quinta-feira, 26 de maio de 2022

Ralei o parmesão sentada.
...fiz um spaguethinho bem fininho.
Tinha um molho maravilhoso que eu fiz com tomate beeem vermelho.
Cansada até pra ficar de pé...mas ralar sentada num presta, a gente num tem força. 
Mai foi sem força mesmo.

Deixei bem  "al dente".
Uma taça de tinto.
Taquei tabasco.
Bati um prato fundo.
Parecia que minha vó que tinha feito pra mim.
Glória Deus!

Muito de vezinquando, me trato feito visita.
Faço azcoisa cheia das terceira intenção...
Faço pra me agradar.
Só faltou eu me chamar:
-Vem que tá na mesa!

Gosto de fazer de conta que eu não sou eu.
Fingi que num fui eu que limpei a casa.
Dei pão de fermentação natural pra Tchutchuca. 
No chão,  virou aquele monte de migalha esparramada pra tudo lado.
A Lisinha, a gata resolveu brincar com os farelos,  virou uma anarquia.
Mas como eu não sou eu, faço quiném aquelas que deixa o serviço pra empregada.

Eu, eu mesma teria comido menos macarrão. 
Teria feito sopa de legumes.
Pensaria na equação calorias/ nutrientes.
Seria mais um dia como todos.
Mas dei folga para mim.

Até eu preciso descansar de meus domínios. 
É chato todo dia a gente sustentar nossos hábitos e costumes.

Eu, eu mesma teria ficado de pé para ralar o parmesão. 
Ainda iria lavar o ralo.
Mas como fui visita, me dei ao luxo de fazer sentada.
E visita, na minha casa, num lava louça. 

Me lembrei duma cantina bem cantina italiana, e o garçon ralava o queijo na hora em cima do prato.
Eu, esganada pedia para ele ralar mais.
...e mais um pouquinho. 
A questão é que eu fiz de conta que a  minha cozinha era a cantina.
...taquei parmesão. 
Fiz de conta que nem era eu que tinha comprado. 
Esbanjei.
Afinal dinheiro dozoto é capim.

Eu sou toda comprometida com a logística das idas ao mercado e com a higienização do ambiente.

Mas hoje, sou aquela funcionária safada que deixa pão no chão pras barata comê que elas também são fiadedeus.

Amanhã quem sabe, eu apareço na minha vida.
Vivi Ame...Viviane Mendes

domingo, 22 de maio de 2022

Carrego o peso de ser a filha mais velha.

Eu e todos que vieram primeiro.
A gente foi vítima e herói ao mesmo tempo.
Fomos vítima da inexperiência de nossos pais.
Fomos heróis porque preparamos o terreno para os irmãos. 
Nós,  os filhos mais velhos assistimos brigas, sofrimentos e somos a única testemunha viva do passado desde que duas pessoas resolveram juntar as escovas de dente.

Não nos subestime!
Muitas vezes calamos para preservar a inocência dos pintinhos amarelinhos.
Apesar do peso do nosso passado, somos feito uma galinha velha que abre a asa para proteger os irmãos. 
Nós, os mais velhos, temos a chave do imbróglio familiar no qual vivemos.

Nos acostumamos a calar.
Não por mérito, mas por solidão.

Entretanto temos o dom da anunciação. 
Carregamos o canto do galo, eternamente.
É só a gente abrir a boca...e o resto baixa a crista.

Ser o filho mais velho é ser um eremita.
Assistimos o inventário da nossa existência com firma reconhecida no cartório. 
Nossa certidão de nascimento, velha, ainda não digitalizada  é uma prova incontestável, daquelas que até o juízo final nos absolve.

Acreditem, nossos pais desabafaram com nós. 
Preservaram os mais novos.
Nós, os mais velhos sabemos de coisas que pesam mais do que nosso RG.

Carregamos o peso das sombras!
Vivi Ame...Viviane Mendes

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Deve ser muito bom encher o pulmão de ar e dizer com um enorme ponto de exclamação no final a frase:

-Eu não preciso de você!

Nunca tive essa coragem.
Não consigo nem imaginar como deve ser.
Frase forte, toda emponderada.

Eu não tenho alvará para tanto poder.

Eu preciso.
Preciso emocionalmente.
Preciso mentalmente.
Preciso afetivamente.
Preciso financeiramente. 

Para ter esse tom, eu precisaria nascer novamente.
O que eu sou não chega aos pés dessa proclamação de liberdade.
E... logo eu que busco a liberdade em cada ato, em cada palavra, percebo que precisar é uma prisão. 

Não posso usar essa medida para ser a fita métrica do sucesso na vida.
Obviamente eu concluiria que, até aqui, minha vida foi um fracasso por precisar. 

Vivo presa no precisar.
...desde que eu nasci.

Vivi Ame...Viviane Mendes