segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Vou contar na força do ódio,  tá?
Quando é pra falar mal, eu falo.

Baixei o aplicativo da tal loja.
Toda hora aparece propaganda,  e hoje até 70%.
Enfiei uma saia xadrez, um casaquinho e fui saltitante ver o preço das rações. 

O moço entrou naquela vibe de:
" Entendo senhora"
Começou a falar no gerúndio. 
Eu:
FALA COMIGO COMO GENTE!
Eu não sou uma máquina e você também não. 
Me mostra algum produto nessa loja com o desconto anunciado!!!
Não tinha.
Nisso um bem te vi, sobrevoa nossas cabeças. 
...foi Deus impedindo meu surto.
O moço disse que o bem te vi tá comendo os peixe beta.
Eu:
E DAÍ?
...custa 20 reais cada beta  prejuízo para loja.
Eu:
Moço,  se liga!!!!!!
Preju pressa merda de loja é eu num comprar mais ração aqui.
Eu tenho um mooonnnte de bicho pra sustentar.
Dei uma exagerada.
Nisso o moço tentou me falar das ofertas

Eu:
Moço...olho no olho.
É muito peido pra pouca bosta!
...ele começou a rir.
O clima ficou mais ameno.
Falei:
VOCÊ SABE QUE EU ESTOU CERTA!!!
ELE:
...sei.

Daí o bem te vi vai lá e sai avoando com o peixe na boca.

Mas...eu e o moço já tavamos brother.
O assunto foi pra vinho.
Falei prele que o Pão de Açúcar tava numa promô imperdível. 
Catei um tinto seco italiano com 70% de desconto.
...e falei dum queijo caro.
Sabe aqueles queijos cheios de buraco?
Então,  minha amiga açougueira tava rodando o mercado com eles e tava com 50% de desconto. 
Nesse mercado sou amiga de todo mundo.
Inclusive da açougueira que, outro dia, estranhou eu comprar carne moída.
Expliquei que minha cachorra tava doente.
No dia seguinte ela perguntou como estava minha cachorra. 
Quando eu disse que ela morreu, ela chorou comigo.
Sou assim.

Ahhhh...tava falando com o moço, né?

Era isso queu tava contando.

Então...o moço me agradeceu e falou que vai lá comprar o vinho.
Falei que eu ia desinstalar a merda do aplicativo e recomendei:
Dexa o passarinho, hein!
Coitado desses pexe.
Fica aí nadando nesse aquário minúsculo. 
Bom morrer logo.
Morre alimentando o bem te vi.
...o moço ficou me olhando.
É isso.
Eu boto o pé pharua, a coisa vira um evento. 
Tô torcendo pro passarinho.

Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Eu não tinha dinheiro para comprar chiclete Ping pong de tutti fruti.
Um dia me deram, eu amei o sabor.
Quando me davam era um evento.
Era docinho, parecia feito por anjos para amenizar meu medo de desamparo.

Até que um dia...
Um dia uma tia pediu para eu falar uma palavra que eu não gostava
A palavra era vovó. 
Ela queria que eu chamasse minha avó de vovó. 
Eu chamava minha vó de Tatinha.
Não fazia sentido para mim, chamar minha avó de outra maneira.

Me fez a proposta:
"Fala vovó que eu te dou uma caixa inteira fechada de chiclete Ping Ping de Tutti fruti."
Eu não tive nem um segundo de dúvida.
-Não. 
..não falo.
 (deveria ter uns 3 anos.)
Neste dia defini minhas regras com o mundo.

Eu não quero banalizar as palavras.
Ficar repetindo padrão de vocabulário. 
Atitudes florescem quando existe verdade, espontaneidade e liberdade.
Mostrar muito o corpo o torna banal.
Cansa o expectador.
Ostentar muito o copo banaliza a bebida.
A propaganda de si e dos outros banaliza a credibilidade. 
Eu não quero banalizar a vida.
Cair na cilada " link da bio".
Sabe, existe uma verdade pura e inocente no desinteresse.
Quando a gente começa a usar rede social  com o único e exclusivo objetivo para obter lucros, a estrada se torna um rio.
Todo ato vira um anzol.
E, a vitória é achar que o outro mordeu a chumbada.
Detesto pescaria.
Não vejo nenhum mérito em ludibriar o peixe.

Moral da história:
Uma caixa inteira de chiclete, banaliza o mascar.

Para minha avó não era importante eu falar "vovó."
Para mim e para ela, Tatinha bastava.
Era um código de amor entre nós. 
Vovó era para as " outras" netas.
A Tia queria banalizar meu sentimento. 

Eu, sou a mesma criança. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Eu estou respirando fundo desde ontem.

Até fiz uns prints de algumas publicações...
Iria excluir o nome e postar.
Mas sinto incômodo em sujar meu espaço. 
Sabe, é como se eu estivesse convidando essas pessoas para entrarem na minha casa.
De máscara, escondendo o rosto.
E, eu não não abro a porta para qualquer um.
Tem gente que acha certo o que aconteceu.
Escrevem sobre ação e reação .
Dizem que ele não era uma boa pessoa.
Argumentam que racismo, é coisa da mídia. 
Pensei bem.
Leio os comentários...todos.
Tenho interesse no pensamento alheio.
Saber sobre a vida e sobre a complexidade humana me faz ter noção de quem de fato somos, na condição de raça humana.
Manter o prumo da mente individual diante desse tormento coletivo é um abismo.
Essas posturas encontram eco em outras pessoas e  assim, negando o racismo e desqualificando a vítima,  
seguem seu caminho sem peso na consciência. 
Pois, sempre vai ter um disposto a matar um negro.
São almas que agem no escuro.
Talvez não tenham a coragem de matar com as próprias mãos. 
Usam as palavras para validar e encorajar  assassinos covardes.
Todo crime sem chance de defesa, é covardia.

E com covardes, tudo fica inegociável. 

O que incide sobre o prisma da humanidade, é  luz e coragem.
Nosso caminho, é nosso destino.
Onde houver covardes, haverá escravidão. 
E a pior escravidão que existe é  o sentimento de superioridade.
Não tem como abolir e tirar algemas de um covarde.
Ele mesmo, não sabe de sua condição. 

Na covardia, age.
Na covardia, repousa.

Vivi Ame....Viviane Mendes

sábado, 13 de novembro de 2021

Essa é minha janela.
Fiz essa trapezista faz tempo.
Resolvi restaurar e dependurar.
Pensando aqui....a realidade realmente se impõe. 
Um acerto de contas.
Revisão de condutas, sempre. 
 Tenho meus processos....
Processos que nunca foram arquivados e que nunca irão preescrever. 
Até que eu renasça numa nova pessoa, sem carregar documento antigo que já nem me identifica mais.
Esse ajuste de débito e crédito existencial ....
Não sei se um dia iremos sanar nossos contratos. 
Me pego pensando nos sentimentos...
Na janela, minha trapezista balança em silêncio entre fitas coloridas. 
Lá fora a realidade se impõe.
Mas aqui dentro, eu sonho.
Um sonho acordado, onde a arte me acorda.
Vivi Ame...Viviane Mendes

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Nem ia falar nada.
Só vou dizer porque tem aí uma meia dúzia de sem noção que pede para eu escrever.

Passei mal de tanto trabalhar. 
Se você for me ouvir, puxa a cadeira.

Seguinte, eu me acho muito melhor no face do que no insta.
O face é tipo casa da melhor amiga.
A gente tem liberdade até pra abrir a geladeira. 
O instagram tem que tá de banho tomado, sapato de salto, unha feita.
Eu acho o face meio brega...
Acho mais verdadeiro, apesar do brega.

O insta é mais chiquetoso.
Tem coisas que para contar, dasveiz, eu num tenho nem blusinha pra orna com a paisagem.
Mas, tipo assim, explicando, é que a gente falar da vida da gente, é brega.

Chic é postar uma foto de lacrar e algumas ###
Eu sou simplona.
Não confunda com besta.

Adoro coisa boa, gente competente, comida bem feita.
Tenho paladar apurado.
...e muito, muito discernimento. 
Uma modéstia meio falsa e um pouco de coragem.

Mas... faz de conta que você é minha melhor amiga, segue o desabafo:

Ontem, ventou.
Vento, ventania aqui em Bauru.
Eu num tava em casa.
O chão que estava encerado ficou cheio de areia.
E de pensar que eu tava cheia do orgulho porque comprei uma cera importada....
Valha- me todas as entidades.
De exu a ao caboclo 7 flexas, com pomba gira da saia rodada, e todos santos do catolicismo,  mano do céu,  quequetácontecendo com Iansã?

Agora venta areia e terra da obra que tem do outro lado da rua.
Beleza.
...Mai venta toda hora!!!
Eu que ando descalça em casa, parecia casa de beira mar quando venta. 
Eu já tive medo de tanta coisa.
Nossa!

Deixa quieto meusmedo.

Mas agora estou com medo de tempestade de areia.
O tal do hotel que tão construindo aqui na frente, tá com uma faixa enoooorme de terra e areia.
A obra, deve tá com 5 pedreiro.
Leeeeenta.
Ventou, phááá....acaba com a vida da Viviane. 
Hoje eu limpei, lavei tudo.
Por onde eu passava a mão tinha terra, poeira, sujeira. 
...e a terra vai ficar lá.
Sabe Javé até  quando.

Olha...como dizem ozirmão é pra glorificar a vassoura, o pano de chão e o rodinho.
Água na torneira é benção. 

Bem, duas constatações. 
A primeira, é que eu rompi o ciclo.
Sabe aquele papo de minha avó trabalhava, minha mãe trabalhava e a gente se dá valor quando se mata de trabalhar?
ACABOU.
Eu tô é achando dezumano morrer de trabalhar.
CANSEI.
CANSEI.
CANSEI.
Acho um pensamento tóxico pensar que o trabalho agrega valor a existência. 

Será que o Universo vai me ouvir?
Sei lá...
Mas a turma da vibração "nova era" que adora rechear o bolo com essa positividade tóxica, afirma que sim.
A bem da verdade, dentro do meu sincerocidio, eu prefiro a poeira que essa gente do "mentaliza seus desejos."
Sou muito pé no chão, sabe?

A segunda constatação:
Outro dia eu comprei uma pomada que tava escrito VENENO DE COBRA.
...tava baratinho, comprei sem precisar e sem saber pra quê ela serve.
Passei nozpé e nazperna, aliviou o cansaço. 
Alívio.
Palavra linda.

Alívio. 
Será que tem gente com esse nome?
...olha, você que tá grávida de menino, que tal o moleque se chamar Alívio?
...no fim, é só disso que a gente precisa.

Alívio de conversar com uma melhor amiga.
Se você teve tempo pra ler, obrigada.
Era isso que eu tava precisando. 

Vivi Ame...Viviane Mendes

sábado, 6 de novembro de 2021

Os acidentes por imprudência acontecem.
Os acidentes por negligência acontecem.
Os acidentes por imperícia acontecem. 
Acontece.
Acidentes com vítimas fatais.
Acidentes com perdas e danos.
Acidentes que nos marcam com cicatrizes visíveis ou invisíveis.
Acidentes com culpa.
Acidentes sem culpa.
Pelo destino.
Ou pelo desatino.
A pé,  de carro, de avião,  de trem, de balão ou em casa.
Acidente é um segundo.
De bobeira, de distração,  de sono, de bebida ou de coragem.

Eu, sempre soube disso.

Escutava falar que meu pai morreu de acidente.
Por essas e outras, rezava para minha mãe não morrer de acidente.
Morreu de doença. 
Das fatalidades da vida, dos enganos, do poste no meio do caminho, do auto abandono, a vida pode ser um lento suicídio. 
Imperceptível.

Aos dias, cabe o cuidado.
Ao outro, cabe o respeito. 
A vida, cabe o amor.
A atenção é feita desses ingredientes. 

Acidentes, destroem uma carreira.
Determinam o destino dos filhos.
São uma sentença de dor eterna no coração dos pais.

Não vou dizer, dirija com cuidado.
Só  digo:
AME COM CUIDADO.

O resto vem daí. 
Vivi Ame...Viviane Mendes

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Aguentei firme até as duas da tarde.
Olhei para o dedo, pensei:
Quebrou.
Uma dor de mancar e ver estrelas.
Mal conseguia apoiar no chão. 
Hoje ao acordar, meio cambaleante dei de topo com o dedão do pé numa quina.

Fiz drama até a página 30.

Tentei levar a vida.
Num deu.
Daí pra diante aquela novela, né?
Putz, pagar a Unimed. 
Marcar consulta.
Raio X.
..e aquele sentimento de coitadismo que a gente sente ao ir dirigindo o carro com vontade de chorar de dor.

Não chorei.
Num quebrou.
Perguntei 3 vezes pro médico:
Não quebrou MESMO???
O ortopedista disse que não. 

Numa dessa, eu achei que meu problema era ir na manicure para desencravar o cantinho da unha do pé direito.
Cêvê, né?
A unha do pé esquerdo tomou conta do meu dia inteiro.
Uma batida num canto.
Tipo, acidente doméstico. 
Nada grave.
Mas dolorido, doído,  ído, ído...

Em clínica de ortopedista prá pensar na vida, é juntar o véio com a muleta. 
Eu olhava pras senhorinhas frágeis com vestido florido empurrando o andador e o filho meio sem paciência. 
Reparei num casal, que pela conversa com a secretária pude imaginar que o caso era grave.
Reparei na mulher que meio acima do peso marcou a cirurgia, e tava com a unha do pé pintada de esmalte cintilante.
Tinha uma senhora com gesso num braço e gesso na outra mão. 
Será que caiu?
Olha, eu sei que eu me vi em todo mundo que tava ali.
A gente envelhece,  fato.
Acidentes acontecem.
A dor deprime.
Osso quebrado é limitante.
A gente tem que se cuidar.
Usar sapato anti derrapante.
Cuidar do peso para não sobrecarregar as articulações. 

Olha, eu estou bem.
Dói?
...dói.
Esqueci do tal cantinho da unha do pé direito.
Tive vontade de perguntar as dores dos outros.
Pensei na minha velhice vendo as senhoras com os braço flácidos empurrando o andador.
A solidariedade bateu.

Só num concordo com esmalte cintilante.
...coisa minha.
Meu dedo, acho que passou desapercebido. 
Parecia um cadáver em decomposição. 
Inchado.
Meio roxo.
E verde.
Verde nos cantos, verde parecendo bolor na pele.
Um horror. 
Num vou postar foto porque vocês num merecem ver isso.
Eu taquei um finalzinho duma tintura de arnica super concentrada que eu tinha aqui.
Esverdeou o dedo.
A mulher do esmalte cintilante, deve estar falando para alguém:
"... dedo do pé dela tava podre, como pode alguém demorar tanto para ir ao médico!!!"

Pois é a gente é desse jeito.
O dedo verde repara no dedo cintilante. 
Vida que segue.
Vivi Ame. ..Viviane Mendes