segunda-feira, 11 de julho de 2022

Fiz a unha.
(se tratando de mim, um evento)

Desembaracei o cabelo e passei lanolina.
Comi couve, brócolis, rúcula, pepino, melão e atemoia.

Salpiquei um monte de gergelim preto pra fortalecer o rim.
Rim é o celeiro da vida.
É ele que manda prender e manda soltar.

Quero poder cuidar de todos que vivem comigo.
Inclusive eu.

A saúde mental, essa eu faço manutenção no meu quintal. 
...vendo minha roupa secando no varal e sentindo o cheiro da comida queimando no fogão. 

Meu gato me chamando no telhado.
Cachorro no meu pé 
Meu marido me esperando na cama.
Eu esperando que eles me esperem, sempre!
E eu com amor, servindo sempre.

Não me importa as novidades.
Quero o silêncio.

Quero andar a moda antiga.
Fazer minha própria comida.
Reclamar da dor da coluna.
Olhar no espelho e descobrir uma ruga, e falar para mim mesma que ainda dá tempo de acudir.
Como mãe dizendo para o filho que na volta a gente compra.

 Mesmo sabendo que não tem volta.
Quero ter acesso a ilusão.

Quero tempo de olhar para o céu. 
...e por nome no tom de azul.
Azul fitalocinina.
Azul turquesa. 
Azul anil.
Azul ceruleo.
Azul cobalto.

O céu não envelhece.
As cores também não. 
O que tem importância é o que nos surpreende. 
Hoje, descobri uma nova cor:
Lágrima de Vênus. 
É a cor do esmalte que pintei a unha. 
Vênus também chora.

Peço licença aos anos.
Não quero ser refém da vaidade.

O que quero é lucidez.
Senso do ridículo. 
E um pouco de vergonha na cara.

Vivi Ame...Viviane Mendes