E se eu te dissesse que sou mulher de feitiço?
...daquelas que nem o Diabo quer arrumar enguiço?
Converso com a pimenta malagueta...e nem faço rima com buceta.
Faço oração no pé de limão.
Sou de fogo brando na panela de barro...
Sou capaz, acreditem, de louvar o chuchu.
Fatio a batata, com calma.
A batata é deveras, sensata.
Não se indispõe com ninguém.
Veja se tem cabimento, o repolho roxo, tem inveja da couve.
Mas, eu sou mulher conselheira, explico que o violeta é o raio da transmutação.
Olha que perigo meu coração:
Quero saber se as galinhas que botam esses ovos, se vivem livres e se são felizes.
No extra virgem do azeite, meu deleite.
As ervas de Marseille, acordam minha saudade da França.
Antes que eu me esqueça:
Sou mulher que cozinha com trança no cabelo.
E, pior, com gato na janela!
Sabe, esse tipo, de mulher vagabunda, que usa o paninho de pia cor de rosa, como toalha para taça de cerveja?
Sou eu.
De filtro de barro e colher de pau.
Que na pia bagunçada, me encontro.
Sem música tocando.
No silêncio absoluto.
Só o borbulhar da panela e do meu coração...como um som de violão.
Escapa pela porta o aroma do manjericão...
E, nessa oração, Deus se faz presente.
O Diabo, que vive ao lado, me manda recado:
Moça, desisto de você!!!
Por mais que eu procure, não encontro lugar para me instalar.
Mas...eu amo até o Diabo.
E, apesar de hoje não ter quiabo, eu lhe sirvo um prato:
Meu tempero é quente e picante.
Minha alma é serena.
Escolhe.
Vê o que você faz com isso, meu amigo.
Eu não tenho inimigo.
Renda-se.
...como eu me rendi.
Eu até choro lendo o que eu escrevi.
Mas, sobretudo, sou grata pelo que aprendi.
Vivi Ame...Viviane Mendes
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