domingo, 22 de maio de 2022

Carrego o peso de ser a filha mais velha.

Eu e todos que vieram primeiro.
A gente foi vítima e herói ao mesmo tempo.
Fomos vítima da inexperiência de nossos pais.
Fomos heróis porque preparamos o terreno para os irmãos. 
Nós,  os filhos mais velhos assistimos brigas, sofrimentos e somos a única testemunha viva do passado desde que duas pessoas resolveram juntar as escovas de dente.

Não nos subestime!
Muitas vezes calamos para preservar a inocência dos pintinhos amarelinhos.
Apesar do peso do nosso passado, somos feito uma galinha velha que abre a asa para proteger os irmãos. 
Nós, os mais velhos, temos a chave do imbróglio familiar no qual vivemos.

Nos acostumamos a calar.
Não por mérito, mas por solidão.

Entretanto temos o dom da anunciação. 
Carregamos o canto do galo, eternamente.
É só a gente abrir a boca...e o resto baixa a crista.

Ser o filho mais velho é ser um eremita.
Assistimos o inventário da nossa existência com firma reconhecida no cartório. 
Nossa certidão de nascimento, velha, ainda não digitalizada  é uma prova incontestável, daquelas que até o juízo final nos absolve.

Acreditem, nossos pais desabafaram com nós. 
Preservaram os mais novos.
Nós, os mais velhos sabemos de coisas que pesam mais do que nosso RG.

Carregamos o peso das sombras!
Vivi Ame...Viviane Mendes

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