terça-feira, 26 de novembro de 2019
Meu avô materno bebia e tinha amante.E minha avó trabalhava.E...se orgulhava de trabalhar.Trabalhava feito condenada, e não se permitia prazeres.Fazia sabão em pedra e dizia que azmulheres eram umas folgadas...que tinham inventado o sabão em pó e essas biscates tinham preguiça de esfregar o sabão na roupa.Cresci ouvindo isso.Minha mãe dava 40 aulas por semana.Dava aula em Itapuí e em Duartina de noite....eu criança, ficava rezando para ela não morrer de acidente de carro.( era meu modelo, meu pai morreu assim)Cresci.E ia visitar minha mãe...ela se orgulhava de me contar que tinha esfregado o rejunte do banheiro com uma escova de dente velha.Eu, tonta e besta, repeti por muitos anos esse modelo.Só tem valor quem se mata de trabalhar.Num me permito dar uma deitada no meio da tarde, nem tando doente.Acreditem, até hoje eu me questiono se ''dei certo na vida''.Como pode uma pessoa viver sem horário?...sem chefe?...sem holerite e sem bater cartão?Sair fora do modelo, tem consequências.Extirpar do DNA a culpa católica é trabalho para Hércules, aquele meio homem, meio Deus.Remodelar nossas crenças não é tarefa fácil.Eu num vim pro mundo pra brincar em serviço.Segunda Feira:Abri um Prosecco, fiz meu Aperol spritz, tomei sol, botei um som na vitrola, passei óleo de coco no corpo.Agradeci meu corpo, perfeito em suas funções.Imperfeito para padrões estéticos.Entrei na minha piscininha de plástico de 128 reais e mentalizei que eu não vou repetir o padrão de meus antepassados.Isso é um decreto....poderia ser secreto.Mas... sou de papo reto. A foto?...deu merda.-Cêis acham que eu consigo equilibrar uma taça com os pés?Caiu tudo na água.Lasquei-me.Mas sou sereia, mergulhei.Viviane Mendes
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