?
Será confiança cega que estou fazendo o papel para o qual fui designada?
Será que alguém vai ler isso até o final?
Independente das respostas, eu persisto, insisto e não desisto.
Viviane Mendes
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