Quase meia noite.
...meu plano era levar um presente para meu irmão que fez aniversário dia 9.
A visita que nos meus planos era um copo de água e meia hora se transformaram em 2 garrafas de vinho.
E uma infância desarquivada.
Reviramos o baú das lembranças.
E das histórias que minha avó Dona Inês contava.
Lembramos do imenso casarão e do medo de assombração.
A casa foi construída por um padre na década de 30.
O padre desencarnado deve estar por lá, até hoje
Eu num durmo naquela casa nem morta.
Casa linda.
Lindíssima.
Piso hidráulico e uma escada caracol de madeira.
Cinematográfica.
Mas a gente escutava barulho dos morcegos descendo a escada.
Tinha janelas imensas...e ventos uivantes.
Tinha poço.
Tinha pescoço de galinha na sopa.
Tinha uma vida que ia da pamonha para o medo de subir a escada sozinha.
A memória é uma clausura.
Nos prende pela saudade.
Lembramos que minha avó contava que um dia pegou uma cobra coral na mão achando que era a fita colorida que tinha caído do cabelo dela.
Minha cunhada, nessa altura e assombrada com as histórias estava com o olho arregalado e solta:
- Nossa! ...sua vó era roots, heinnnn.
Pronto.
Voltei para o presente.
O passado é uma janela igual desse enorme casarão.
Janela alta e grande.
Do banheiro eu via o Paranapanema.
Do quarto eu via uma casa de esquina abandonada e cheia de fantasma.
Hoje da janela do presente eu vejo um passado que deve ficar bem amarrado como o saquinho de pamonha que minha avó fazia.
A vida no passado é inexistente.
...como os fantasmas que existiam na minha mente.
A vida é para frente.
Mas minha avó era roots.
Nenhum comentário:
Postar um comentário