Então...sim é uma caveira.
Sobre a morte:
Em dia de enterro...até que a morte nos reúna.
Queria estar aí.
Te consolar, ouvir as histórias, chorar junto...
Ver os seus parentes chegando.
Queria estar aí para reparar na roupa das pessoas...
Tomar o café da sua mãe.
Prosear com ozotro.
Eu ia arrumar a cozinha, para adiantar sua vida, faria bolinho de chuva, faria até um bolo.
Tem hora, nessas horas que a fome bate.
Queria reparar na turma...quem é gordo, quem é magro, sempre tem um cafona, um chato, um espiritualizado.
E se o defunto não estivesse em ordem, eu ajeitaria o batom, as flores, se a boca estivesse entreaberta, eu retocaria...com super-bonder, ajeitaria se a peruca estivesse torta.
Da minha mãe estava, eu não ''ajeitei''.
Queria fazer uma oração no pé do ouvido do defunto.
Ia contar que a morte não existe...
Mas...estou aqui.
Presa dentro de casa, em comunhão com a chuva.
No auge do meu egoísmo...tenho a pachorra de escrever...
A dor te consome...e eu sou consumida pela poesia.
No meu destempero, queria te ajudar, rezo para o tempo passar.
Pinto um quadro ...
E digo para você que tudo vai passar.
E vai chegar um dia de alegria.
Quem sabe num dia frio e chuvoso como este, você vai estar tomando um vinho tinto.
Celebração é ir além da fronteira de nosso cotidiano.
Um tributo a vida.
A liturgia...do amor e da arte.
Palavras de uma artista que conhece detalhadamente a dor da perda.
Creia...ela passa.
Obs. Na hora de abrir o túmulo eu nem ia ligar para as baratas...eu não sou de mixarias...eu ia olhar para o céu a procura dos anjos.
Viviane Mendes
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